A compreensão dos efeitos duradouros da Covid-19 na saúde ainda é um desafio para a Ciência, sobretudo da variante Ômicron, que se tornou a mais prevalente desde o início da pandemia. No Brasil, uma das iniciativas para investigar esses efeitos é uma pesquisa em andamento e que precisa avaliar 1694 pessoas voluntárias, das regiões Norte, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país que tenham sido infectadas pelo vírus. Para participar da pesquisa, é necessário ter 18 anos ou mais, residir no Brasil, pelo menos uma vez ter testado positivo para Covid-19 a partir de 2022, independentemente da persistência ou do desenvolvimento de novos sintomas após a infecção.
A diversidade geográfica é crucial para entender os impactos da Covid -19 na saúde brasileira de maneira abrangente. A variabilidade geográfica ajuda a fornecer insights significativos e personalizados sobre como a Covid -19 afeta diferentes comunidades no país.
Um dos responsáveis pela condução desse estudo é o médico intensivista e pesquisador, Regis Goulart Rosa. Ele explica que, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconheceu a condição pós-covid como sintomas que continuam a se desenvolver após a fase aguda da doença, sem relação com outra causa, podendo perdurar por meses.
Segundo o médico, as pessoas que desenvolvem a condição pós-covid, também conhecida como “covid-longa”, podem apresentar diferentes sintomas dentro de um amplo leque de novos problemas de saúde nos campos neurológico (dificuldade de memória, dores de cabeça, alterações de paladar e de olfato), respiratório (tosse, falta de ar), musculoesquelético (dores musculares e nas articulações), genitourinário (disfunção erétil, alteração menstrual), cardiovascular (palpitação, dor torácica e trombose), gastrointestinal (alteração no hábito intestinal, náusea e refluxo gastroesofágico), mental (distúrbios do sono, depressão e ansiedade), entre outros como perda de cabelo, alterações na pele, fadiga e alteração visual.
“Na fase mais crítica da pandemia, nós conduzimos um estudo com a participação de mais de 5.000 voluntários na cidade de Toledo, no Paraná, para entender a efetividade da vacinação contra casos graves da doença em suas diferentes variantes”, recorda Rosa. “Agora estamos empenhados em entender os impactos da Covid-19, considerando a variante Ômicron e suas sublinhagens, que continuam se propagando e impactando a vida de milhares de pessoas no mundo”, explica o pesquisador.
Por que participar da pesquisa?
Atualmente, quando a condição pós-covid é diagnosticada, os profissionais da saúde buscam o alívio dos sintomas e a reabilitação do paciente, com prescrição de fisioterapia, medicação para dor, psicoterapia, entre outros. Entretanto, ainda é necessário entender quais fatores estão relacionados ao desenvolvimento dessa condição e quais pessoas são mais suscetíveis, para que possam ser estabelecidas medidas de prevenção e tratamento mais assertivas.
Maicon Falavigna, médico epidemiologista e pesquisador responsável pelo Estudo Covid Longa Brasil, explica que a pesquisa é conduzida por meio de uma entrevista telefônica, na qual são realizadas perguntas gerais sobre a saúde e hábitos de vida antes e após a infecção pelo vírus. Também são aplicados testes validados para a avaliação de condições de saúde física, mental e psicológica. “A entrevista é conduzida por profissionais da saúde treinados na aplicação dos testes e na identificação dos sintomas a partir do relato dos participantes”, detalha Falavigna. Antes de iniciar a entrevista, o participante recebe um termo no qual estão descritos os procedimentos do estudo e a pesquisa só é conduzida mediante o registro do seu consentimento. Além disso, há o compromisso dos pesquisadores com a confidencialidade dos dados.
Ao participar da pesquisa, as pessoas voluntárias ajudarão na compreensão desses sintomas e na busca por tratamentos mais efetivos para a condição pós-covid. Nesse sentido, é importante que tanto pessoas que desenvolveram sintomas após a infecção, quanto aquelas que não desenvolveram, colaborem com o estudo. Quem contribuir com o estudo também receberá um relatório, com resultados dos testes aplicados na entrevista.
A condução da pesquisa é da Inova Medical, sendo financiada pela farmacêutica Merck Sharp & Dohme (MSD) do Brasil. A pesquisa obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento .