Classificada no ranking dos principais escritórios de arquitetura e construção do país, a AKMX agora aposta em uma nova tendência que tem mudado o perfil dos espaços de saúde. Trata-se do conceito de neuroarquitetura, que tem transformado as unidades hospitalares, laboratórios e as clínicas com projetos que ajudam a promover bem-estar e são aliados nos processos de cura.
“Estamos mudando o mercado de saúde por meio da neuroarquitetura. Antes, esses ambientes, comumente frios e inexpressivos, eram tidos como lugares de atividades imediatas para tratar e investigar doenças. Agora, hospitais e clínicas passam por modificações que visam ir além do tratamento de doenças. Eles se tornam lugares de tratamentos preventivos e rotineiros, mais amigáveis e acolhedores”, ressalta a arquiteta Erica Prata, diretora operacional da AKMX Arquitetura e Engenharia.
Um dos trabalhos realizados pela AKMX com conceitos da neuroarquitetura aplicada à saúde é o espaço Vita Running Land, do Grupo Fleury. O local, situado em frente ao Parque Ibirapuera, é dedicado ao público praticante de esportes, seja profissional ou amador, com a proposta de proporcionar melhoria de desempenho, saúde e qualidade de vida em um ambiente disruptivo. Inaugurado no ano passado, o espaço sedia serviços de performance esportiva (análise biomecânica da corrida), reabilitação esportiva (fisioterapia e massagem), medicina e cardiologia do esporte, nutrição e ortopedia.
“As pessoas que nos visitam e as que trabalham aqui se surpreendem com o local. A visão ampla da parte externa que se integra ao parque é uma grande aliada. Imagine se esse lugar fosse fechado com paredes brancas, o quão claustrofóbico seria com 80 pessoas dentro?”, ressalta Andreia Miana (foto ao lado), fisioterapeuta e gestora da unidade Vita Parque Ibirapuera. “Os pacientes, muitos deles corredores, conseguem fazer a avaliação biomecânica da corrida enquanto desfrutam da vista para o Parque Ibirapuera. Poder realizar esse processo de reabilitação dentro de um ambiente assim ajuda na recuperação do atleta”, reforça.
A importância da neuroarquitetura para transformar os espaços de saúde também é exaltada por Vivian Vieira, gerente assistencial do HCor, hospital de referência em cardiologia na capital paulista e que, entre outras especialidades, oferece atendimentos de neurologia, oncologia, pneumologia e ortopedia. “Um dos componentes mais importantes no cuidado centrado no paciente é a compreensão de sua experiência. A arquitetura e o design de um hospital são fundamentais para melhorar a experiência do paciente. Isso ocorre, por exemplo, quando a gente pensa em um ambiente com boa iluminação, sem ruídos, considerando o que pode propiciar a cura mais rápida e de uma maneira mais acolhedora”, afirma Vivian, que também enxerga a sustentabilidade do ambiente hospitalar como um fator fundamental para fidelizar usuários.
“Todas as vezes em que o paciente tem a percepção de que está em um local bem iluminado, limpo, com boa sinalização, temperatura adequada e que traz detalhes que valorizam a empatia, é ali que ele encontra segurança, o toma como referência, voltará e certamente indicará nossos hospitais para familiares e amigos, promovendo voluntariamente nossa marca. O ambiente está diretamente relacionado ao bom atendimento, à fidelização e à recepção de novos clientes”, completa a gestora do HCor.
A arquiteta Erica (foto ao lado), por sua vez, lembra que aplicar os conceitos da neuroarquitetura não significa que os projetos realizados exigirão maiores gastos financeiros para os administradores das unidades de saúde, em comparação aos gastos que teriam se optassem por uma intervenção arquitetônica conservadora, baseada nos moldes antigos para a reforma ou construção de suas unidades médicas. “Fazer um projeto neuroarquitetônico não é mais caro do que você realizar um projeto cheio de paredes brancas. O preço é o mesmo”, diz.
Ela faz questão de enfatizar os benefícios proporcionados pela utilização dos conceitos da neurociência nesses locais. “Os ganhos com a neuroarquitetura podem ser, por exemplo, a recuperação mais rápida do paciente, minimizando, assim, os riscos de infecção hospitalar. Esses ganhos são obtidos por meio do uso da arquitetura baseada em evidências comprovadas por estudos científicos”, ressalta a diretora da AKMX.