O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta o câncer de colo do útero como o quarto tumor maligno mais frequente na população feminina brasileira, atrás do câncer de pele não melanoma, câncer de mama e câncer colorretal. Além disso, também é a quarta causa de morte de mulheres nesta categoria no Brasil. Portanto, é importante que as mulheres entendam quais são as formas de prevenir a doença e, principalmente, as novas metodologias para diagnosticá-la, tornando o tratamento mais rápido e eficaz.
O principal agente causador do câncer no colo do útero é o papilomavírus humano (HPV). Segundo Euclides Matheucci Jr, diretor científico e de inovação do Grupo DNA, vice-coordenador do Comitê Científico de Diagnóstico Molecular da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC-ML) e professor no programa de pós-graduação em biotecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a infecção é transmitida por meio da relação sexual. “Tanto o sexo oral como qualquer contato com a região genital, inclusive com as mãos, podem provocar a transmissão”, explica.
Dentre os sintomas do vírus estão verrugas na região genital e no ânus, que normalmente são causadas por tipos de HPV não cancerígenos. “Já quando há lesões subclínicas, que não são visíveis a olho nu, há o risco, alto ou baixo, para o desenvolvimento de câncer. Elas acometem vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus e região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas e mucosas nasal, oral e laríngea”, diz o especialista.
Para o profissional da saúde, devido à infecção em questão ser uma das grandes precursoras do câncer no colo do útero, tomar medidas de prevenção contra o vírus é fundamental. “A vacinação é essencial no combate ao HPV. A vacina está disponível no Brasil e é recomendada para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos”, alerta o diretor científico e de inovação do Grupo DNA.
Já em relação ao diagnóstico, Matheucci pontua que há dois desafios nos métodos mais utilizados e conhecidos. “O primeiro deles é que o rastreamento no país ainda é muito realizado por meio do exame de papanicolau, que apresenta baixa sensibilidade quando comparado ao teste molecular específico para identificação do vírus. O segundo está na coleta de amostra de colo de útero, que tradicionalmente é feita em consultórios e clínicas; ou seja, é um procedimento que deve ser agendado com antecedência e gera custos excessivos para o paciente”, afirma Matheucci.
Ele reforça não existir motivo para realizar a citologia antes do diagnóstico molecular do HPV, pois, na citologia, teste de baixa sensibilidade, o paciente já está com a lesão e o que interessa é a prevenção.
A DNA Consult, laboratório de biotecnologia especializado em exames genéticos do Grupo DNA, desenvolveu duas metodologias que atacam justamente os desafios na rastreabilidade do HPV: a autocoleta de amostras do colo do útero e a qPCR. O objetivo da empresa com os novos métodos é otimizar os custos, tempo e alavancar a precisão dos resultados.
Para realizar o exame, a paciente recebe uma escova cervical em sua casa para fazer a coleta. “O envio do conteúdo ao nosso laboratório é extremamente prático, pois pode ser feito pelo correio, sem necessidade de refrigeração. O teste não demanda um pedido médico e aproximadamente depois de sete dias úteis o resultado já está disponível”, explica Matheucci.
De acordo com o diretor científico e de inovação do Grupo DNA, publicações recentes comprovam que a autocoleta de amostras de colo uterino são eficientes e apresentam um custo-benefício maior em relação às metodologias tradicionais de coleta. Uma delas é o estudo “Autocoleta e teste de DNA HPV como método de rastreamento em Mulheres Privadas de Liberdade no Amazonas”, tese de doutorado da discente Hilka Pereira para a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
A pesquisa, feita com mulheres de 26 a 33 anos, mostra que 99,3% das pacientes fariam uso novamente desse método. Quando questionadas sobre a preferência entre a autocoleta ou a coleta por um profissional da saúde, 90,3% escolheram a primeira. Dentre elas, 78,5% afirmaram que o motivo se deve à facilidade da realização do exame e à ausência de constrangimento no mesmo.
“A autocoleta é um processo seguro e preciso. O nosso serviço, por exemplo, segue as recomendações da OMS (Organização Mundial da Saúde) e pode ajudar a identificar lesões pré-cancerosas causadas pelo HPV, que levam muitos anos para se desenvolver. Portanto, elas podem ser tratadas de forma antecipada e evitar o tumor”, diz Matheucci. “O exame também pode ajudar a diagnosticar o câncer em um estágio inicial, fazendo com que o tratamento tenha melhor potencial de cura”, finaliza.