O CONAHP 2024 se destacou mais uma vez como um dos eventos essenciais para a compreensão das novas direções do setor de saúde. Com discussões centradas no futuro do atendimento e do cuidado, o evento colocou em foco as tecnologias mais avançadas que já estão sendo implementadas para melhorar o sistema de saúde brasileiro – com ênfase na inteligência artificial (IA) e na interoperabilidade. O impacto dessas inovações, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar, foi um dos temas mais debatidos pelos especialistas presentes.
Um dos momentos de maior relevância do CONAHP foi a palestra “Saúde Suplementar: Desafios da inovação do setor e transformação digital”, que contou com a participação de nomes como Ana Estela Haddad, Paulo Nigro e Denise Santos. Os palestrantes abordaram o caso da Cleveland Clinic, que evidenciou a importância da conexão de dados entre diferentes unidades e sistemas de saúde. Essa análise reforçou a necessidade premente de compartilhar informações de saúde, um dos desafios mais significativos para a melhoria do atendimento ao paciente no Brasil e no mundo.
Durante a apresentação, Paulo Nigro, ex-CEO do Hospital Sírio-Libanês, levantou uma questão pertinente: “As pessoas têm suas informações de saúde ao alcance da mão? Têm acesso ao seu histórico clínico digital?” Essa provocação suscitou o debate sobre as dificuldades enfrentadas na saúde suplementar, onde os pacientes não conseguem visualizar ou gerenciar de forma eficiente seus dados ao longo da jornada do cuidado.
A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, complementou a discussão questionando o público sobre o uso do Meu SUS Digital, ferramenta do governo que permite aos cidadãos acessarem suas informações clínicas. Ela destacou que, apesar de vacinas, medicamentos e procedimentos já estarem disponíveis no sistema, ainda falta uma integração mais abrangente entre os dados da saúde pública e da saúde suplementar. “A ideia é que todos tenham um histórico clínico completo por meio do Meu SUS Digital, mas ainda precisamos avançar na interoperabilidade para incluir dados da saúde suplementar”, afirmou.
No Brasil, já se adota o International Patient Summary (IPS), um padrão global que permite o compartilhamento de dados de saúde entre países de forma segura e eficiente. Esse modelo facilita que os pacientes possam acessar e compartilhar seus dados clínicos em outras regiões do mundo, garantindo continuidade no atendimento, seja em território nacional ou internacional. A integração de sistemas de saúde, com base no IPS, está em constante evolução, inserindo o país no cenário global de interoperabilidade e cuidado médico conectado.
A palestra destacou, ainda, o papel crucial da cooperação entre empresas privadas e órgãos governamentais, como o Ministério da Saúde e a Secretaria de Transformação Digital. O fortalecimento desse ambiente colaborativo é fundamental para promover o avanço no uso de tecnologias como a inteligência artificial e a interoperabilidade, que têm o potencial de transformar a saúde no Brasil e no mundo.
Como ressaltou Ana Estela Haddad, “estamos vivendo o momento ideal para aproveitarmos as oportunidades de inovação na saúde”. O CONAHP 2024, com sua atmosfera provocativa e inspiradora, reafirmou a mensagem de que a transformação digital não é apenas necessária, é inevitável, e cabe às lideranças do setor estarem à frente dessas mudanças, conduzindo a um sistema de saúde de mais qualidade, sustentável e equitativo.
Teresa Sacchetta, Diretora de Saúde na InterSystems.