Atenção! Qualquer aplicativo para Saúde Digital tem indicação e contraindicação, como sua medicação

No artigo anterior abordamos o tema Não estranhe, seu médico ainda lhe prescreverá alguns Aplicativos (Apps) para sua Saúde Digital ! e mostramos como se tornará cada vez mais comum que nossos médicos acabem nos recomendando o uso de algum aplicativo para monitorar ou nos auxiliar na manutenção de nossa Saúde.

Como mencionamos, hoje existem mais de 165.000 aplicativos disponíveis voltados para alguma faceta da Saúde (os mHealth Apps), com uma distribuição por temas variados conforme o gráfico abaixo. Os que estão diretamente relacionados a aspectos médicos são menos de 24% do total dos aplicativos, com a maioria concentrada em Exercícios, Bem-Estar e Dietas/Nutrição.

Porém, levantamos algumas perguntas:  como saber diferenciar neste vasto universo de mHealth Apps os bons dos ruins? Como podemos nos assegurar que certos wearablesde fitness e bem-estar com seus respectivos aplicativos não são um desperdício de dinheiro e que talvez nos façam mais mal do que bem?

Quer perder peso? Melhorar seu condicionamento cardíaco? Baixar a sua pressão arterial? Cerca de 20% dos americanos estão usando alguma forma de wearable de fitness e cerca de 3 milhões são vendidos no Reino Unido a cada ano, justamente pensando que isto os ajudará a ficar mais saudáveis.

MAS… não se anime tão rápido e já vá comprando qualquer wearable para fitness achando que resolveu seu problema de Saúde. Na verdade, alguns especialistas afirmam que podem “fazer mais mal do que bem”.

Um dos principais problemas que os App de Saúde podem ter e que impactam em nossa análise de performance pessoal é a referencia que eles usam para nosso desempenho. Ou seja, eu estou sendo comparado com que “padrão”?

Veja um exemplo interessante no quesito de quantos passos diários nós deveríamos dar. De acordo com o Dr. Greg Hager que é professor de ciência da computação na Universidade Johns Hopkins, “em 1960, no Japão, eles descobriram que o homem japonês médio, quando andava 10 mil passos por dia, queimava algo como 3.000 calorias e é isso que os médicos japoneses pensavam que a pessoa média deveria consumir. Então eles escolheram 10.000 passos como um número ideal diário“.

Bem, em apoio a sua reivindicação, o Dr. Hager afirma que alguém com uma condição médica comprometida (como disfunção cardíaca) pode não ser capaz de atingir os 10.000 passos diários e que poderia ser prejudicial para a sua saúde se tentar fazer isso seguindo simplesmente o que o aplicativo indica.

“Eu acho que Apps que usam referencias genéricas podem definitivamente estar fazendo mais mal do que bem. Sem qualquer base de evidência científica, como você sabe que qualquer um desses aplicativos são bons para você? Eles podem até ser prejudiciais ” – Dr. Greg Hager

Assim como qualquer medicamento possui indicações e contraindicações, bem como um grupo alvo para seu uso, da mesma forma são os aplicativos e os wearables que medem nossos sinais e funções fisiológicas. Precisamos entender para que servem e o que eles medem! Por isso a interação com nossos médicos é tão importante.

Há hoje sites especializados em analisar os aplicativos de Saúde que são disponibilizados no mercado, podendo ser uma boa fonte de consulta antes de comprar ou baixar o App desejado. Um exemplo é o site iMedicalApps (http://www.imedicalapps.com).

PORÉM, nem tudo são más noticias e pessimismo. Pelo contrário! Alguns trabalhos científicos estão sendo publicados com resultados muito animadores e que mostram o valor do uso de aplicativos de Saúde quando corretamente indicados e monitorados.

Veja um dos vários casos recentes do uso de App para ajudar a controlar a pressão sanguínea. É sabido que a pressão alta é um dos principais sintomas silenciosos que afetam 1 a cada 3 adultos e que pode causar acidente vascular cerebral (o famoso derrame) e outras doenças do coração.

Quase 1.000 pessoas nos Estados Unidos morrem por dia por causa de pressão alta não controlada!

Um estudo promovido pela Associação Americana do Coração e pela MediSafe, utilizando um aplicativo especificamente desenvolvido para esse perfil de pessoa portadora de pressão alta, conseguiu reduzir em 86% o numero de pacientes que tinham pressão altíssima para níveis intermediários ou pré-hipertensivos, e em 56% dos níveis pré-hipertensivos para normal. O estudo está disponível no site da MediSafe.

Imaginem quantas pessoas deixaram de ter derrames ou infartos por conseguirem controlar sua pressão de forma mais adequada!! Neste caso, assim como em outros, os aplicativos estão fazendo bem para a Saúde das pessoas.

mHealth Proves Itself Against the “Silent Killer” Infographic from Medisafe (PRNewsFoto/Medisafe)

Portanto, assim como não devemos tomar qualquer medicação sem a devida prescrição, sem entendermos sua indicação e que efeitos devemos esperar, da mesma forma use os Apps de Saúde de modo seguro e apropriado, se informando o melhor que pode sobre eles e conversando com seu médico. Sua Saúde agradece!

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No próximo Post traremos um novo tema relacionado a aonde a Saúde Digital nos levará?

Abraços a todos!

Guilherme Rabello, gerência Comercial e Inteligência de Mercado, da InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini.

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