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IA na Saúde: A revolução silenciosa que já acontece

por Fernando Zorzo Dal Piva
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Cautela. Essa era a palavra de ordem em 2023, quando o assunto era Inteligência Artificial (IA) aplicada à área da saúde. A discussão era muito pautada no potencial teórico e nos desafios práticos para sua implementação em larga escala, principalmente em aspectos éticos, de privacidade e de segurança de dados.

O cenário evoluiu muito desde então, e 2025 marca um período de avanço significativo na implementação prática da IA na saúde, com um número crescente de casos de uso validados e uma visão mais clara de como essa tecnologia está transformando o setor. Mesmo os mais conservadores já se rendem aos resultados impressionantes que se pode alcançar com ela.

Suas aplicações crescem de forma exponencial: desde o diagnóstico assistido por IA, descoberta e desenvolvimento de medicamentos, monitoramento remoto e até cirurgias de baixa complexidade – que podem ser realizadas praticamente em sua integralidade por meio de IA. As possibilidades são muitas, mas quero evidenciar algumas que impactam diretamente na produtividade e eficiência operacional:

Agendamento Inteligente: Imagine marcar uma consulta com seu médico de referência em menos de um minuto ou então tirar suas dúvidas sobre um exame em segundos por meio de uma conversa com um assistente digital. Essa já é a realidade de diversas instituições privadas de saúde no Brasil, que têm observado suas taxas mensais de não comparecimento (no-show) de pacientes reduzirem pela metade. Os resultados em termos de eficiência são impressionantes, reduzindo as necessidades de contratação, em call centers, em até 80%. 

Além dos agentes conversacionais, sistemas de IA podem otimizar horários de consultas e procedimentos, considerando a disponibilidade de profissionais, equipamentos e a urgência dos casos – reduzindo tempos de espera e ociosidade.

Processamento de Documentos: A IA pode automatizar a leitura, extração e organização de dados de prontuários, laudos e outros documentos, reduzindo a carga administrativa das equipes. Além de eliminar a necessidade de digitação de resultados de exames em prontuários, os modelos têm capacidade de estruturar e resumir milhares de informações em poucos minutos, listando de forma priorizada aqueles pacientes que requerem ação imediata de um profissional de saúde.

Para além dos ganhos de produtividade, a aplicação de inteligência artificial generativa também tem auxiliado as instituições a reduzirem fraudes em processos de autorização, reembolsos e controle de inventários, o que resulta em mais equilíbrio financeiro para o sistema.

Triagem e Priorização: Longas filas e prontos-socorros lotados são uma realidade que todos nós, infelizmente, já vivenciamos. Algoritmos de IA podem analisar dados de pacientes (histórico, sintomas) para auxiliar na triagem e priorização de atendimentos, garantindo que os casos mais urgentes sejam atendidos prontamente. Algumas instituições já atuam com sistemas de pré-triagem por meio de agentes conversacionais, coletando informações antes dos pacientes se dirigirem ao hospital, reduzindo a necessidade de check-in na chegada. Em cerca de um terço dos casos, ainda é possível direcionar pacientes para uma consulta agendada em outra data ou conectá-los a teleconsultas, de forma muito mais conveniente.

Gestão de Leitos: Conectado ao ponto acima, a IA pode prever a ocupação de leitos hospitalares, otimizar a alocação e facilitar a alta de pacientes, melhorando o fluxo e evitando superlotação. Isto permite um melhor gerenciamento dos recursos da instituição, incluindo a previsibilidade de gargalos em épocas de pico de utilização.

Todos esses casos podem parecer um pouco distantes da realidade do dia a dia – quem sabe até futuristas –, mas já acontecem em larga escala em ecossistemas de saúde, prestadores e operadoras de todo o país.

Mesmo com esses avanços, temas como ética, regulamentação, privacidade e viés dos dados seguem na pauta, mas, diferentemente do cenário de 2023, não são mais um bloqueio para o avanço. A discussão agora tem seu foco em como mitigar vieses em sistemas já implementados e garantir o acesso igualitário aos benefícios da IA na saúde.

Gosto muito de uma frase do professor Karim Lakhani, da Universidade de Harvard, que há anos lidera estudos nas áreas de Inteligência Artificial e Aprendizado de Máquina (Machine Learning). Quando confrontado sobre onde a IA poderia ser aplicada, ele respondeu da seguinte forma: “Onde você aplica o pensamento?”. Essa reflexão nos traz a dimensão do potencial da inteligência artificial e reforça a necessidade de embarcarmos de cabeça nesta jornada agora.

Fernando Zorzo Dal Piva, COO da Nilo.

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