A evolução do processo de Transformação Digital em que toda a parte da indústria veio capitaneando passou por fases com toda uma mecanização das atividades braçais e depois pela automação orientada a processos e mais recentemente com a otimização dos negócios com a melhoria dos serviços prestados.
“Essa é uma visão evolutiva que visa o uso da informação para potencializar os serviços prestados. E isso vem ocorrendo também na área de saúde. Essa é uma realidade assim como a indústria 4.0, a revolução com novas tecnologias e novos processos”, diz Max Rabello, especialista em Governança de Dados da MD2, que falou sobre privacidade de dados e práticas para operadoras de saúde, na 13 edição do Fórum Saúde Digital.
Segundo o especialista , a tríade de pessoas, processos e tecnologia, traz muitos benefícios, avanços no sistema produtivo, otimização da execução das tarefas e em muitos casos a redução de custos.
“Mas tornar acessível a digitalização dos dados clínicos e tornar acessível este volume imenso de informação que apoiam melhores decisões, inclusive em tratamentos médicos, passa também por um melhor relacionamento entre médicos e pacientes”, disse. “Vemos neste contexto que até o acesso às próprias informações clínicas podem interferir ou influenciar nas decisões futuras do indivíduo, não é questão da melhor prática médica, mas o tratamento quanto ao tratamento que é dado aos dados pessoais e acesso às informações médicas do paciente. Neste aspecto a LGPD tem tido toda uma finalidade estabelecida por bases legais”, lembrou o executivo.
Ele lembra que entre a camada de processos e a camada de dados estão outras informações pertinentes às áreas administrativas ou de colaboradores e que pertencem a empresa. “A formalização de processos permite alcançar vários benefícios como adequação à legislação, melhoria operacional, mas temos que olhar atentamente para áreas como o RH, segurança da informação e todo o processo de governança de dados que são parte da rotina de trabalho e as empresas precisam delas para existir”, alertou.
“Precisamos nos ater a segurança dos dados pelos padrões internacionais estabelecidos pelas entidades ligadas ao tema e passar a trabalhar orientados a atuar da forma correta, mesmo sem grandes investimentos em tecnologias já que a maioria das empresas no mercado global em qualquer área atua nestes padrões”, reforça ” Isso melhora a eficiência operacional e cria a condição de visualiza-se enquanto empresa, porém com um foco na questão da qualidade de dados, na prevenção de fraudes, na eliminação de documentos com erros e até na forma de organizar os milhares de dados espalhados por vários ecossistemas”.
Como apontou Max Rabello, no cerne da discussão está otimização orientada a processos, a formalização e no quanto isso ajuda a entender as etapas e o quanto isso ajuda nos fluxos de decisão.
“Neste momento todas as empresas precisam se adequar a regulamentação, o tratamento, a métrica e indicadores de performance das empresas e todos os tipos de dados diante da governança bem estruturada ajudam no autoconhecimento da companhia e na sua melhoria contínua. As ferramentas podem ajudar nesse desenvolvimento, mas os benefícios são para toda organização”, disse.
Raquel Oliveira, especialista em Recursos Humanos e Gestão na Área da Saúde da Rheserva, observou que junto com a mudança tecnológica estão as pessoas diante de tantas transformações.
Como ela argumentou , o processo de transformação só acontece quando as pessoas são consideradas na equação. “Não se olha para a evolução comportamental das pessoas e pautas como a diversidade e a diferença geracional e cultural como elementos da transformação. No cenário da saúde observo um gap entre o que se quer fazer e o que se tem, porque as pessoas devem ser inseridas de forma prudente dentro do sistema”, disse a executiva.
Como exemplificou, para se preencher este gap precisa-se ter um processo bem desenhado, bem desenvolvido e bem instruído que pode ser atingindo gradualmente para que as mudanças sejam perceptíveis e integradas à rotina das organizações como fontes de sucesso.
“A governança dos dados instruídos pelas melhores práticas traz resultados positivos para o negócio. Mas para além disso, quando se adota uma política de dados, de segurança das informações e a melhoria contínua se torna realidade.”, salientou a executiva.
“No campo da saúde o que mais se quer evitar são os eventos adversos que podem ocorrer em função da falta de adequação e qualidade da informação. Sabemos que a gestão do desperdício, um mote importante na área da saúde, o evento adverso causa danos à imagem e também a sustentabilidade do negócio . Na prática, a falta da integração da informação ou sua correção ao chegar aos gestores pode levar a tomadas de decisão incorretas ou imprecisas. A tomada de decisão administrativa e assistencial depende do dado correto e preciso, a sua aderência à lei, ou qualquer outra interação que os dados possam ter com a empresa e com as pessoas dependem da governança de dados”, concluiu.