IA deve transformar radicalmente os serviços públicos do Brasil, diz especialista

O investimento do governo brasileiro em Inteligência Artificial (IA), por meio do programa “IA para o Bem de Todos”, deve gerar impactos transformadores para a população, em termos de inovação e qualidade. Essa é a avaliação de Wagner Andrade, CEO da dataRain, uma das mais relevantes parceiras da AWS na América Latina. Com um orçamento de R$ 23 bilhões para os próximos quatro anos, a iniciativa visa não apenas alavancar a infraestrutura tecnológica do país, mas também promover avanços em áreas essenciais como saúde, educação, meio ambiente e gestão pública.

Andrade destaca a importância desse plano como um passo importante para o Brasil se posicionar no cenário global de IA. “Embora o investimento pareça modesto, quando comparado aos gastos de potências como Estados Unidos e China, ele é equivalente ou até superior ao que países europeus de ponta estão destinando para IA”, afirma. Ele ressalta que o projeto foi resultado de um processo de ampla discussão, que envolveu mais de 117 instituições, garantindo que as ações estejam alinhadas com as necessidades reais do país.

Segundo o especialista em tecnologia, um dos grandes méritos do programa é a estrutura organizada em cinco eixos principais, com um foco inicial em ações de impacto imediato que receberão R$ 435 milhões. “O Brasil está caminhando para integrar a IA em setores cruciais como saúde e educação. São ações que têm o potencial de transformar radicalmente a maneira como os serviços públicos são prestados, trazendo benefícios tangíveis para os cidadãos”, explica.

Na área da saúde, por exemplo, o uso de IA já se mostra promissor com iniciativas como a personalização dos cuidados e a utilização de big data para o tratamento do câncer. “Estamos vendo um avanço impressionante na medicina preventiva e no diagnóstico precoce de doenças, o que pode salvar inúmeras vidas. A IA está permitindo que as decisões médicas sejam mais informadas e precisas, o que é essencial para um país com um sistema de saúde tão complexo como o nosso”, argumenta.

No campo da educação, a IA será utilizada para monitorar o aprendizado dos estudantes, identificar dificuldades e adaptar o conteúdo educacional às necessidades individuais de cada aluno. “Essas ferramentas podem revolucionar o ensino no Brasil, especialmente em regiões onde os recursos são escassos. O programa prevê, por exemplo, a implementação de sistemas de tutoria inteligente em matemática, que poderão melhorar significativamente o desempenho dos alunos”.

Apesar dos avanços promissores, Andrade alerta que o Brasil ainda enfrenta desafios consideráveis, como o alto índice de analfabetismo funcional e as deficiências na educação básica e no ensino médio. “Estamos em um momento histórico disruptivo e o país precisa vencer essas barreiras para se tornar competitivo na era da informação”, afirma.

Segundo ele, embora possua ilhas de excelência, a desigualdade econômica e educacional ainda impede que o Brasil esteja plenamente preparado para a revolução da IA. Por isso, conclui com uma visão otimista, mas realista: “A revolução da IA trará muitas surpresas e desafios nos próximos anos. O Brasil, com as medidas certas, tem a oportunidade de transformar essas mudanças em um motor de progresso social e econômico. Porém, é crucial que continuemos a investir em educação e infraestrutura para garantir que todos possam se beneficiar dessa nova era tecnológica”.

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