O antiviral Molnupiravir da MSD, nome pelo qual é conhecida a Merck & Co. fora dos Estados Unidos e do Canadá, para tratamento da Covid-19 chega ao mercado privado a partir desta semana. O primeiro antiviral oral que chega ao Brasil estará disponível em hospitais, clínicas oncológicas e farmácias que já manifestaram interesse em adquirir o produto. Molnupiravir estará disponível para os consumidores finais a partir da próxima semana a um preço médio de R$ 1.700 por tratamento, mediante prescrição médica.
“Esse é o primeiro antiviral oral para tratamento da Covid-19 que chega para os pacientes brasileiros. Apesar de estarmos com baixos números da doença, ainda temos um número considerável de pessoas com risco de progredir para Covid-19 grave como, por exemplo, imunodeprimidos, com câncer ativo ou com outras doenças. Por isso, é fundamental trazer essa medicação para essa população”, diz Mário Ferrari, diretor da Unidade de Negócios de Infectologia da MSD.
Usualmente, o grupo de pacientes de alto risco para agravamento para Covid-19 são pacientes que fazem uso de uma série de medicamentos. Molnupiravir possui a simplicidade de não ser necessária a análise por profissional de saúde de interações medicamentosas que eventualmente impeçam o uso destes tratamentos.
O primeiro carregamento de mil tratamentos já chegou ao Brasil e será totalmente destinado ao mercado privado, mas a MSD tem capacidade de atender qualquer demanda necessária.
O Molnupiravir foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial no tratamento da Covid-19, está em uso em 30 países e mais e 10 milhões de tratamentos já foram distribuídos em todo mundo. O medicamento foi recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com base em uma série de estudos clínicos que comprovaram segurança e eficácia na redução dos casos de hospitalização e mortes.
Recentemente foram divulgados os resultados do estudo de vida real realizado em Israel (Clalit Health Services) que demonstraram uma redução significativa de hospitalização e mortalidade de pessoas de alto rico com mais de 65 anos após o uso de Molnupiravir.
Molnupiravir também está sendo avaliado para profilaxia pós-exposição no MOVe-AHEAD, um estudo de Fase 3 global, multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, que avalia a eficácia e segurança do Molnupiravir na prevenção da disseminação da Covid-19. Esse estudo que está sendo conduzido em diversos países — inclusive no Brasil — tem previsão de divulgação de resultados no primeiro trimestre de 2023.
Entenda os resultados de fase 3 de Molnupiravir
Os resultados da análise interina do estudo de fase 3 (multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo) mostraram que o Molnupiravir reduziu significativamente o risco de hospitalização ou morte (desfecho primário do estudo):
· A fase 3 do estudo MOVe-OUT (MK-4482-002) foi iniciada em abril de 2021 e avaliou o Molnupiravir como tratamento para pacientes ambulatoriais com Covid-19 confirmado, com até o quinto dia de sintomas;
· Os pacientes adultos incluídos apresentavam sintomas leves a moderados até o momento da randomização do estudo. O perfil para participação do estudo incluía não ter necessidade de internação, não ter recebido nenhuma dose de vacina e ter pelo menos uma comorbidade que leva ao risco de pior evolução do quadro clínico, como obesidade, doenças renais e cardíacas, diabetes, pacientes com câncer ou com mais de 60 anos, entre outros;
· Este foi um estudo clínico global, multicêntrico, duplo-cego, randomizado, controlado por placebo, que incluiu sete centros no Brasil: três em São Paulo (dois na capital e um em São José do Rio Preto), Brasília, Belo Horizonte, Curitiba e Bento Gonçalves;
· O estudo tinha previsão de conclusão para novembro de 2021, mas seu recrutamento foi interrompido no dia 1º de outubro, por recomendação de um Comitê de Monitoramento de Dados independente e em consulta ao Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, já que a análise interina demonstrou que Molnupiravir reduziu significativamente o risco de hospitalização ou morte (objetivo primário do estudo);
· Além disso, com base nos dados de sequenciamento viral disponíveis da análise interina (aproximadamente 40% dos participantes), Molnupiravir demonstrou eficácia consistente em diversas variantes virais, entre elas as mais prevalentes — Gamma, Delta, Mu e Ômicron;
· Uma maior porcentagem de participantes no grupo de Molnupiravir relatou melhora sustentada e/ou resolução para a maioria dos sinais e sintomas, enquanto uma maior porcentagem de participantes no grupo placebo relatou progressão da maioria dos sinais e sintomas;
· O estudo mostrou que o medicamento foi bem tolerado, com taxa de eventos adversos comparadas ao placebo.