O HIMSS Global Conference & Exhibition, que aconteceu recentemente nos EUA, é um evento muito importante que norteia os próximos passos da tecnologia aplicada à saúde no mundo. Alguns dos pontos discutidos por lá certamente merecem ser compartilhados por ajudarem de maneira efetiva na gestão da qualidade na saúde.
# 1 Integração e interoperabilidade
Para tornar a gestão da qualidade na saúde mais eficiente, para a redução da variabilidade do cuidado, para um melhor acesso ao paciente, um cuidado continuado, inclusive em casa, a união dos players do mercado é a tendência do futuro. A temática do evento concentrou-se também neste pilar, trazendo a integração e a interoperabilidade das soluções como uma mola propulsora para uma melhor qualidade e efetividade clínica. Se pensarmos na complexidade da gestão hospitalar, são vários sistemas, em silos, suportando toda essa operação. E não podem existir inconsistências na conectividade entre esses sistemas.
# 2 Engajamento do paciente
A gestão da qualidade na saúde não depende só da instituição. O paciente precisa estar comprometido com o seu tratamento. Ele precisa ter engajamento no cuidado que recebe. Hoje, mais do que colocar o paciente no centro do cuidado, é preciso inseri-lo nessa roda de discussão. Ele tem de estar sentado nessa “mesa” e engajado em cada etapa, com consciência de que ele também é responsável por um bom desfecho clínico.
# 3 Aspectos comportamentais impactam na variabilidade do cuidado
Dois fatores bastante importantes nessa missão de trazer maior efetividade clínica e melhorar a gestão da qualidade na saúde estão relacionados a aspectos comportamentais: o comportamento do profissional da saúde que provê aquele cuidado e o comportamento do paciente. É exatamente nesses dois pontos que temos o maior direcionamento da variabilidade de cuidado.
# 4 Dúvidas clínicas aumentam o risco ao paciente e oneram a gestão da qualidade na saúde
Quando o médico tem dúvidas clínicas, na maioria das vezes ele recorre a uma das opções. Uma delas é solicitar exames adicionais (às vezes assertivamente, outras nem tanto, afinal alguns exames não têm nenhuma correlação clínica com o diagnóstico). Uma segunda possibilidade é consultar um colega ou alguma fonte de informação. Além disso, dependendo da natureza do atendimento, por mais que existam os protocolos definidos pelo hospital, as informações necessárias para a tomada de decisão podem não estar disponíveis e com fácil acesso. Pesquisas apontam que se os médicos tiverem acesso a informações de alta qualidade no momento inicial do atendimento, o número de exames solicitados, bem como aschances de aproximar-se de um diagnóstico correto e do tratamento adequado podem ser mais breves do que o usual. Isso reduz o risco de exposição do paciente a procedimentos e exames desnecessários e diminui os custos do sistema de saúde como um todo.
# 5 Harmonização dos conteúdos é essencial
Em cada encontro, as decisões clínicas representam uma combinação balanceada de preferências do paciente, evidências e a experiência do clínico. Estas decisões individuais contribuem muitas vezes para a ocorrência de variabilidade do cuidado, que pode acontecer até mesmo no cuidado dentro de uma mesma região, população ou condição particular. Além disso, na medida em que as equipes de cuidados têm se expandido, as decisões clínicas são tomadas por diferentes personagens, introduzindo o risco de um desalinhamento das decisões. Dentro desse contexto, a harmonização das decisões clínicas faz todo sentido. E ela pode ser alcançada por meio do empoderamento de enfermeiras, médicos, farmacêuticos e de toda a equipe de cuidados como um todo. Ao harmonizar os conteúdos de suporte à decisão, os profissionais passam a alcançar melhores resultados no cuidado para o paciente e efetividade clínica ampliada.
Em suma, o suporte à decisão clínica e medicamentosa continua sendo um fator chave para melhorar a efetividade clínica e aprimorar a gestão da qualidade na saúde. Essas soluções trazem a informação, a melhor medicina baseada em evidência, dentro do fluxo de atendimento médico, com o objetivo de justamente reduzir a variabilidade de cuidado, permitindo a integração, interoperabilidade e suportando o engajamento do paciente.
Ter um simples fluxo de trabalho para poder reduzir a variabilidade do cuidado, colocando tanto o suporte da decisão clínica, à referência das drogas, quanto engajamento do paciente com conteúdo harmonizado, permite cada vez mais um alinhamento dentro da comunicação nas instituições de saúde. E agindo, assim, diretamente nas duas maiores fontes da variabilidade que tanto onera a gestão da qualidade na saúde: o comportamento do profissional e do paciente.
Juliana Cavalheiro Andrade Gomes, sales leader – new business na Wolters Kluwer Health.