Seis principais tendências da telemedicina no Brasil para este ano

Recentemente, completamos dois anos desde que a lei que autoriza a prática de telemedicina no Brasil foi aprovada pelo congresso. A legislação foi uma resposta à alta demanda por atendimentos à distância, a fim de cumprir as orientações de distanciamento social impostas pela pandemia do COVID-19. Mas, será que a telemedicina no Brasil continuará em alta mesmo após a pandemia?

Com a crescente adoção do modelo entre os pacientes, médicos e seguradoras de saúde, a demanda por serviços de telemedicina, que já apresentava expressivo crescimento, certamente, continuará aumentando em 2022 e nos anos seguintes. Segundo estudos recentes realizados pela Global Market Insights, a telemedicina deve movimentar US$ 131 bilhões até 2025. O dado reflete como este mercado segue em ascensão e se consolida como uma categoria fundamental para todo o ecossistema da saúde, fomentando, inclusive, outros setores que tenham relação direta com o uso de tecnologias neste segmento. Diante deste cenário, relacionamos as seis principais tendências para a telemedicina no Brasil, em 2022, a fim de salientar a importância dos investimentos em tecnologias disruptivas para o desenvolvimento da área da saúde.

1 – Aumento contínuo na demanda por cobertura de telemedicina 

Diante destas transformações, muitas pessoas passaram a enxergar a telemedicina como uma primeira linha de cuidado, com boa relação de custo x benefício para doenças de menor risco, bem como para consultas de acompanhamento. Como resultado, em 2022, teremos empresas de planos de saúde colaborando com provedores para ampliar o acesso a este modelo de cuidado, aumentando, por exemplo, o investimento em tecnologias que sejam necessárias para oferecer o suporte adequado às consultas, como plataformas audiovisuais, sistemas para integração de prontuários eletrônicos, plataformas de receitas digitais e ferramentas de suporte à decisão clínica.

  1. Incentivo aos médicos e pacientes por meio do plano de saúde

As rápidas mudanças de hábito provocadas pela pandemia continuarão em ritmo de crescimento após a crise e ganharão a adoção predominante da sociedade. Neste sentido, à medida que os programas de reembolso se expandem, os médicos serão incentivados a explorar novas maneiras de utilizar a telemedicina para cuidar de quadros médicos mais complexos (como o diabetes), idosos com mais de 65 anos e aqueles que, tradicionalmente, não têm fácil acesso a cuidados de saúde de qualidade.

Atualmente, os planos de saúde já oferecem aos usuários, médicos e provedores de serviços alternativas para consultas virtuais ou presenciais, a partir da rede assistencial, conforme aponta a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

  1. Crescimento das indústrias adjacentes da telemedicina 

Conforme a demanda por telemedicina cresce, o mesmo acontece com os periféricos e dispositivos necessários para oferecer suporte a estes serviços. Plataformas de telemedicina e ferramentas que transmitem os dados do paciente ao médico (in-home monitoring), por exemplo, também se tornarão um grande negócio em um futuro próximo.

Além das consultas virtuais individuais, entre médicos e pacientes, a telemedicina expandiu-se para modelos diretos ao consumidor, como entrega em domicílio de prescrições e dispositivos médicos de uso doméstico. Dessa forma, a demanda dos pacientes também está impulsionando o crescimento da telemedicina, uma vez que as instituições de saúde buscam ampliar ou aprimorar, cada vez mais, os serviços de telemedicina, com enfoque nas expectativas e na experiência do paciente.

  1. Maior integração de inteligência artificial 

Outra ferramenta que tem se destacado e ganhado força nos mais diversos setores econômicos e sociais é a inteligência artificial (IA). No setor de saúde, podemos imaginar, no futuro, a IA sendo utilizada por médicos para elaborar planos de cuidado com base em vários data points e projeções. Afinal, a IA pode contribuir na redução do potencial de erro no atendimento ao paciente internado, agilizar a entrada de pacientes por meio de chatbots, questionários de triagem iniciais e outras ferramentas, reduzindo, assim, as filas de espera online e ajudando os médicos a realizar a triagem dos pacientes com mais eficiência e agilidade.

  1. Necessidade de maior diligência na segurança cibernética

No atual cenário tecnológico, qualquer estratégia de telemedicina deve considerar a segurança cibernética. O setor de saúde é um dos grandes alvos dos cibercriminosos, devido à grande quantidade de dados sensíveis de pacientes coletados e armazenados. Neste sentido, veremos, a partir de agora, um foco significativo em ações que tenham como objetivo garantir a segurança dessas informações.

Em vigor no Brasil desde setembro de 2020, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) exerce exatamente a função de proteger os dados pessoais e garantir que as empresas respeitem suas determinações. Neste contexto, será cobrada uma responsabilidade ainda maior das instituições de saúde com relação ao controle e a segurança dos dados dos pacientes – incluindo dados em trânsito.

  1. Tecnologia de suporte à decisão clínica otimiza as consultas via Telemedicina

A inovação e o aprendizado contínuo são mais do que mandatórios neste momento. A medicina baseada em evidência e o acesso a dados e informações confiáveis emergem como importantes agentes para os próximos anos e auxiliam na otimização das consultas via telemedicina.

Além disso, a uniformização de protocolos clínicos e a disseminação de conteúdos baseados em evidências entre todos os profissionais é sempre um grande facilitador. Nesse contexto, é importante oferecer nas consultas virtuais o suporte adequado para que o profissional de saúde possa acessar conteúdos de qualidade e atualizados sobre sua especialidade e outras informações que julgar necessárias, mas, sempre, considerando a decisão diagnóstica de acordo com a expertise profissional.

A aceitação e a utilização da telemedicina foram aceleradas por necessidade, nos últimos anos. Entretanto, a tendência é que a crescente busca por consultas médicas virtuais siga aquecida e se desenvolva de forma orgânica nos próximos anos. Para que isso seja possível, é fundamental que o investimento em tecnologias como as citadas anteriormente seja proporcional à demanda apresentada pelo modelo de teleconsultas, garantindo um crescimento equivalente e o desenvolvimento simultâneo destes dois segmentos.

*Natália Cabrini é diretora de estratégia de mercado e vendas da Wolters Kluwer Health para América Latina.

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