Moinhos de Vento cria repositório para unificar informações de pacientes

O Hospital Moinhos de Vento lançou na última terça-feira, 27, em Porto Alegre, um projeto pioneiro, que tem como objetivo garantir o uso e a troca de dados de pacientes de forma rápida, eficiente e segura em seus setores internos. Com a tecnologia, a instituição dá o passo inicial para a criação de um ecossistema de hospitais, interligados para facilitar o atendimento de pacientes em qualquer unidade, seja pública ou particular.

A nova ferramenta padroniza as informações do paciente do hospital, unificando o seu perfil e toda a sua jornada nos inúmeros sistemas da instituição. Isso vai permitir, por exemplo, maior agilidade na hora de o médico atender o paciente e até evitar exames desnecessários, para um diagnóstico mais rápido e eficiente. E se o paciente consentir, seus dados podem ser transportados em tempo real e de forma segura para outros serviços de saúde.

“O sistema garante a democratização das informações do paciente, para que todos os profissionais e o próprio paciente tenham acesso de forma segura e integrada a esses dados”, afirma Evandro Moraes, superintendente administrativo do Hospital Moinhos de Vento. A primeira etapa do projeto já foi implantada, que é a integração dos dados do sistema hospitalar com o sistema de pesquisa clínica do hospital.

Evandro explica que o sistema acaba com a possibilidade de dados duplicados, ressalta informações relevantes (como alergias e medicamentos e uso contínuo) e segue à risca a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). “É um avanço importantíssimo: é como se os vários sistemas do hospital falassem idiomas diferentes e, de uma hora para outra, passassem a usar um tradutor para falar a mesma língua”, exemplifica o superintendente.

Esse “idioma universal” se chama HL7 FHIR, um conjunto de regras técnicas utilizado no mundo inteiro para a troca eletrônica de dados de saúde entre os mais diversos players de saúde, de unidades públicas a particulares, de laboratórios a seguradoras, de startups a grandes hospitais.

Conexão entre hospitais

A nova tecnologia implantada tem como base uma palavra ainda pouco conhecida pelos pacientes, mas que é uma das grandes tendências da área de tecnologia na saúde: interoperabilidade. É o que conta André Cripa, chief innovation e digital officer da CTC, uma das 150 maiores empresas de tecnologia do país, contratada pelo Hospital Moinhos de Vento para implementar o sistema.

“A interoperabilidade promove uma visão completa de dados em saúde, padronizando, compartilhando e utilizando os dados do paciente como e quando forem necessários. O resultado é uma assistência mais rápida e precisa, promovendo a segurança do paciente. Além disso, a comunicação entre sistemas permite que os profissionais de saúde acessem menos telas simultaneamente, melhorando sua eficiência e reduzindo a sobrecarga de trabalho”, explica Cripa.

“No momento em que outras unidades de saúde do município, do estado ou do país passarem a adotar esse sistema, e esse passo já vem sendo dado em outros lugares, poderemos nos conectar para trocar dados de pacientes e permitir um cuidado ainda melhor”, afirma Evandro .

“Imagine a redução de custos do sistema de saúde quando um paciente der entrada na emergência de um hospital e o médico puder ter acesso a seu histórico de todas as unidades pelas quais passou nos últimos meses ou anos. Isso significa prever doenças, agilizar atendimentos, evitar erros médicos. Isso é interoperabilidade na saúde”, finaliza Vitor Tadeu Ferreira, gerente de tecnologia da informação do Moinhos de Vento.

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