O uso da inteligência artificial (IA) para identificar achados críticos já é uma realidade e vem auxiliando médicos e pacientes no diagnóstico e tratamento precoce de tumores, doenças cardiológicas, entre outras. Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), por exemplo, revela que são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025.
Na Dasa, maior rede de saúde integrada do país, todos os exames realizados automaticamente passam pelo rastreio, via IA, que tem como base o banco de dados da rede. De acordo com Felipe Kitamura, médico e diretor de inovação aplicada e inteligência artificial da Dasa, foram desenvolvidos algoritmos de NLP (natural language processing, ou processamento de linguagem natural) para leitura de laudos de exames. “O algoritmo lê cerca de 6 mil laudos por dia em busca de uma lista de 43 tipos de achados críticos. São doenças, entre elas alguns tipos de câncer, que tem a necessidade de seguimento especializado”, afirma.
O grande diferencial da aplicação de IA, segundo Kitamura, é a agilidade na comunicação entre o médico do laboratório e o médico prescritor do exame. Essa rapidez faz toda a diferença. Geralmente, o tempo entre o diagnóstico de um câncer e o início do tratamento leva em torno de 60 dias. Com esse sistema de IA, esse intervalo é reduzido para apenas 15 dias.
“Com frequência, o paciente demora para buscar o resultado do exame, às vezes cerca de três meses. No caso de um tumor, por exemplo, esse tempo seria prejudicial, principalmente, na possibilidade de tratamento, que seria reduzida. Quando encontramos o achado crítico, os médicos do Núcleo de Assessoria Médica ligam para o médico prescritor do exame informando o achado e oferecendo ajuda no tratamento. Só no ano passado, foram 2033 comunicações de achados em que os pacientes seguiram seus tratamentos na rede, seja em nossos hospitais ou clínicas especializadas. Isso exemplifica o benefício assistencial nessa iniciativa”, diz o médico.
O projeto é um exemplo da relevância de como funciona a rede de saúde integrada. Após a realização do exame em uma das marcas de diagnósticos, como CDPI e Alta, no Rio de Janeiro, ou Salomão Zoppi e Delboni, em São Paulo, esse é direcionado para o rastreio via aplicação de IA. Uma vez identificado o achado crítico, é fundamental que o paciente encontre uma rede médica para realização do atendimento e tratamento.
De acordo com diretor da Dasa, é a junção dessas operações que permite oferecer ao paciente um tratamento assertivo durante toda a sua jornada de cuidado. “É muito importante ressaltar que esse resultado benéfico não se dá apenas pelo algoritmo. Ele é uma peça-chave, sem ele não daria para fazer esse trabalho. Mas existe a dependência de toda uma cadeia depois do algoritmo para que tudo isso funcione. Por isso, é fundamental ter uma estrutura por trás, que esteja preparada para atender essa pessoa depois do diagnóstico, e isso já é feito diretamente pelos hospitais que compõe a rede”, finaliza.