Em 2023, a porcentagem de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada por Influenza em pessoas adultas foi 2,4x maior do que a registrada em 2022. Quem mais sofreu diante desse cenário foi a população idosa – na qual foram observados 65,6% dos óbitos por influenza¹ no ano passado e 54,9% das hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Influenza, segundo dados do Ministério da Saúde.
A gripe, causada pelo vírus Influenza, pode trazer consequências imprevisíveis para a saúde de todos. Adultos têm 8 vezes maior risco de sofrer um AVC, 10 vezes maior risco de ataque cardíaco e até 29% maior risco de pneumonia após contrair a doença. No entanto, o público 60+ é ainda mais vulnerável: as infecções respiratórias são uma importante causa de mortalidade em idosos no país.
Quando falamos dos idosos com mais de 80 anos, os números são ainda mais alarmantes – 26,7% das pessoas hospitalizadas for SRAG causada por Influenza foram a óbito em 2023 por conta das complicações da doença, enquanto na faixa etária de 60 a 69 anos a letalidade chegou a 19%.
Já os idosos com comorbidades têm ainda mais complicações em decorrência da SRAG causada por Influenza. A letalidade entre aqueles com comorbidades foi 2 vezes maior em comparação aos idosos sem comorbidades. Considerando que cerca de 70% dessa população possui alguma doença crônica e tem maior risco de agravamento de infecções, é de extrema importância o cuidado com esse público. A baixa cobertura vacinal contra a gripe no ano passado, que foi de apenas 60,6% entre os grupos prioritários, incluindo os idosos, contribuiu para esse cenário.
A vacinação é a melhor forma de prevenir a gripe e suas complicações, especialmente entre a população acima de 60 anos, que apresenta um enfraquecimento natural do sistema imune, fenômeno chamado de imunossenescência. Como resultado desse declínio progressivo do sistema imunológico, o idoso fica mais suscetível a algumas doenças e infecções. Por isso, a imunização para este grupo é imprescindível.
Rosana Richtmann, Doutora em Medicina pela Universidade de Freiburg, Alemanha, e Médica Infectologista do Instituto de Infectologia Emilio Ribas falou a respeito:
“É preocupante que muitos idosos não estejam imunizados contra a gripe, pois ela pode provocar complicações graves que podem levar a problemas sérios no coração, metabolismo e ainda perda de autonomia. Em 2023, tivemos uma das piores coberturas vacinais de grupos prioritários dos últimos anos, o que demanda um olhar urgente para a proteção da população 60+, tendo em vista que estamos nos aproximando de mais uma temporada de gripe.”
Atualmente, está disponível no SUS a vacina trivalente, que confere proteção contra três tipos de cepas do vírus. Já na rede privada, a população encontra a vacina quadrivalente, que protege contra quatro cepas do vírus.
Em 2023, a Sanofi trouxe para o Brasil Efluelda, a primeira e única vacina quadrivalente de alta dose do Brasil desenvolvida para oferecer maior proteção aos idosos contra a gripe.Com indicação para a prevenção da doença causada por cepas de influenza A e B em pessoas a partir dos 60 anos de idade, o imunizante de alta dose apresenta quatro vezes mais antígeno (componente ativo), e fornece proteção superior contra os casos de gripe e as graves complicações da doença em comparação à dose padrão da vacina contra a doença. A vacina lançada no Brasil é recomendada por várias sociedades médicas para se proteger da gripe e pode ser encontrada no mercado privado de vacinação.
Um estudo recente apresentado no Congresso da REBRATS (Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde) também demonstrou que a utilização da vacina de alta dose na população acima de 80 anos dependente exclusivamente do Sistema Único de Saúde poderia evitar mais de 22 mil casos de influenza nessa faixa etária, além de promover a redução em consultas com clínico geral, idas aos serviços de urgência e redução significativa de hospitalizações nessa faixa etária.