Parceria entre Nortec Química e Fiocruz pode destacar o Brasil no cenário internacional de IFAs

O desenvolvimento de processos para a produção de moléculas é um movimento estratégico, tanto para o abastecimento do país, quanto para o crescimento da indústria. Um dos exemplos é benznidazol, insumo utilizado no tratamento contra a doença de Chagas. A substância é alvo de uma parceria entre Nortec Química, maior fabricante de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) da América Latina, e o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz.

O Brasil é um dos únicos produtores deste IFA e agora está a caminho de aprimorar ainda mais o processo de fabricação do mesmo. A iniciativa deve colaborar para posicionar os produtos brasileiros no competitivo mercado internacional farmoquímico.

Dados apresentados em outubro de 2023 no 20º Fórum de Compras e Sourcing, pela Nortec Química, maior fabricante de IFAs da América Latina, revelam que existem cerca de 7.000 insumos no mundo. Estes produtos estão concentrados na Ásia, Europa e América do Norte, onde igualmente se encontram a maioria destes registros de moléculas. Neste contexto, parcerias estratégicas, entre institutos e o setor industrial, podem auxiliar o Brasil a conquistar novos espaços, visando a independência da produção farmoquímica e a competitividade internacional.

“Estamos investindo na melhoria de processos para produzir o benznidazol de uma maneira rápida, com menor custo e mantendo a qualidade. Este tipo de ação só é possível graças a um trabalho em conjunto entre a pesquisa científica e a indústria farmoquímica. Movimentos como estes podem criar saltos tecnológicos essenciais para o avanço do país na produção de medicamentos e insumos farmacêuticos”, comenta Marcelo Mansur, CEO da Nortec Química.

Desproporção na produção

Atualmente, de acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), mais de 90% dos IFAs utilizados no Brasil são importados de países como China e Índia. Apenas 5% são produzidos no país. “Essa desproporção expõe o Brasil a riscos de desabastecimento, aumento de preços e perda de competitividade no setor farmacêutico. Por isso, é fundamental que o país invista em inovação e desenvolvimento tecnológico visando produzir suas próprias patentes, IFAs e processos”, avalia Marcelo.~

Importações e exportações

Em termos de receita, o mercado brasileiro de IFAs representa 12% do cenário farmacêutico global e deve alcançar um valor de US$268 bilhões até 2026, conforme dados apurados pela Nortec. Só os Estados Unidos, por exemplo, detém 46% do total do setor, enquanto a Índia e a China são responsáveis pelos maiores volumes produzidos, principalmente devido aos baixos custos de produção e à larga escala.

Entre janeiro e setembro de 2023, o Brasil importou US$5,7 bilhões em medicamentos ou produtos farmacêuticos, ocupando o 4º lugar no ranking de importações. Isso representa uma variação 3,4% maior que no mesmo período do ano anterior, conforme a Comex Stat, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro.

Já as exportações, no mesmo período e categoria de produtos, alcançaram US$406 milhões, se posicionando em 62ª posição no ranking, ou seja, uma queda de 28,5% em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior.

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