Uma importante inovação promete auxiliar a vacinação contra a Covid-19. A Spiltag, fábrica de embalagens localizada em Marília (SP), se prepara para contribuir com a aceleração do processo e segurança no envase de vacinas no Brasil. A indústria acaba de lançar um frasco constituído por um polímero especial nomeado como Spiltech, capaz de resistir a temperaturas de -194ºC à 136ºC. Com uma produção até 60% mais rápida que o vidro, os frascos plásticos Spiltech representam uma solução para o aumento na capacidade de produção de vacinas, que já vivenciava uma escassez das ampolas de vidro no mercado antes mesmo da pandemia do novo coronavírus. Agora, com o volume exorbitante de imunizantes produzidos, o polímero é uma opção de menor custo e maior poder de escala.
“Há uma redução significativa de operação com o uso do polímero além do frasco plástico pesar menos da metade se comparado à embalagem de vidro. É um processo menos oneroso à medida que utiliza 50% menos água e energia, além de ocorrerem um sistema muito mais sustentável e menos poluente”, explica Gustavo Spila, CEO da Spiltag. A indústria, que tem mais de 25 anos de experiência na produção de embalagens para o setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, deve investir no projeto um valor estimado de U$ 1,5 milhão.
Os frascos produzidos com o Polímero Spiltech têm algumas características semelhantes e outras ainda mais vantajosas que as ampolas de vidro borossilicato, especial para a indústria farmacêutica. Uma delas é a densidade do produto, pesando menos reduz significativamente os custos de transporte. Possui também um nível de resistência à quebra superior aos frascos convencionais, o que facilita muito a logística das vacinas. Com baixa adsorção de proteínas e resistente a temperaturas extremas consegue suportar as necessidades de armazenagem das vacinas atualmente em aplicação, que podem variar de -194ºC à 136ºC. As vacinas desenvolvidas até o momento para o combate à Covid-19 demandam temperaturas de armazenamento de -70ºC (Pfizer), -20ºC (Moderna) e de 2ºC a 8ºC (Oxford, Sputnik, Coronac e Johnson&Johnson).
“Nossos produtos ajudam a superar, inclusive, outros desafios relacionados aos medicamentos, como por exemplo, a delaminação, que é uma espécie de descolamento de camadas, muito comum nos frascos de vidro. O alto nível de impermeabilidade, presente em nossa tecnologia, fornece uma solução mais segura quanto à pureza e eficácia do produto”, destaca Spila.
Com capacidade de produção de 100 mil unidades/dia, a Spiltag colocará no mercado seis tamanhos de frascos: 2ml, 5ml, 10ml, 15ml, 50ml e 100ml. Todos serão fornecidos prontos para uso, esterilizados, pré-testados e com integridade preservada e comprovada.
A AstraZeneca, desenvolvedora da vacina de Oxford, alertou que não há frascos suficientes para o armazenamento de todas as doses que pretendem produzir. Problema reconhecido também pela British Glass, a associação britânica de empresas produtoras de vidro, que alega estar em busca de uma solução a longo prazo.
A produção de frascos de vidro, além de mais demorada, é mais poluente e pouco escalável no curto prazo, por isso, países como a China têm imposto restrições visando à redução das emissões de carbono. Diante de todo esse cenário, o polímero surge como uma opção mais vantajosa, segura, rápida, eficiente e, ainda, mais barata.
Criado a partir de uma tecnologia japonesa, o material, além dos frascos para vacinas, também será transformado em seringas e dispositivos pré-envasados, tanto para insumos da saúde humana quanto veterinária.
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