A Unidade Embrapii Cqmed/Unicamp (Centro de Química Medicinal de Inovação Aberta), credenciada à Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o Aché Laboratórios e a Eurofarma Laboratórios se unem para a viabilização de projeto inédito para desenvolvimento de novos anti-infecciosos e oncológicos.
Pela primeira vez no Brasil, as pesquisas serão baseadas no chamado modelo de inovação aberta, ou seja, todo o conhecimento adquirido será de domínio público e poderá ser utilizado na identificação e desenvolvimento de moléculas patenteáveis após determinada fase dos estudos.
O projeto, com investimento inicial de R$ 8,4 milhões, visa à pesquisa de novas moléculas para o desenvolvimento de agentes anti-infeciosos, como antibióticos e anti-parasitários, além de medicamentos voltados ao tratamento de câncer. Cada farmacêutica investirá R$ 400 mil por ano, ao longo dos próximos seis anos. A Embrapii financiará R$ 1,8 milhão por empresa com recursos não reembolsáveis, ou seja, sem a necessidade de devolução do montante.
A parceria inédita dentro da indústria brasileira de fármacos será oficializada nesta segunda-feira, 29, na sede da Unicamp, em Campinas. A pesquisa aberta segue a linha do bem-sucedido modelo internacional Structural Genomics Consortium (SGC), uma parceria público-privada, sem fins lucrativos, que desenvolve estudo básico e apoia a descoberta de novos medicamentos, em um modelo que não produz patentes e permite acesso irrestrito a seus resultados.
Essa integração permite, ao longo do estudo, uma colaboração internacional, com trocas de experiências, conhecimento e profissionais, além de oferecer uma ampla lista de vantagens: divisão de risco, economia de recursos financeiros e redução da redundância na pesquisa, evitando testes desnecessários com moléculas que não foram aprovadas anteriormente.
O coordenador da unidade Embrapii – Cqmed, Paulo Arruda, explica que o foco da pesquisa de modelo aberto se concentra nos primeiros passos, onde cerca de 95% das moléculas iniciais para o desenvolvimento de novas drogas falham. A participação das empresas nos projetos em parceria com o Cqmed promete posicionar melhor a indústria farmacêutica nacional, tornando-a mais competitiva e criando um ambiente para o surgimento de novos parceiros e para a criação de starts-ups que atuem no setor.
“Não há inovação sem a parceria com a indústria. E essa forma de parceria está disponível para qualquer empresa disposta a comprometer-se com a ciência aberta”, destaca Paulo Arruda.