Discutir como a conectividade na saúde veio para colocar a jornada do paciente no centro da atenção, conectando equipe médica e as pessoas, foi o objetivo da 1ª edição o evento 5G Saúde Conectada, promovido pelo Saúde Digital News e TI Inside, nesta terça e quarta-feira,, 11 e 12, no formato digital.
A abertura do evento apresentou uma palestra especial, feita por Luciana Portilho, coordenadora da Pesquisa TIC na Saúde do Cetic.br sobre a avaliação dos resultados da Pesquisa TIC em Saúde de 2022.
A pesquisa, conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), mostra em seus resultados alguns ineditismos, primeiro um crescimento no uso de tecnologias pelos profissionais de saúde, se comparado com o cenário anterior à pandemia e também que a recém regulamentada teleconsulta foi utilizada para atender pacientes por 33% dos médicos e 26% dos enfermeiros no país.
Conforme revelou a pesquisadora do Cetic, um desses avanços foi em relação ao acesso a dados disponíveis eletronicamente dos pacientes. No caso dos enfermeiros, houve maior crescimento em anotações de enfermagem (de 52% em 2019 para 81% em 2022); histórico e anotações clínicas do paciente (de 62% para 85%) e imagens de exames radiológicos (de 42% para 65%). Já no dos médicos, os maiores aumentos foram na disponibilidade de lista de medicamentos prescritos ao paciente (74% em 2019 para 85% em 2022); nos principais motivos que levaram o paciente ao atendimento (de 77% para 85%) e nas anotações de enfermagem (69% para 79%).
A pesquisa constatou um avanço na utilização de telessaúde. O monitoramento remoto de pacientes, por exemplo, que em 2019 era realizado por 16% dos enfermeiros, passou a ser utilizado por 29% deles em 2022. Em relação aos médicos, a prática foi de 9% para 23% no mesmo período. “Com a maior adoção de sistemas eletrônicos pelos estabelecimentos de saúde, observamos em 2022 que os profissionais passaram a ter mais acesso a dados dos pacientes no formato eletrônico, o que pode impactar de forma positiva a assistência em saúde”, comentou Luciana Portilho.
Outro resultado importante é que na comparação entre 2019 e 2022, o serviço de teleconsultoria (contato entre profissionais da área para sanar dúvidas) aumentou de 26% para 34% no caso dos enfermeiros, e de 26% para 45% no dos médicos.
Ainda conforme os dados da 9ª edição da TIC Saúde indicam uma contínua ampliação do uso de computador e Internet conforme observado nos últimos anos, principalmente em estratos que apresentavam maiores disparidades, como nos estabelecimentos de saúde públicos e naqueles localizados na região Nordeste do Brasil.
As Unidades Básicas de Saúde registraram aumento, tanto no uso de computadores (passando de 94% em 2021 para 97% em 2022) quanto no acesso à Internet (92% para 97%, em 2022). Significa dizer que, em um universo de 43 mil UBS, somente 1,3 mil não possuíam esses dois recursos tecnológicos.
No aspecto de políticas de segurança, o percentual de estabelecimentos de saúde que possuem uma política definida passou de 30% em 2021 para 39% em 2022. Alguns estratos, porém, apresentaram avanços mais significativos, como os estabelecimentos privados – metade deles possui uma política sobre o tema, enquanto nos públicos o percentual é 25%. Outros destaques são os estabelecimentos de saúde com mais de 50 leitos de internação (64%) e os de serviço de apoio ao diagnóstico e terapia (56%).
No caso dos profissionais, mais de 60% dos que trabalham nos privados realizaram algum treinamento sobre segurança da informação – outro indicador inédito da pesquisa. No caso dos estabelecimentos públicos, essa proporção é inferior a 15%. Além disso, os profissionais dos estabelecimentos com internação e mais de 50 leitos (33% de enfermeiros e 68% de médicos) foram os que mais tiveram acesso a curso ou treinamento no tema, principalmente se comparados aos profissionais das UBS (13% de enfermeiros e 7% de médicos).
Outro ponto destacado pela pesquisa diz respeito ao uso de novas tecnologias pelos estabelecimentos de saúde. A análise de Big Data permanece sendo um recurso usado por um número reduzido de estabelecimentos de saúde. Em um universo de 120 mil estabelecimentos investigados pela pesquisa, cerca de 7.600 utilizam esse recurso, sendo que destes, cerca de 5.700 são estabelecimentos privados. A principal fonte de informações são os dados próprios dos estabelecimentos tanto os provenientes de fichas cadastrais, formulários e prontuários (76%) quanto os provenientes de dispositivos inteligentes e sensores (74%).
A Inteligência Artificial é utilizada por cerca de 3.500 dos estabelecimentos de saúde e está mais presente nos estabelecimentos privados (cerca de 3.200), enquanto a robótica é utilizada por cerca de 4.700 (cerca de 3.300 destes são privados).
Como explicou Juliana Portilho a pesquisa é realizada desde 2013, e tem o objetivo de investigar a penetração das TIC nos estabelecimentos de saúde e é apoiada pelo Ministério da Saúde e o Departamento de Informática do SUS (Datasus), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), e a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), além de especialistas vinculados a importantes universidades e instituições de pesquisa.
Nesta 9ª edição, as entrevistas ocorreram entre abril e outubro de 2022 com 2.127 gestores de estabelecimentos de saúde localizados em todo o território nacional. A pesquisa também entrevistou 1.942 profissionais de saúde.