Cinco aplicações-chave da inteligência artificial no setor da saúde

É perceptível o impacto da inteligência artificial (IA) na transformação do mundo, nos negócios e na forma como interagimos. Cada vez mais, essa tecnologia cresce e interfere positivamente em diversos setores. De acordo com pesquisa da Markets and Markets, o mercado de IA movimentará US$ 190 bilhões até 2025 na área da indústria.

Em relação ao setor de saúde não é diferente, pois a área foi uma das que mais obteve um grande impacto com a IA. Um estudo da Forrester comprova esse crescimento ao concluir que os principais aplicativos de IA de saúde clínica podem potencialmente gerar US$ 150 bilhões em economia para o setor da saúde nos EUA até 2026.

A tecnologia pode aprimorar o diagnóstico, agilizar a triagem do paciente, auxiliar no trabalho dos médicos, no controle de farmácias, entre outras funções, ou seja, pode ser usada como um grande apoio em prol da saúde.

A seguir, enumero cinco possibilidades de aplicação da IA nas instituições de saúde:

1.   Auxiliar na complementação de informações para o prontuário do paciente — Utilizado em diversos estabelecimentos de saúde, o prontuário eletrônico é um registro digital que armazena todas as informações dos pacientes, incluindo históricos, queixas, diagnósticos e tratamentos. É uma ferramenta muito importante para as equipes de enfermagem e médicos acompanharem a evolução do estado de saúde do indivíduo e das ações realizadas.

À medida que as consultas e atividades de cuidado vão ocorrendo, a IA poderia compilar a conversa entre profissional de saúde e paciente, sem perder detalhes importantes para a linha de tratamento e diagnóstico, criando, assim, uma espécie de banco de dados personalizado, eliminando a necessidade de o médico precisar anotar tudo. A ferramenta ajuda muito nesse processo para o médico não perder nenhum detalhe e poder armazenar as particularidades do que foi relatado, poupando seu trabalho braçal. Isso possibilitaria uma análise segura e a tomada de decisão com praticidade e precisão.

2.   Gerar dados e alertas no tratamento do paciente — A IA também pode ser usada para gerar alertas e colaborar com o monitoramento do tratamento. Segundo Andrey, os alertas são importantes, podendo envolver os horários para ministrar medicamentos, a medição da pressão e sinais vitais, o desenvolvimento dos devidos procedimentos para avaliar o estado do paciente, entre outros. Se um paciente está com dores que não foram amenizadas com determinados medicamentos, é sinal que pode se tratar de um caso mais agudo, como uma infecção ou outras doenças mais graves, por exemplo. Os alertas podem ajudar a captar os sinais e a IA poderia sugerir o motivo pelo qual o paciente não está melhorando, auxiliando os médicos no diagnóstico preciso.

Outro ponto importante está no cruzamento entre a prescrição de medicamentos e a aplicação dos remédios dispensados, o que pode ser avaliado através da farmácia dos hospitais. Caso o medicamento volte para a farmácia, a IA criaria um alerta, e através do cruzamento com os alertas clínicos, sugerir os motivos deste ter retornado e de não ter sido utilizado. Isso evita que os medicamentos sejam devolvidos por engano e, consequentemente, que os pacientes sejam prejudicados.

3.   Apoiar a medicina de precisão — A IA colabora também no registro dos medicamentos, indicando os mais eficientes para um devido tratamento, dando opções para o médico observar o que seria melhor. A medicina de precisão alia os dados já convencionalmente utilizados para diagnosticar sinais, sintomas, história pessoal/familiar e exames complementares amplamente utilizados — ao perfil genético do indivíduo e a IA deixa o trabalho mais fluido para o médico e mais assertivo para os pacientes.

4.   Auxiliar na decisão clínica — O médico tem como uma das principais tarefas diagnosticar uma doença diante de diversos sintomas e situações de cada paciente e precisa observar qual das opções é a mais provável em cada caso. Com a facilitação na criação de relatórios e prontuários eletrônicos, a inteligência artificial colabora com as opções mais previsíveis de acordo com cada condição, ajudando o médico a decidir qual resultado é o mais pertinente e certeiro.

A IA pode ajudar tanto na decisão de medicamentos que podem causar efeitos positivos ou negativos no paciente, quanto dar as opções do que o paciente pode ter. Baseado em dados de exames, ele cria hipóteses clínicas para assim, o médico decidir. Apesar disso, o médico é quem deve diagnosticar, pois a IA é uma ferramenta para apoiar e não para substituir a atividade médica.

5.   Ajudar na prevenção de epidemias — A IA tem a capacidade de criar um perfil epidemiológico em que é feita uma análise para identificar o quadro geral de uma população específica, criando, assim, uma medicina preventiva. Por exemplo, ao atender cerca de dez pacientes de uma mesma região com o mesmo quadro de saúde, pode ser o sinal de identificação do início de uma epidemia.

As ferramentas de inteligência artificial podem colaborar ainda com acertos, mas também é passível a erros. Existe uma via entre o médico e a IA, onde o olhar humano é imprescindível, principalmente para diagnóstico do paciente. A IA vem para aprimorar, mas não vai substituir o trabalho do ser humano. É muito importante que haja uma curadoria das informações e decisões que a inteligência está indicando.

*Andrey Abreu e diretor de tecnologia da MV, multinacional focada na transformação digital na saúde.

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