Projeto de IA utiliza dados de exames de sangue para rastrear câncer de mama

Com o intuito  de ampliar o acesso ao diagnóstico precoce do câncer de mama, a Huna, healthtech especializada em inteligência artificial, irá desenvolver painéis de marcadores sanguíneos, utilizando exames laboratoriais de rotina, como o hemograma, e técnicas de processamento de dados. A iniciativa, apoiada pela Roche Farma Brasilfoi selecionada por meio do edital dASTRo que apoia projetos que impactem a utilização de dados de vida real existentes nas bases do Sistema Único de Saúde (SUS) para otimizar as avaliações de tecnologias e de gestão do sistema público de saúde brasileiro.

O edital foi destinado a pesquisadores e empreendedores que atuam com o desenvolvimento de soluções usando técnicas de inteligência artificial, machine learning e mineração de dados para a saúde, valorizando a apresentação de grupos com diferentes expertises por trás dos projetos. Foram recebidas propostas de pesquisa com o objetivo de transformar a capacidade atual de uso de dados para orientar decisões de saúde pública no país. O apoio total será de até R$ 110 mil e a tecnologia será acompanhada e avaliada ao longo de 12 meses.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as brasileiras, com incidência de 29,7%. Trata-se de uma doença com boas taxas de cura e controle quando descoberta inicialmente, mas o diagnóstico tardio é uma realidade que piorou nos últimos anos. De acordo com dados do Radar do Câncer, realizado pelo Instituto Oncoguia com base no DataSUS, 56% dos casos de câncer de mama no Brasil em 2021 já se encontravam em estágios avançados no início do tratamento. Em 2019, eram 44% dos casos. Isso prejudica não apenas os tratamentos, como também eleva os custos do sistema de saúde.

Apesar de mulheres acima dos 50 anos terem acesso ao exame de mamografia bianual pelo SUS, 78% dos municípios brasileiros não possuem mamógrafo, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Além disso, o programa de rastreamento não acolhe mulheres mais jovens ou homens. Por isso, a Huna propôs a criação de um teste de rastreamento do câncer de mama aplicável a toda população e acessível pelo SUS, empregando o conceito de machine learning a marcadores do exame de sangue e dados clínicos demográficos.

“O que a gente traz com a metodologia de Huna é uma mudança de paradigma na medicina”, explica Daniella Castro, cofundadora e diretora de tecnologia da Huna. “Doenças complexas não deixam marcas lineares, e a Inteligência Artificial é capaz identificar padrões em exames de baixa complexidade, como o hemograma”, completa.

A healthtech, que traz no portfólio de sua metodologia trabalhos científicos para identificar infecções ativas por Covid-19 e predizer o risco de desenvolvimento do Alzheimer, tem como grande foco a acessibilidade e custo-efetividade do sistema de saúde. “Queremos agregar a cadeia da saúde usando exames de sangue, da forma mais barata e simples possível, para aumentar a incidência do rastreamento no país”, afirma Vinicius Ribeiro, cofundador e gerente de produto da Huna. “Ficamos super felizes com a aprovação do edital, é um grande reconhecimento do que queremos fazer e uma oportunidade brilhante de validarmos a nossa tecnologia dentro do contexto da saúde pública”, finaliza.

Segundo Antônio Silva, diretor de estratégia & acesso da Roche Farma Brasil, o apoio da companhia consolida o compromisso em atuar como catalisadora de projetos inovadores no Brasil, cocriando com o ecossistema iniciativas que impactem positivamente a sociedade. “É essencial que projetos que buscam ampliar o acesso dos brasileiros a ferramentas e tratamentos inovadores sejam incentivados e impulsionados, para que os resultados cheguem de fato a quem mais precisa”, conclui o executivo.

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