quinta-feira, junho 12, 2025
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Mapear riscos psicossociais é urgente, e agora é lei

por Laura Salles
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As empresas brasileiras estão diante de uma nova responsabilidade legal e, mais do que isso, de uma oportunidade concreta de promover ambientes corporativos mais saudáveis, diversos e sustentáveis. A atualização da NR-01, que entrará em vigor em maio de 2026, exige que organizações de todos os portes incluam, entre suas obrigações, o mapeamento e a mitigação dos riscos psicossociais no trabalho.

A data  pode parecer distante, mas, adiar o planejamento pode custar caro. Mais do que uma exigência legal, a norma representa uma mudança de paradigma na forma como entendemos a saúde no trabalho. Ela aponta para um futuro em que proteger o bem-estar emocional das equipes será parte central da responsabilidade empresarial. Preparar-se desde já permite às empresas incorporarem essa agenda com estratégia, consistência e tempo hábil para transformações reais.

Mas o que isso significa, na prática? Riscos psicossociais envolvem fatores como exaustão emocional, assédio moral, falta de reconhecimento, jornadas abusivas e culturas organizacionais que geram adoecimento mental. Ignorar esses elementos compromete a saúde dos colaboradores,  a produtividade, a retenção de talentos e a reputação da empresa.

O avanço dessa pauta no campo regulatório sinaliza uma inflexão importante no modo como compreendemos a saúde ocupacional. Deixa-se para trás a visão limitada à integridade física, e ganha força a ideia de que ambientes organizacionais também precisam ser emocionalmente seguros. Isso exige das lideranças uma nova postura: mais empatia, mais escuta ativa, mais presença. Não basta apenas ter canais de denúncia. É preciso atuar antes que o problema escale, com dados, planejamento e educação corporativa.

Nesse sentido, a escuta estruturada das pessoas colaboradoras ganha centralidade. Compreender como elas percebem o ambiente de trabalho  em relação à diversidade, à segurança psicológica e ao senso de pertencimento  é o primeiro passo para desenvolver uma cultura genuinamente inclusiva. E uma vez que esses dados estejam mapeados, eles precisam se transformar em ações concretas: mudanças em políticas internas, treinamentos, campanhas, revisão de condutas, apoio psicossocial e acompanhamento contínuo.

A maturidade de uma organização é medida não apenas pelo discurso que adota, mas pelo que decide priorizar no seu orçamento, nos seus indicadores estratégicos e nas suas práticas cotidianas. Empresas que investem em ações preventivas hoje estarão mais preparadas para atender às exigências legais amanhã  e, mais do que isso, estarão construindo uma reputação sólida diante de talentos e investidores que exigem posicionamentos coerentes e ambientes éticos.

Essa não é uma agenda de “recursos humanos”, mas de sustentabilidade, inovação e governança. O risco psicossocial não é invisível, aparece nos números de turnover, nos processos trabalhistas, na baixa produtividade, nas ausências frequentes e até no silêncio dos colaboradores. E como todo risco relevante, ele precisa ser mapeado, monitorado e mitigado. Com método, com consistência e com coragem para rever o que precisa ser transformado.

Seja por exigência legal, seja por convicção estratégica, o tempo de tratar cultura e diversidade como temas secundários acabou. O futuro do trabalho passa por ambientes emocionalmente seguros, psicologicamente saudáveis e estruturalmente diversos. Mapear riscos é só o começo.

Laura Salles, fundadora e CEO da PlurieBR.

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