Quinta etapa do mapeamento da COVID-19 começa em São Paulo

Iniciativa conjunta de cientistas e médicos renomados, Grupo Fleury, IBOPE Inteligência, Instituto Semeia e Todos pela Saúde pretende identificar a proporção de pessoas que possui anticorpos contra o novo coronavírus SARS-CoV-2 na capital paulista antes do início da vacinação; nova fase da pesquisa visitará mais 1.280 domicílios na cidade.

Começou nesta quinta-feira, 14, a quinta fase do projeto ‘SoroEpi MSP – Inquéritos soroepidemiológicos seriados para monitorar a prevalência da infecção por SARS-CoV-2 no Município de São Paulo’. O projeto, cujo objetivo é identificar a proporção da população que possui anticorpos contra o coronavírus SARS-CoV-2 na capital paulista, é uma ação entre cientistas e médicos renomados com apoio do Grupo Fleury, IBOPE Inteligência, Instituto Semeia e Todos pela Saúde – iniciativa lançada pelo Itaú Unibanco para enfrentar a COVID-19 e seus efeitos sobre a sociedade brasileira.

O projeto SoroEpi MSP pretende subsidiar políticas públicas de prevenção e controle da pandemia da COVID-19, oferecendo informações sobre o percentual de pessoas já infectadas que poderão estar, pelo menos em parte, protegidas contra o coronavírus. Estas informações são importantes para que as autoridades de saúde possam tomar decisões acerca das ações de combate ao vírus.

O estudo consiste em aplicar o teste sorológico para o diagnóstico da infecção pelo SARS-CoV-2 por meio da coleta de sangue que é processado e usado na detecção de anticorpos específicos para o vírus. Os resultados dos testes permitem estimar a fração de pessoas que já foram infectadas e que podem ter desenvolvido imunidade ao vírus causador da doença.

Esta quinta fase pretende abordar 1.280 domicílios sorteados para realização das entrevistas e das coletas de sangue com todos seus moradores acima de 18 anos. As visitas serão realizadas por um entrevistador do IBOPE Inteligência, que aplicará um questionário, e um técnico da a+ Medicina Diagnóstica, marca do Grupo Fleury, que será responsável pela coleta de sangue. As visitas ocorrerão de quinta-feira, 14 de janeiro, a sábado, 23 de janeiro.

Esta nova etapa é mais uma de seis fases iniciada em maio de 2020. Ao todo, a pesquisa pretende estimar o percentual de pessoas infectadas pelo novo coronavírus residentes na cidade ao longo dos meses a pandemia e antes do início da vacinação. Cada fase terá seus resultados divulgados, assim como ocorreu no projeto-piloto e etapas anteriores, realizados em maio, junho, julho e outubro, respectivamente.

Seleção de domicílios

A cidade de São Paulo é composta por 96 distritos, distribuídos em seis regiões: Centro, Oeste, Sul, Sudeste, Leste e Norte. Para alcançar uma amostra de resultados que represente uma cidade de 11,8 milhões de habitantes, sendo 8,4 milhões com 18 anos ou mais, nesta etapa do projeto foram sorteados 160 setores censitários, que são unidades territoriais básicas dos Censos Demográficos do IBGE, sendo que dentro de cada setor também são sorteados 8 domicílios, totalizando 1.280 residências. Para a realização da pesquisa, foram criados dois estratos na cidade: distritos com maior renda e distritos com menor renda, sendo que cada um deles corresponde a cerca de metade da população pesquisada.

Os moradores dos domicílios sorteados são informados sobre a possibilidade de participação na pesquisa por meio de uma carta do IBOPE Inteligência e contam com um canal para esclarecimento de eventuais dúvidas. Todos os habitantes dos domicílios sorteados farão parte da amostragem e serão convidados a participar da pesquisa, desde que tenham 18 anos de idade ou mais e estejam em condições de responder a pesquisa e consentir a participação, sendo que será mantido o anonimato de todos que participarem da pesquisa. Os indivíduos serão informados dos resultados de seus exames – e não haverá pagamento de qualquer natureza para os participantes do estudo, seja para a coleta ou disponibilização do resultado do teste.

A partir dos resultados dos testes sorológicos de diagnóstico da COVID-19 e das respostas do questionário pelos indivíduos, as prevalências de infecção pelo vírus SARS-CoV-2 serão estudadas por meio de estimativas do percentual da população que já foi infectada, levando-se em consideração os aspectos complexos do plano de amostragem (sorteio de conglomerados, estratificação e ponderação).

Estima-se que a imunidade coletiva entre 60 e 80% dificulta a transmissão do SARS-CoV-2. Nesse percentual, acredita-se que o vírus até consegue migrar de uma pessoa para outra, mas encontra, na maioria dos casos, um ser humano anteriormente infectado e, portanto, capaz de produzir anticorpos contra esse vírus, findando o contágio e permitindo o fim do isolamento.

A cada fase, os dados obtidos com a pesquisa do SoroEpi MSP serão compartilhados com autoridades de saúde e instituições de pesquisa e divulgados amplamente após o término do estudo, bem como serão posteriormente publicados em revistas científicas, sempre garantindo a confidencialidade dos dados pessoais dos participantes.

2,2 milhões de infectados

A quarta etapa do SoroEpi MSP apontou que 2,2 milhões de pessoas, ou 26,2% da população com 18 anos ou mais, foram infectadas pelo novo coronavírus na capital paulista. E assim como os resultados da terceira fase, os dados desta etapa continuaram mostrando que a taxa de prevalência está estatisticamente relacionada a nível de escolaridade, raça/cor da pele e renda média do distrito. Para se ter uma ideia, a soroprevalência, isto é, a frequência de indivíduos com anticorpos contra o novo coronavírus em pessoas que vivem nos distritos classificados como de renda média mais baixa é de 30,4% versus 21,6% naqueles indivíduos que pertencem ao estrato de renda média mais alta.

Pessoas com ensino fundamental apresentam soroprevalência 2,2 vezes maior do que aqueles com nível superior completo (35,8% contra 16,0%). Em termos práticos, no grupo de pessoas com escolaridade mais baixa, um indivíduo em cada três já teve contato com o vírus e produziu anticorpos; enquanto para aqueles com grau de escolaridade médio, essa relação é de um em cada quatro; e com escolaridade alta, a relação entre infectados e não infectados é de um indivíduo para cada seis. Situação semelhante ocorre com relação à raça/cor da pele: a frequência de pessoas com anticorpos contra o novo coronavírus é maior entre pretos e pardos em comparação com pessoas brancas (31,6% contra 20,9%).

A quarta fase da pesquisa foi realizada entre os dias 1 e 10 de outubro de 2020 (28 semanas após o primeiro caso registrado na cidade). Nesta etapa, foram analisadas 1.129 amostras de sangue de participantes residentes em 152 setores censitários. Foram sorteadas 8 residências em cada setor censitário.

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