terça-feira, agosto 19, 2025
Home News Falta de interoperabilidade limita visão integrada do paciente no Brasil

Falta de interoperabilidade limita visão integrada do paciente no Brasil

por Redação
0 comentários

No terceiro capítulo da série especial do Saúde Digital News sobre infraestrutura digital e segurança na saúde, reunimos a visão de quatro especialistas — Gustavo Marui (Logicalis), Luciana Pinheiro (Citrix), Satnam Narang (Tenable) e Claudio Bannwart (Netskope) — sobre um desafio central para a eficiência clínica: a interoperabilidade entre sistemas hospitalares. A ausência de integração entre plataformas, prontuários e bases de dados compromete a continuidade do cuidado e limita a capacidade das instituições de oferecer uma jornada unificada para o paciente.

Apesar dos avanços em conectividade e digitalização, os sistemas de saúde brasileiros ainda operam com soluções fragmentadas e pouco compatíveis entre si, o que impõe barreiras para a troca segura e fluida de dados clínicos entre hospitais, laboratórios, planos de saúde e profissionais.

Sistemas que não se conversam

Gustavo Marui, gerente de Soluções para Saúde da Logicalis, afirma que a interoperabilidade segue como um dos principais entraves para a digitalização plena do setor. “Sim, ainda é um grande obstáculo. Muitos sistemas não foram pensados para se comunicar entre si, o que dificulta uma visão integrada e holística do paciente”, observa.

Segundo ele, a superação dessa barreira depende de uma mudança de mentalidade nas instituições, da adoção de padrões abertos — como HL7 e FHIR — e de estímulos regulatórios. “Vemos como solução a adoção de padrões abertos, como HL7 e FHIR, além de uma mudança de mentalidade nas instituições e um estímulo regulatório que priorize a interoperabilidade e a centralização da jornada do paciente, buscando otimizações no seu cuidado e visando qualidade e bem-estar do paciente”, destaca.

Acesso centralizado como solução

Luciana Pinheiro, country director da Citrix Brasil, reforça o diagnóstico. Para ela, a falta de padronização entre sistemas hospitalares e a ausência de incentivo entre os atores do setor dificultam a interoperabilidade. “Sim, a falta de padronização entre sistemas hospitalares e a falta de interesse de alguns participantes deste setor dificulta a interoperabilidade”, afirma.

A Citrix propõe uma abordagem técnica baseada em acesso centralizado e seguro. “A Citrix aborda esse desafio com soluções que permitem acesso centralizado, seguro e em tempo real a múltiplas aplicações — legadas ou modernas — em um único espaço de trabalho digital, sem a necessidade de modificações ou migração, entregando melhora na colaboração clínica”, explica. Essa estratégia contorna a fragmentação, promovendo a troca de informações mesmo sem que os sistemas estejam nativamente integrados.

Interoperabilidade também é um ponto de risco

Satnam Narang, da Tenable, chama atenção para os riscos de segurança que a interoperabilidade mal implementada pode gerar. Em sua visão, a troca de dados entre sistemas deve ser acompanhada de práticas rigorosas de proteção. “Os principais riscos da interoperabilidade são comunicações inseguras, falta de compatibilidade, pontos cegos e riscos de terceiros”, alerta.

Para mitigar esses riscos, ele recomenda o mapeamento contínuo de ativos, avaliação de vulnerabilidades, monitoramento de configurações e controle de riscos com terceiros. “É importante garantir a interoperabilidade, protegendo dados e operações críticas em ambientes hospitalares, mapeando ativos, avaliando continuamente vulnerabilidades, monitorando configurações e gerenciando riscos de terceiros, além de gerar relatórios detalhados.”

Interoperar com segurança e sensibilidade ao contexto

Claudio Bannwart, country manager da Netskope Brasil, complementa o debate destacando que a interoperabilidade, embora essencial, precisa ser construída com base em controle contextual. “A interoperabilidade entre sistemas hospitalares é essencial, mas apresenta potenciais pontos de falha”, afirma.

Segundo ele, é preciso aplicar autenticação, criptografia e monitoramento contínuo desde a arquitetura inicial. Além disso, a segurança deve levar em conta a forma como os dados são acessados por profissionais em diferentes locais e dispositivos. “As estratégias de segurança devem aplicar políticas diferentes para instâncias diferentes, garantindo que o acesso a dados confidenciais seja sempre sensível ao contexto e devidamente controlado”, diz.

Para os especialistas, o futuro da interoperabilidade passa por um tripé: padronização técnica, cultura de integração e políticas robustas de segurança. Sem isso, a saúde conectada continuará sendo apenas parcial — e o paciente, o maior prejudicado.

Notícias relacionadas

Deixe um comentário

* Ao utilizar este formulário concorda com o armazenamento e tratamento dos seus dados por este website.

SAÚDE DIGITAL NEWS é um portal de conteúdo jornalísticos para quem quer saber mais sobre tendências, inovações e negócios do mundo da tecnologia aplicada à cadeia de saúde.

Artigos

Últimas notícias

© Copyright 2022 by TI Inside