Popularização da atenção primária exige mudança cultural, diz professor de Harvard

As empresas que investem em programas de saúde dos colaboradores precisam assumir papel de protagonistas no esforço para mudar a forma como o brasileiro vê o trabalho do médico. É o que defende o professor da Harvard Medical School, Robert Janett, referência mundial no atendimento em atenção primária, que participou da segunda edição do AsQ Talks, série de debates organizada pela AsQ, empresa especializada em gestão da saúde.

Ele explicou que o passo inicial para concretização da atenção primária à saúde no país passa por uma transformação cultural. “O essencial é fortalecer entre os brasileiros a percepção de que o acompanhamento periódico é fundamental para evitar complicações, que podem exigir tratamentos mais complexos e colocar em risco a saúde do indivíduo”, disse Janett.

Segundo ele, o objetivo deve ser evitar problemas secundários causados por doenças crônicas. Tratar e prevenir a hipertensão, por exemplo, evita uma insuficiência cardíaca ou acidente vascular cerebral. “Isso exige estimular a criação de vínculos do paciente com o médico”, diz Janett. Vencida essa fase, acrescenta, os benefícios costumam transformar os pacientes em defensores do modelo.

Na atenção primária à saúde, uma equipe multidisciplinar composta por médico da família, enfermeiro, psicólogo, fisioterapeuta, nutricionista e profissional de serviço social atuam diretamente no acompanhamento integral da saúde dos pacientes, estimulando sua presença nas consultas eletivas. O atendimento pode ser feito de forma presencial ou por telemedicina, ampliando o conforto e a assiduidade nas consultas. Com alto grau de resolutividade, esse modelo reduz as complicações de doenças crônicas e gera diminuição de gastos com saúde.

O CEO da AsQ, André Machado, acredita que a mudança cultural já está ocorrendo no Brasil. “Buscamos integrar e estimular o autocuidado dos pacientes por meio da procura pela atenção primária à saúde. Já sabemos que colaboradores saudáveis aumentam a produtividade e melhoram o clima organizacional. Precisamos então discutir mais a gestão da saúde nas empresas, estimulando o atendimento primário. Todos têm a ganhar com isso.”

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