Pesquisa brasileira sobre SARS-CoV-2 ganha destaque na Frontiers in Immunology

A publicação suíça Frontiers in Immunology deu destaque à uma pesquisa do professsor Dr. Gustavo Fioravanti (foto), da Universidade La Salle. O artigo “Impressões digitais deixadas por outros vírus podem conferir proteção contra SARS-CoV-2 e suas variantes” foi coordenado por ele e elaborado em conjunto com os alunos de pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,  Eduardo Cheuiche, Mariana Rost, com a colaboração de Marcelo Bragatte. 

O estudo pesquisou como os chamados marcadores de infecções podem ser compartilhados por diferentes vírus. “Isso seria uma otimização do sistema imune, visto que o número de vírus e bactérias diferentes é extremamente alto. Dessa forma, assim como em um sistema de investigação, o sistema imune focaria preferencialmente em características que levantam suspeita, e não todas as características possíveis”, explica Fioravanti. 

O trabalho buscou identificar estas pistas nas diferentes partes que formam o SARS-CoV-2. “Nós identificamos características compartilhadas entre o SARS-CoV-2 e outros vírus não relacionados (não pertencentes à família coronaviridae), como o herpesvírus, o vírus da hepatite C e o vírus influenza (causador da gripe). Outro dado importante, é que esse reconhecimento é feito por características genéticas que são comumente encontradas na população. Isso chama a atenção porque o sistema imune é altamente diverso geneticamente”.

Essa conclusão, segundo o pesquisador, sugere que este mecanismo pode ter “amortecido” o impacto da pandemia, evitando uma catástrofe ainda maior. “Ao longo da evolução, nosso sistema imune foi moldado para nos proteger não só como indivíduo, mas também como espécie. É compreensível que tenhamos desenvolvido um sistema que nos prepare para novas formas infecciosas, mesmo que seja uma resposta preliminar que nos permita ganhar tempo para gerar uma resposta eficaz”, explica Fioravanti.

Por isso, segundo ele, é tão importante a vacinação contra diferentes tipos de vírus. “Assim, estaremos treinando nossa imunidade não só contra aquele patógeno, mas provavelmente contra outros com características similares”, avalia.

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