quinta-feira, novembro 21, 2024
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IA será uma das principais ferramentas para auxiliar médico no diagnóstico precoce

por Luis Camisasca*
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Agravados nos últimos anos pela pandemia, os problemas de saúde mental que afetam a população mundial vêm sendo combatidos de várias formas. Exercícios, leitura, alimentação, são alguns dos principais meios. Apesar dos esforços, os números continuam a crescer, sendo preciso investir ainda mais. A começar pelas pesquisas. Afinal, sem elas não alcançaremos soluções concretas e que tragam resultados em um tempo menor do que os métodos atuais, visto por muitos especialistas – em alguns casos – já obsoletos. É claro que a velocidade, neste caso, não deve ser o único fator a se considerar, mas ela é sim muito importante. E é justamente neste contexto que se encaixa o uso da tecnologia como uma grande aliada, se não a principal.

As ferramentas de avaliação computacional, destinadas à saúde mental e educação, deixaram de ser somente tendência. Enquanto algumas se solidificam, outras surgem, novas tecnologias são desenvolvidas e muito bem aprimoradas até que cheguem ao mercado. Um exemplo é a Psychomeasure, plataforma que chama atenção por auxiliar no diagnóstico por meio da análise da voz do paciente. Diferentemente dos apps que reconhecem texto automaticamente, ou ainda, daqueles que fazem a leitura de radiografias, a nova ferramenta permite, pelo tom dos relatos, maior precisão médica. É o equivalente a um raio X para avaliação de saúde mental. A descoberta científica foi feita há alguns anos e tem passado por diversos testes desde então.

Vale destacar que, até agora, diagnósticos específicos, como o de esquizofrenia, por exemplo, dependiam de um olhar apurado de profissionais treinados para isso. A nova tecnologia chega para aprimorar esse processo. Por meio de estratégias computacionais que complementam avaliações subjetivas complexas, a plataforma usa a teoria dos grafos (área da Matemática) para medir a conectividade de um relato de conteúdo emocional relevante, como o relato de um sonho, por exemplo. Feita a interpretação, utiliza representação de cadeia de pensamentos e trajetória de palavras como gráficos. Isso abre possibilidades para que umas das piores doenças do mundo, o Alzheimer, seja diagnosticado com uso de inteligência artificial.

Avanços como este chegam em um ótimo momento. E não digo isso em razão das chances de negócio que tudo isso pode gerar. Mas, pelo simples fato de que muitos de nós, seres humanos que somos, estamos nos sentindo sufocados com tantos problemas ao redor, o que gera um impacto mental negativo. Dados do Departamento de Ciências Comportamentais e Sociais da Brown University, nos EUA, mostram que os aplicativos reduziram 67% dos casos de ansiedade em comparação com 14% de redução em quem não usou apps. O quanto antes as soluções estiverem no mercado, melhor para o paciente, que poderá iniciar o tratamento, devidamente indicado pelo médico, com maior rapidez.

O tema é urgente! É raro não conhecermos alguém que esteja passando por estresse, ansiedade ou até mesmo depressão, seja no trabalho, na faculdade ou dentro de casa, na nossa família. Isso, quando o problema não atinge a nós mesmos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que 25% das pessoas irão sofrer algum distúrbio de saúde mental durante a vida, e estima ainda que mais de 450 milhões de pessoas já possuam algum tipo de doença ou transtorno atualmente.

Possivelmente, este cenário é um reflexo de uma nova era da sociedade e viver nela, para muitos, não é uma tarefa simples: implica lidar com adversidades resultantes do intenso ritmo de vida e contratempos que culminam na deterioração de nossas relações sociais, por exemplo, podendo nos afetar de forma extremamente negativa. Estejamos atentos e preparados para avançar. Essas questões pertencem a todos nós, independentemente do setor ou área de atuação. Os problemas de saúde nos cercam a todo instante, sem distinguir raça, sexo, religião ou escolaridade. A tecnologia, mais do que nunca deve ser inserida não apenas na saúde ou na educação. Ela deve vir de base. Há muito a se descobrir, se desenvolver. E isso só será possível à medida que nos preparamos de todas as formas e juntos.

*Luis Camisasca é head de inovação da Alvarez & Marsal.

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