A interoperabilidade desempenha um papel fundamental na melhoria da qualidade e da eficiência dos serviços de saúde. Seu enorme potencial transformador na jornada do paciente permite deixar para trás um modelo fragmentado e repleto de redundâncias na prestação de serviços. Além disso, trata-se de um pilar fundamental para a migração para um modelo focado no paciente, otimizando o uso dos recursos e melhorando a qualidade do atendimento por meio de uma jornada interconectada.
A fragmentação dos dados, a falta de padronização das informações e o formato de comunicação entre os sistemas talvez sejam os principais desafios nessa jornada. Historicamente, os dados de saúde foram armazenados em silos que não conversam e não permitiam a troca de informações. Toda a arquitetura do sistema de saúde foi construída sob essa premissa, mas ao longo do tempo foi se evidenciando a necessidade de maior troca de informações entre os sistemas, o que vem provocando mudanças no sistema até então posto. Estas mudanças vêm acontecendo de forma lenta, mas complexa. Além da fragmentação dos dados, a interoperabilidade traz novos desafios ligados à responsabilidade da proteção dos dados e à segurança da informação entre os operadores do sistema.
Atualmente, a interoperabilidade está no centro de qualquer discussão sobre sistemas de saúde, e na Saúde Digital Brasil (SDB) esse tema também ocupa lugar de destaque.
“É uma questão essencial para podermos evoluir na entrega de serviços de saúde de maneira mais eficiente e menos custosa. Não há como se pensar o futuro do mercado de saúde com os dados fragmentados como temos hoje. Isso impacta toda a jornada do paciente, e, por consequência, a qualidade da assistência à saúde”, explica Paulo Salvi, que assumiu recentemente, com Rafael Yoneta Monte, a coordenação do Grupo de Interoperabilidade da Saúde Digital Brasil.
Constituído majoritariamente por profissionais de TI e gerentes de dados, o GT trata da interoperabilidade em âmbito privado e suas interfaces com o sistema público de saúde, com a saúde suplementar e em toda a cadeia da saúde. O foco do trabalho dessa nova gestão será debater os principais temas e desafios que envolvem esse complexo tema, entre eles o Prontuário Único. O objetivo é não só colaborar para a evolução na implementação da interoperabilidade no Brasil, como também consolidar melhores práticas a partir da junção da experiência, do conhecimento e do posicionamento dos diferentes atores envolvidos no processo.
Segundo o coordenador do grupo, Rafael Yoneta Monte, esse intercâmbio amplia a discussão e permite que a entidade seja um referencial técnico para conduzir o debate com o nível de detalhamento e segurança necessários para a importância do tema, beneficiando uma maior parcela da sociedade.
“Tendo em vista a complexidade do tema interoperabilidade, a SDB possui um papel central enquanto entidade para auxiliar a condução das discussões entre os agentes envolvidos, congregando entre seus membros e participantes instituições com forte embasamento técnico e experiência na área da saúde. Essa união é extremamente importante para enriquecer o debate, gerar valor para a sociedade através da evolução dos temas ligados à saúde digital”, finaliza.
Além do GT de Interoperabilidade, a SDB mantém outros grupos de trabalho para tratar de temas específicos, entre eles, Documentos Eletrônicos de Saúde e Dispensação; Indicadores; Jurídico; Marketing; Protocolos Clínicos; Saúde Mental; Segurança da Informação e Proteção de Dados; e Telenfermagem. Todos compostos exclusivamente pelos associados da entidade.
Coordenadores eleitos para o GT de Interoperabilidade
Coordenador: Rafael Yoneta Monte, formado em Administração pela Universidade de São Paulo, acumula passagens em consultorias de gestão e startups ligadas à saúde, tendo como foco principal tecnologia e desenvolvimento de produtos. Atualmente atua como gerente de dados e integrações de aplicações nas operações de Saúde Digital do Grupo Fleury, viabilizando a interoperabilidade de aplicações, serviços e produtos no hub de saúde.
Vice-coordenador: Paulo Roberto Salvi é formado em Ciência da Computação com especializações em Gestão Hospitalar, Gestão de Custos e Controladoria, MBA em Gestão Estratégica, MBI em Smart Cities (cursando). Salvi atua há mais de 25 anos na área de saúde e tecnologia, com passagens por operadoras de plano de saúde e hospitais, como COO e CEO. Em 2009, assumiu a função de COO na TopMed, empresa da qual é sócio e em que já atuou como CEO e CTO. Possui ampla experiência em telessaúde e telemedicina, medicina preventiva, gestão hospitalar, gestão de operadoras de plano de saúde e tecnologias voltadas para a área da saúde.