quarta-feira, janeiro 15, 2025
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Tecnologia revolucionária para hemodiálise chega ao Brasil e aprimora a jornada do paciente

por Thiago Almeida Barroso
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Pacientes com doença renal crônica enfrentam diferentes desafios na jornada de tratamento e, quando precisam fazer hemodiálise, podem passar por inúmeras adversidades. Dentre elas, os acessos vasculares necessários para a realização desta terapia, invariavelmente, sofrem algum tipo de disfunção mecânica com o passar do tempo, podendo se manifestar como estenoses (estreitamento do vaso sanguíneo) ou trombose.

Atualmente existem aproximadamente 140 mil pacientes em diálise no Brasil e cerca de 90% deles realizam terapia renal substitutiva por hemodiálise. Para garantir um tratamento eficaz e com mais segurança, a tecnologia tem sido sua principal aliada. A inovação, respaldada por estudos científicos, guia as decisões na avaliação, escolha, vigilância e gestão das complicações do acesso vascular para hemodiálise. 

A hemodiálise é facilitada quando é criado um circuito artéria-veia no braço do paciente chamado fístula arteriovenosa (FAV)¹. Entretanto, pode ocorrer bloqueio em alguns pontos deste circuito, interferindo no processo. Uma das opções de tratamento é a angioplastia, que consiste nas utilizações de balões para dilatar as estenoses venosas. Todavia, a grande limitação é a taxa de falha técnica imediata e alta taxa de recorrência das lesões. ¹ 

A FAV é o acesso vascular de escolha, pois vários estudos demonstraram que ela está associada a menores taxas de complicações pós-operatórias, menores custos de manutenção e de menores taxas de revisões cirúrgicas ou endovasculares para manter a perviedade em comparação com outras modalidades de acesso. 

Uma solução desenvolvida para otimizar a qualidade da hemodiálise, revertendo o quadro de disfunção mecânica por estenoses e minimizar o risco de perda definitiva dos acessos vasculares foi lançada durante o Congresso Brasileiro de Angiologia e Cirurgia Vascularde 2024. Trata-se de uma nova tecnologia que visa mudar modelos de cuidados. 

Um stent formado por uma liga metálica de níquel e titânio, encapsulado com camadas de um tecido que funciona como uma barreira mecânica, e revestido internamente com carbono, que contribui para evitar trombose, trata com segurança e eficácia lesões estenóticas na saída de fluxo venoso do circuito de acesso com elevado sucesso técnico. O stent revestido Covera, portanto, restaura e mantém o fluxo venoso do acesso para hemodiálise. 

Menos complicações e mais qualidade de vida

O estudo clínico AVeNEW² demonstrou que os pacientes tratados com o stent revestido receberam menos intervenções para manter a perviedade da fístula arteriovenosa e tiveram tempo prolongado entre estas intervenções. Outro estudo³ mostrou que o stent é seguro e contribuiu para a diminuição das taxas de novas intervenções em fistulas protéticas.

Este novo cenário no campo da nefrologia e da cirurgia vascular traz diversos benefícios. Em relação aos pacientes renais crônicos, reduz ocorrência de complicações e aumenta a qualidade de vida³, já que a nova tecnologia melhora o desempenho do acesso para diálise, garante o fluxo sanguíneo adequado, oferece durabilidade prolongada e permite uma implantação eficiente, com boa adaptação anatômica e fácil navegação pelos vasos. 

Quando os pacientes não sofrem complicações, como infecções ou falhas no acesso vascular, e não precisam passar por procedimentos corretivos de fístulas, o número de internações hospitalares de emergência é reduzido. Isso também melhora a qualidade de vida dos pacientes e alivia a sobrecarga hospitalar.

Com a queda de internações, há redução de recursos financeiros que seriam aplicados em hospitalizações, envolvendo cirurgias e cuidados de saúde, bem como aumenta o giro de leitos para atender pacientes com outros tipos de necessidades. A otimização do uso destes recursos contribui para a sustentabilidade do sistema de saúde. 

Inovações como esta apresentam várias vantagens aos pacientes, profissionais da saúde e instituições, impactando positivamente todo o setor. A tecnologia aplicada ao stent de última geração permite um tratamento contínuo e eficiente para pacientes em diálise, com menos interrupções e melhor planejamento dos cuidados. É a inovação a serviço da promoção da saúde. 

Thiago Almeida Barroso é médico cirurgião vascular, com área de atuação em angiorradiologia e cirurgia endovascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).

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