Oferecer o melhor cuidado ao menor custo é uma preocupação constante nos sistemas de saúde de todo o mundo – e um ganho para todos: instituições, profissionais e pacientes. Essa equação requer uma transformação hospitalar que começa por estruturar uma governança clínica. O eixo é a viabilidade econômica e a eficiência nos resultados, que se traduz no principal: mais saúde.
Esse roteiro de transformação inclui eliminar o desperdício, que pode chegar a 30% da receita de um hospital. Estoques mal dimensionados, dificuldade de agendamento, espera para procedimentos e demora no faturamento corroem as finanças das casas de saúde. Parece uma obviedade ao elencar desta forma, mas no dia a dia é o detalhe que faz a diferença.
É atender rapidamente o paciente que chega à emergência, ter processos eficientes para ele tenha encaminhamento rápido para o procedimento de que precisa. No caso de cirurgia, tanto a espera pela internação quanto o tempo de recuperação até a alta hospitalar são diretamente proporcionais ao risco para o paciente, especialmente aqueles com mais idade.
Mais tempo, mais custo, mais risco. Todos perdem.
Hospitais de referência nos Estados Unidos, como a Mayo Clinic, pioneira no conceito dos cuidados centrados no paciente, com 19 hospitais e 44 clínicas, a Cleveland Clinic, com 14 hospitais afiliados e 20 centros de saúde familiar (ambos com operações também fora do país) renovam constantemente seus processos gerenciais e seus protocolos para otimizar um desempenho já considerado excelente. Huston, cidade que concentra o maior número de hospitais e centros de pesquisa do mundo, com mais de 100 mil colaboradores na área da saúde, ensina como o trabalho em sinergia melhora o funcionamento de todo o sistema.
Acredito em três pilares para esta transformação: processos enxutos, automação e pessoas. Para sustentar esse tripé, as decisões têm de ser tomadas a partir de bases dados confirmadas, com a implantação de metodologias e protocolos definidos que reduzam a variação no cuidado. A tecnologia nos ajuda a seguir este caminho. A saúde em 2024 exige muitas, e novas, métricas.
Precisamos estar digitalizados, do pronto atendimento aos exames de imagem e à logística perfeita. A inteligência artificial está a nosso favor, ajuda inclusive na interpretação de resultados e no diagnóstico. Automação num centro cirúrgico de 10 salas que reduza em 15 minutos o tempo de higienização significa um impacto diário enorme.
E as pessoas? Passam a cuidar ainda melhor dos pacientes. Com treinamento para esse ambiente de trabalho diferente, em que softwares e robôs enxugam substancialmente o tempo para determinados processos, terão mais oportunidade de se dedicar à excelência do cuidado.
Melhoria de processos, de protocolos e, consequentemente, dos indicadores clínicos. Qualidade na gestão, eficiência em todas as pontas. Todos ganham.
Mauro Medeiros Borges, Diretor técnico da AFC Holding S.A.