Diante da pandemia de Covid-19, doença que coloca em risco sobretudo os profissionais de saúde que assistem os pacientes infectados, a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein e a Enebras, empresa especializada em soluções de ar condicionado para a área da saúde, desenvolveram em tempo recorde um sistema que auxilia a prevenir a propagação do novo coronavírus no ambiente hospitalar. A iniciativa ainda tem o apoio da Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo, que vem dando suporte em questões-chave para a produção industrial, como elaboração de desenhos técnicos detalhados e cadeia de suprimentos.
Batizado de ATMUS, o sistema veio à luz graças ao compartilhamento de ideias entre colaboradores do Einstein e da Enebras que estavam em busca de soluções inovadoras contra a Covid-19. Pacientes internados devido à doença precisam ficar em isolamento para evitar a propagação do vírus, que é transmitido pelo contato físico ou com objetos e superfícies contaminados, além da via respiratória através de gotículas de saliva, espirro, tosse e secreções do nariz.
Ele promove uma pressão negativa, ou seja, por meio de um sistema de exaustão, a pressão do ar dentro de um quarto é controlada para que fique abaixo daquela dos demais ambientes do hospital. O ar contaminado, depois de passar por um filtro de alto desempenho e por lâmpadas germicidas do tipo UVC, é expelido para o ambiente externo já sem os contaminantes. Por sua vez, o ar de maior pressão dos demais ambientes entra no quarto e não deixa o ar do quarto se espalhar para os cômodos adjacentes. Assim, impede-se a saída de ar de uma área de isolamento para as demais, prevenindo-se a contaminação além realizar constante renovação de ar do quarto. Isso reduz a possibilidade de contágio dos profissionais de saúde que mantêm contato com o paciente.
O filtro utilizado é da categoria HEPA (High Efficiency Particulate Arrestance), que é empregada em filtros de ar com alta eficiência na separação de partículas, garantindo a não disseminação de agentes infectantes, como o novo coronavírus. Outra vantagem do ATMUS é o fato de ser portátil, o que facilita a mobilidade dentro de um hospital e propicia o uso da pressão negativa em diferentes locais. Ele já está em utilização no Einstein.
Para Cláudio Terra, diretor de Inovação e Transformação Digital do Hospital Israelita Albert Einstein, o ATMUS atesta a importância de apoiar a criatividade, agilidade e capacidade tecnológica brasileira no combate à Covid-19 e outros desafios de saúde no país. “Estamos muito satisfeitos com a colaboração ágil, inovadora e de extremo comprometimento da Enebras com o momento atual. Recomendamos a solução da empresa para qualquer ambiente que precise de recursos rápidos e portáteis para geração de pressão negativa.”
“É uma alternativa rápida para criar áreas de isolamento provisório, sem grandes obras e acessível a todos os hospitais, incluindo os públicos e de campanha. Nosso objetivo agora é aprimorar o sistema para reduzir o custo e o prazo de fabricação, visando que seja montado facilmente por outras empresas no Brasil utilizando materiais de mercado”, diz o engenheiro Fábio José, da Enebras.
Transferência de tecnologia
A patente do sistema ATMUS pertence à Enebras e ao Einstein. No entanto, qualquer empresa que queira produzir esta tecnologia poderá licenciá-la a custo zero durante a pandemia da Covid-19 para que todo o sistema de saúde do Brasil se beneficie com a inovação, ampliando capacidade de produção em todas as regiões do país.