O extrato de Canabidiol chega a rede pública de São Paulo em maio. O compromisso foi fechado com o deputado Caio França (PSB), autor da lei 17.618/23, durante reunião com o Grupo de Trabalho Canabidiol, formado no ano passado. Já na França, os tratamentos à base de cannabis medicinal serão permitidos a partir de janeiro de 2025, decisão tomada pela Agência Nacional de Segurança de Medicamentos (ANSM). Com a regularização do tratamento alternativo crescendo em diversos países, o conhecimento para realizar a prescrição desses medicamentos aos pacientes se torna cada vez mais importante, principalmente porque não é ensinado na grade curricular das faculdades de medicina.
Para o médico Dr. João Paulo Cristofolo Jr., Sócio-Fundador e Coordenador Geral do Grupo Conaes Brasil – Educação Médica, empresa especializada no ensino médico para estudantes de medicina e médicos que desejam aprender sobre a prescrição de cannabis medicinal, a regularização de medicamentos à base de cannabis medicinal marca um avanço significativo na saúde pública e na medicina contemporânea. “Reconheço a importância desta medida, não apenas pelo seu impacto direto na acessibilidade de tratamentos inovadores, mas também pela sua capacidade de transformar a vida de muitos pacientes”, explica.
O governo francês promoveu um estudo, iniciado em 2021, que contava com a participação de 275 unidades de saúde por todo o país, administrando o uso de medicamentos à base de cannabis em mais de 3 mil portadores de diversas patologias, entre elas a dor neuropática, esclerose múltipla, variações específicas de epilepsia. A participação só era feita com pacientes que apresentavam aversão aos medicamentos existentes ou que já haviam testado todos os tratamentos disponíveis, esses que se mostravam ineficientes. O resultado positivo do ensaio em pacientes com condições como cefaleia, tumores e HIV, foi responsável para dar continuidade a autorização dos tratamentos à base da planta.
Apesar da futura disponibilidade não só na França, como também no estado de São Paulo, Cristofolo destaca que o alto custo desses medicamentos tem sido uma barreira para muitos, impedindo o acesso a tratamentos potencialmente transformadores. “A regulamentação, portanto, promove uma maior equidade no acesso à saúde, garantindo que todos, independentemente de sua condição financeira, possam se beneficiar desses tratamentos”, pontua.
O médico também enfatiza a importância da disseminação de informações confiáveis sobre os benefícios e o uso correto da cannabis medicinal. “Há ainda um grande estigma e desinformação circulando sobre a cannabis, o que pode gerar resistência tanto por parte dos profissionais de saúde quanto dos pacientes. Educar o público e os profissionais de saúde sobre as evidências científicas e os benefícios clínicos da cannabis medicinal é crucial para a sua aceitação e uso adequado”, afirma.
Ele ressalta os resultados promissores observados nos pacientes que já utilizam cannabis medicinal, evidenciando melhorias significativas na qualidade de vida, especialmente em condições como as síndromes de Dravet, Lennox-Gastaut e Esclerose Tuberosa. “Facilitar o acesso a esses tratamentos significa dar esperança e alívio a muitos que lutam diariamente contra doenças crônicas e debilitantes”, acrescenta Cristofolo.
Por outro lado, o médico destaca a necessidade contínua de pesquisas para expandir o conhecimento sobre o potencial terapêutico da cannabis. “A regulamentação não apenas facilita o acesso imediato a tratamentos necessários, mas também abre portas para um futuro de investigação científica mais robusta, que poderá desvendar novas aplicações terapêuticas da cannabis”, enfatiza sobre a importância de a medicina avançar nessa área.
A regulamentação da distribuição de cannabis medicinal pelo SUS, em São Paulo, representa um marco na evolução do cuidado ao paciente no Brasil. Além de promover um avanço no tratamento de patologias específicas, estimula o desenvolvimento de novos estudos e pesquisas na área da saúde. “Espera-se que, com o tempo, mais condições sejam incluídas na cartela de doenças tratáveis com cannabis, ampliando assim o espectro de pacientes beneficiados. Este é um momento de otimismo e expectativa para a comunidade médica e para todos aqueles que serão impactados positivamente por essa mudança”, finaliza.