sexta-feira, julho 25, 2025
Home News Conectividade precária trava avanço da saúde digital em regiões remotas

Conectividade precária trava avanço da saúde digital em regiões remotas

por Bruno Lauterjung
0 comentários

O Saúde Digital News apresenta o segundo capítulo da série especial sobre infraestrutura digital e segurança na saúde, com análises de quatro grandes especialistas do setor: Gustavo Marui (Logicalis), Luciana Pinheiro (Citrix), Satnam Narang (Tenable) e Claudio Bannwart (Netskope). Em cada matéria, abordamos um desafio central para a construção de um ecossistema hospitalar mais conectado, seguro e eficiente. Nesta edição, o foco está no impacto da conectividade limitada nas regiões remotas e no quanto isso ainda impede o avanço de modelos inteligentes de atendimento.

Apesar do avanço da digitalização em grandes centros urbanos, o acesso desigual à infraestrutura básica de internet segue criando barreiras estruturais para a expansão de tecnologias como telemedicina, prontuário eletrônico e monitoramento remoto de pacientes, pilares da chamada saúde conectada.

Sem rede, não há digitalização

Para Gustavo Marui, gerente de Soluções para Saúde da Logicalis, a conectividade é o ponto de partida para qualquer iniciativa digital no setor. Em sua visão, a ausência de redes de qualidade impossibilita levar atendimento eficiente a áreas afastadas. “Impacta diretamente. Sem uma boa conectividade, é praticamente impossível fazer com que atendimento de qualidade chegue a regiões remotas”, afirma. A falta de rede adequada, segundo ele, limita o uso de ferramentas como telemedicina, prontuário em nuvem e monitoramento remoto, soluções que poderiam justamente compensar a ausência de infraestrutura física.

“Sem conectividade, reforça-se a desigualdade regional. A conectividade é um viabilizador para implementar soluções como telemedicina, prontuário eletrônico em nuvem ou monitoramento remoto de pacientes, por isso, a falta dela acaba limitando o acesso à saúde em áreas que já são carentes de infraestrutura física”, explica.

Eficiência e segurança do paciente em risco

Luciana Pinheiro, country director da Citrix Brasil, reforça que a conectividade é crítica não apenas para o funcionamento técnico dos sistemas, mas para a própria segurança do paciente. “Sem conectividade confiável, é complexo garantir acesso em tempo real a dados médicos, prontuários eletrônicos e sistemas de decisão clínica. Isso compromete não só a eficiência, mas a própria segurança do paciente”, destaca.

Ela explica que, hoje, médicos e profissionais da saúde precisam acessar dados de forma rápida e segura, muitas vezes em instituições diferentes, e em locais com estrutura limitada, como o interior do país, plataformas de petróleo ou zonas rurais. A Citrix aposta em soluções como o DaaS (Desktop as a Service), que funciona com alta performance mesmo em redes de baixa qualidade, além de tecnologias de segurança como Zero Trust e controle de acesso por contexto. “Com essas soluções, é possível garantir que médicos e pacientes acessem informações de forma segura e consistente, mesmo em locais com infraestrutura limitada.”

Falta de visibilidade em ambientes remotos

Embora a Tenable não tenha uma resposta específica para a questão da conectividade geográfica, Satnam Narang, especialista da empresa, tem alertado para um problema paralelo: a ausência de visibilidade em dispositivos e ativos conectados, especialmente em ambientes descentralizados. Em muitos hospitais de menor porte, ou com redes distribuídas, não há controle adequado sobre o tráfego ou os dispositivos em uso, o que, na prática, gera lacunas semelhantes às das regiões sem conectividade. Esses “pontos cegos”, como define, aumentam o risco de ataques e dificultam a implementação de tecnologias digitais mais avançadas.

A conectividade como nova camada de vulnerabilidade

Para Claudio Bannwart, country manager da Netskope Brasil, a conectividade deixou de ser um diferencial técnico e passou a representar uma camada crítica de proteção, ou vulnerabilidade. “Cada novo ponto conectado representa uma nova superfície de ataque, e isso é ainda mais sensível quando falamos de ambientes hospitalares em áreas remotas”, afirma. Para ele, a solução passa por arquiteturas que garantam segurança desde o tráfego até o endpoint, com políticas adaptativas e visibilidade total, independentemente da localização do usuário.

Bannwart ressalta que a conectividade precisa vir acompanhada de inteligência e controle. “É preciso construir uma resiliência cibernética que acompanhe os avanços tecnológicos, protegendo a integridade das operações e a segurança dos pacientes”, pontua.

Notícias relacionadas

Deixe um comentário

* Ao utilizar este formulário concorda com o armazenamento e tratamento dos seus dados por este website.

SAÚDE DIGITAL NEWS é um portal de conteúdo jornalísticos para quem quer saber mais sobre tendências, inovações e negócios do mundo da tecnologia aplicada à cadeia de saúde.

Artigos

Últimas notícias

© Copyright 2022 by TI Inside