Especialistas do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI) e da empresa argentina Ivema Desarrollos conceberam um equipamento para a realização de testes de diagnóstico rápido de Covid-19 que dispensa a necessidade de importações, reduz os gastos do governo pela metade e ajuda a suprir o mercado interno que, atualmente, sofre com a falta de testes.
Trata-se de um dispositivo – termobloco – utilizado para o tratamento térmico de amostras para detectar a presença do vírus. Em seu desenvolvimento, a manufatura aditiva foi fundamental para a fabricação de um de seus componentes, uma peça preta frontal, que agora é produzida com impressoras 3D da Stratasys, da Série F123, pela companhia Dryada 3D Printer.
A ideia para a fabricação nacional desse aparelho veio da necessidade de empresas argentinas que haviam desenvolvido com sucesso kits de diagnóstico moleculares para detecção rápida do vírus, mas dependiam de um termobloco específico para realizar a amplificação molecular das amostras de RNA sem condensação durante o processo – componente este que estava em falta no mercado local.
“A partir de uma solicitação da Ivema Desarrollos para criarmos, no curto prazo, um equipamento com essas características, decidimos trabalhar juntos. O desenvolvimento do dispositivo foi fundamental para ampliar o número de laboratórios e estabelecimentos aptos a realizar os testes na Argentina”, detalha Mijal Mass, especialista em Micro e Nanotecnologias do INTI e integrante da equipe que realizou o trabalho em coordenação com os setores de Biotecnologia, Física e Mecânica do Instituto.
O novo produto atende aos requisitos específicos do kit “ELA-CHEMSTRIP”, que, em menos de uma hora, permite detectar se uma pessoa está infectada por Covid-19 a partir de um cotonete, mas também pode ser usado para outros kits, como o NEOKIT TECNOAMI. Sua principal característica é ter sistema de tampa aquecida, controle digital, excelente uniformidade térmica e permitir o processamento de até 24 amostras ao mesmo tempo. O equipamento destaca-se ainda pela qualidade e precisão no controle de temperatura e por custar a metade do preço do equivalente importado.
“A experiência do trabalho conjunto com o INTI foi muito positiva e permitiu desenvolvermos o equipamento em apenas um mês. Hoje estamos lançando a primeira série de 20 unidades, e planejamos atender uma demanda que pode chegar a 600 equipamentos até o fim do ano”, detalha Javier Balian, presidente da Ivema Desarrollos.
Em relação ao desempenho do equipamento, o coordenador de desenvolvimento do kit “ELA-CHEMSTRIP”, Diego Comerci, destaca que quando seus clientes os consultam, eles o recomendam como o ideal. “Trata-se de um bom exemplo de como os clusters industriais podem ser integrados e configurados em relação a determinadas tecnologias, como neste caso, no setor biomédico e biotecnológico”, acrescenta.
Na mesma linha, o diretor da área de Micro e Nanotecnologias do INTI, Alex Lozano, conclui que, em pouco tempo, “foi possível desenvolver um dispositivo adaptado às necessidades específicas do teste e em condições de ser fabricado e comercializado por uma empresa argentina. Isso permite suprir a demanda do mercado local, substituindo importações e dar maior acesso aos exames diagnósticos”.