A telemedicina, autorizada para uso durante a pandemia no Brasil, ajudou a expandir o acesso a todo tipo de atendimento médico em um momento em que o combate ao coronavírus restringiu consultas presenciais. Levantamento da consultoria global McKinsey mostra que, só nos EUA, o percentual de norte-americanos adeptos a consultas remotas saltou de 11% em 2019 para 46% este ano. A mesma pesquisa mostra que 76% dos entrevistados estão dispostos a utilizá-las, caso precisem. No Brasil, um estudo da Associação Paulista de Medicina (APM) sugere um quadro semelhante. Antes mesmo do registro do primeiro caso de coronavírus no país, 90% dos profissionais já acreditavam que as tecnologias digitais podem ajudar a melhorar a saúde da população e 63% usariam recursos de telemedicina para complementar atendimento.
A pesquisa da APM, que ouviu 2.258 médicos brasileiros em fevereiro deste ano, também traz uma fotografia das tecnologias mais utilizadas por eles: 48% usam prontuário eletrônico, 18,4% algum programa de gestão de consultório e pacientes, 2,9% digitalizam exames e imagens e 65% dos profissionais interagem com os pacientes por WhatsApp.
No Brasil, até a eclosão da epidemia de COVID-19, a telemedicina só podia ser usada depois de uma primeira consulta presencial, com um médico. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), uma portaria do Ministério da Saúde e uma lei aprovada no Congresso Nacional aboliram esta exigência, em caráter excepcional, justamente porque ela agiliza o mapeamento e a identificação de casos sem expor população e médicos ao risco desnecessário de contágio, já que o atendimento é remoto. Foram autorizadas três modalidades de telemedicina: a teleorientação, o telemonitoramento e a teleinterconsulta, além da assinatura eletrônica em receitas e laudos a distância.
“No mercado, isso tem se refletido em um movimento de escalada de iniciativas para ampliar a oferta de produtos. O objetivo e o desafio, no entanto, é aumentar a percepção de valor para operadoras, médicos e pacientes, gerando confiança e fidelidade”, explica Adriano Kasburg, Gerente Comercial da Supero Tecnologia, empresa de soluções em TI com 17 anos de atuação no mercado.
Para além do fator pandemia, quando as soluções em telemedicina atendem as necessidades reais da população, há diminuição de filas para atendimentos, escalabilidade, maior agilidade no diagnóstico e diminuição de custos, lista o gestor da Supero. “Evidentemente, esses benefícios não excluem a modalidade presencial, mas se somam a esse trabalho, que também se beneficia das soluções em telemedicina”, complementa.
Atendimento virtual a urgências de baixa complexidade, consultas eletivas virtuais, telemonitoramento, tele-UTI e televisitas são serviços para os quais já há tecnologia disponível para viabilizá-los. “Todos precisam ser adequados às necessidades e preferências dos pacientes e os padrões de qualidade do atendimento virtual não podem ficar à margem do presencial, sob pena de não gerarem confiança e fidelidade”, ressalta Kasburg.
Veja como cada um desses serviços funciona:
Atendimento virtual a urgências de baixa complexidade
A maioria dos atendimentos em emergência são de baixa complexidade: tanto a identificação quanto o tratamento, em raros casos, necessitam de procedimentos diagnósticos e internação.
Numa consulta por videoconferência, por exemplo, o médico pode ver com mais precisão o estado do paciente. A escalada do atendimento virtual em casos de baixa complexidade pode ser uma solução para diminuir a carga de atendimentos em prontos-socorros.
Consultas eletivas virtuais
Boa parte dos atendimentos eletivos, seja para a primeira consulta, seja para avaliação de exames e retornos, não precisa ser presencial, pois nem sempre requerem um procedimento ou exame físico. É o caso de consultas psiquiátricas, psicoterapêuticas ou com nutricionista, acompanhamento de tratamentos feitos em casa e até o acompanhamento de doenças crônicas cujos exames são apenas solicitados em consultório. Nesses casos, a consulta virtual, por sua comodidade, pode garantir a continuidade de tratamentos e do cuidado.
Telemonitoramento
O monitoramento remoto tem sido considerado uma área fundamental de investimento por médicos e enfermeiros, de acordo com levantamento da McKinsey. Ele é visto como uma oportunidade de ampliar o nível de cuidado e o valor percebido por pacientes tratados em casa, dada a conveniência de acessar o sistema de saúde sem sair da residência – o que ajuda idosos e crônicos, por exemplo – e facilidade de obter atendimento médico – menos tempo de espera, sem necessidade de agendar horários.
Tele-UTI
No Brasil, apesar de incipiente, um programa de tele-UTI já está em funcionamento em hospitais com UTI para atendimento de pacientes com Covid-19. Neste serviço, um canal de contato fica disponível aos intensivistas para sanar dúvidas, discutir manejo de casos e protocolos de assistência com profissionais de outras instituições. Além disso, métricas como tempo de permanência médio e taxa de ocupação de leitos também são monitoradas, permitindo ações para uso de leitos e disseminação de protocolos.
Televisitas
A proximidade dos pacientes com familiares e amigos é um fator que colabora para a recuperação. Diante dos riscos de contaminação por Covid-19, hospitais têm adotado o recurso das televisitas. É criada uma sala de visita virtual e compartilhado um link com os familiares. Ao entrar nele, na data e horários combinados, eles são conectados ao paciente.
5X5 Tec Summit discute telemedicina dia 8 de dezembro
O evento 5×5 Tec Summit, organizado pelas publicações TI Inside/Saúde Digital News, Teletime, Mobile Time, Convergência Digital e Tele Síntese, será realizado de 7 a 11 de dezembro, 100% virtual, enfocando as áreas de Saúde, Energia, Governo, Finanças e Entretenimento.
No dia 8, teremos um painel sobre: Telemedicina: aplicações que vão transformar o cenário competitivo no setor de saúde. As inscrições para todo o evento são gratuitas e podem ser feitas no site.