2018 foi um ano de transformação e crescimento para o setor de saúde. Para 2019, grandes mudanças nos bastidores das operações e no processo de tomada de decisões em hospitais e sistemas de saúde impactarão na forma como cuidaremos da saúde. Conversas recentes que tive com grandes executivos de saúde do setor para discutir as pressões tanto em âmbito público como privado, juntamente com o que pude observar no ano passado, foram cruciais para que eu pudesse desenvolver previsões para esse ano que acaba de começar e apontar as tendências em saúde para serem acompanhadas em 2019.
# 1 Mudando o papel do C-Level em hospitais
Com o aumento da adoção da inteligência artificial (IA) e do aprendizado de máquina para prever e tratar doença, esperamos que muitas organizações de saúde criem cargos de diretor de inovação e de diretor de análise de dados, papéis essenciais na medida em que crescem iniciativas tecnológicas baseadas em dados, para reduzir custos e melhorar a experiência dos pacientes. Também podemos citar o CNIO (Chief Nursing Informatics Officer), profissional que tem um papel de liderança fundamental na medição do impacto de tecnologias inovadoras sobre os pacientes e é ponto de intersecção da especialidade da enfermagem clínica e da tecnologia da informação, visando alcançar resultados de qualidade na saúde.
Outro papel emergente ao qual se deve atentar é o de diretor farmacêutico. Os farmacêuticos têm uma função muito específica no fluxo contínuo da saúde, relacionando-se diretamente com pacientes que recorrem a eles para saber sobre prescrições e medicamentos, por exemplo. Esse aspecto da coordenação dos cuidados, aliado a uma experiência especial em modelos de cuidados inovadores, serviços de medicação e gestão da rentabilidade do negócio os posiciona como um ativo crítico para o sucesso. Por estarem na linha de frente, apoiam o trabalho dos médicos na implementação de alternativas baseadas em evidências, que forneçam cuidados eficazes.
# 2 Os gastos com medicamentos serão cada vez mais direcionados para a redução de custos em hospitais
O setor de saúde consome atualmente cerca de 18% do produto interno bruto dos EUA, chegando a US$ 3,3 bilhões em gastos anuais. Desse montante, os medicamentos prescritos constituem aproximadamente 17% do total e continuam entre os itens de crescimento mais rápido nos gastos com saúde. Para os hospitais, a despesa com o setor de farmácia está entre 10 e 20% do orçamento operacional hospitalar, com 80% dessa despesa respondendo pelo custo dos medicamentos. Contudo, organizações de assistência médica orientadas a dados têm o poder de reduzir esses custos rastreando e conectando os gastos com medicamentos a resultados clínicos.
Para 2019, uma tendência em saúde é foco categórico dos executivos de saúde na gestão dos custos de prescrição. Podemos aguardar a formação de alianças entre equipes de TI, farmácia e qualidade clínica, à medida que elas unem forças para estabelecer processos integrados e automatizados, que podem identificar e alertar rapidamente os líderes clínicos quando os prescritores estiverem adotando medicamentos de marca em detrimento de medicamentos genéricos igualmente eficazes. Analise os benefícios em nível populacional. Por exemplo, ferramentas de monitoramento e a análise detalhada podem ajudar os líderes da equipe de cuidados, à medida que eles analisam, cada vez mais, tratamentos ineficazes e incentivam os médicos a pararem de prescrever antibióticos a pacientes que não precisam mais deles.
# 3 Intensificação da demanda por enfermeiros qualificados
Sabe-se que a projeção de escassez de enfermeiros se acentuará com o aumento do número de idosos. Isso significa que os hospitais precisarão encontrar soluções criativas para treinar com eficiência os novos enfermeiros e inseri-los na área e na prática o mais rápido possível. As tecnologias de aprendizado de última geração, uma das principais tendências em saúde, já disponíveis atualmente terão um papel de maior relevância nesse processo, oferecendo maneiras móveis, adaptáveis e escalonáveis de ensinar de forma rápida e eficaz os enfermeiros do futuro.
#4 IA transformará o cuidado com os pacientes
A inteligência artificial (IA) e o aprendizado de máquina tem sido a principal alternativa para identificar de maneira rápida e precisa superbactérias, por exemplo, e para melhorar a segurança dos pacientes. Essa tecnologia que está entre as tendências em saúde possibilita aos médicos analisarem padrões com base em dados de pacientes, seja para evitar epidemias antes que ocorram ou identificar os pacientes e populações em risco. Pacientes com doenças crônicas, por exemplo, podem ser inseridos em programas para ajudá-los a lidar com essa patologia e, com isso, ter um resultado mais eficaz no desfecho clínico, com custos menores para o sistema. A IA também é uma forma de evitar as reinternações, o que além de serem um problema para pacientes e suas famílias, são dispendiosas para hospitais.
Fora isso, o seu valor estará em aumentar o número de médicos e em otimizar seu tempo, e não em substituí-los. Além de inovações substanciais, como a cirurgia robótica assistida por IA, a tomada de decisões é aprimorada por meio da integração mais inteligente das evidências atuais e dos históricos do paciente.
#5 O engajamento do paciente acelerará a saúde da população
A interface do usuário baseada em voz mediada por telefone (VUI, na sigla em inglês), combinada com a educação baseada em evidências, torna-se uma parte central das estratégias do sistema de saúde para manter suas populações saudáveis. A VUI tem sido utilizada para manter os pacientes engajados com seus tratamentos depois que saem do hospital ou do consultório médico.
2019 isso surge como uma das tendências em saúde e traz boas oportunidades para esses projetos que ajudam o paciente a sentir-se capacitado a tomar decisões de saúde conscientes. Haverá um foco cada vez mais amplo no tom, na inflexão e nos demais elementos que imitam uma conversa natural. O intuito é fazer com que os pacientes sintam-se como se estivessem conversando com um ser humano do outro lado linha. A era das “ligações telefônicas por robôs ”, será substituída por chamadas mais personalizadas e dinâmicas, que criam um diálogo mais empático. Quer seja para alertar os pacientes a agendar consultas para exames essenciais, ajudá-los a se preparar para um procedimento para que se sintam mais informados e menos ansiosos ou garantir que estejam se recuperando bem após uma cirurgia, a VUI ajudará a envolver pacientes de fora do ambiente clínico a promover melhores resultados de saúde em uma escala que seria impossível com o pessoal clínico existente.
Diana Nole, CEO da Wolters Kluwer Health.