Ameaças virtuais a serviços de saúde colocam em risco a vida dos pacientes

A virtualização dos processos é uma tendência que tem acontecido em todos os segmentos, uma vez que a digitalização de documentos proporciona facilidades no armazenamento e compartilhamento de informações. Na área jurídica, por exemplo, todos os processos nos tribunais estão migrando para o ambiente virtual. Na saúde, não é diferente: resultados de exames e laudos já estão disponíveis aos pacientes e médicos pela web, seja em uma rede interna de um hospital ou ao público, no caso dos laboratórios. Mas será que esses dados estão protegidos?

A questão da segurança no segmento de healthcare tem despertado a atenção à medida que a tecnologia vem assumindo o protagonismo na realização de diagnósticos e tratamentos de enfermos. A preocupação, hoje, vai além de eventuais manipulações de dados ou sequestro de informações, que são crimes que podem acarretar em prejuízos financeiros ou constrangimentos – como a divulgação de procedimentos cirúrgicos ou o diagnósticos de doenças diretamente relacionadas à intimidade dos pacientes. Em uma etapa mais avançada, ataques a esses dispositivos conectados podem colocar vidas em risco.

Hospitais já contam, por exemplo, com aparelhagem conectada à Internet para permitir o monitoramento de pacientes à distância e respiradores. Também são realidade próteses eletrônicas e dispositivos para administração de medicações, como uma bomba de insulina implantada no corpo de uma pessoa com enfermidades crônicas. Esses aparelhos são vulneráveis a ciberataques que podem alterar dosagens. Até mesmo um diagnóstico alterado pode implicar em um tratamento inadequado. Já a indisponibilização da rede de serviços pode atrasar ou cancelar o pronto atendimento de emergências em hospitais, conforme aconteceu recentemente no Centro Médico Presbiteriano de Hollywood, nos Estados Unidos.

Atualmente, as grandes instituições de saúde têm como obrigatoriedade a contratação de serviços preventivos para a mitigação de riscos de ataques virtuais. Entretanto, o relatório global SEO Survey, da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC), realizado junto a 56 líderes do setor de saúde em 27 países, aponta que apenas 48% dos entrevistados adotam medidas adequadas para se proteger no âmbito digital. O número é alarmante para um mercado que deve contar com 646 milhões de dispositivos “internet das coisas” (IoT) até 2020, segundo o levantamento BI Intelligence, da Business Insider.

O que se percebe na prática é que as empresas e profissionais deste segmento estão cientes da importância da segurança digital, mas poucos trabalham com uma estrutura interna para a proteção de dados e dispositivos. Na maioria dos casos, as ações ocorrem pontualmente após eventuais ocorrências, ao invés de um investimento em ações preventivas.

Além da conscientização dos gestores de hospitais, clínicas e laboratórios, o momento é de iniciativa dos governos e de auditorias incentivarem e, sobretudo, fiscalizarem os investimentos em infraestrutura de segurança digital, como soluções para criptografia dos dados e mitigação de ataques de negação de distribuição de serviço (DDoS), entre outros, a fim de garantir a qualidade e eficiência dos serviços de healthcare. Afinal, com saúde não se brinca.

Bruno Prado,  CEO da UPX Technologies.

Related posts

Primeiro lote com 1,25 milhão de doses da vacina da Moderna para covid-19 chega ao Brasil nesta quinta-feira, informa a Adium

Aderência a planos de saúde com coparticipação sobe para 53% no Brasil

Tecnologias são ferramentas estratégicas para gestão dos custos dos planos de saúde empresariais