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O custo da Inovação na Saúde

por Colaboradores
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No dia 24/8/2017 estive presente no IV Fórum Nacional de Produtos para Saúde: Inovação na Prática – promovido pelo Instituto de Ação Responsável, juntamente com a Aliança Brasileira da Indústris Inovadora em Saúde (ABIIS), para falar sobre “Custos X Inovação” na saúde. Foi interessante ouvir os diversos segmentos do setor apresentando seus argumentos sobre a questão do Custo Saúde no Brasil – desde a parte regulatória, industrial, governamental, operadores e seguradoras. Faltou apenas o lado do paciente, que é o alvo de toda as ações da Saúde.

Por sugestão de uma amiga, a Dra. Mariana Perroni que é médica intensivista e evangelista da IBM no uso de tecnologias digitais em saúde, decidi explorar neste artigo alguns dos pontos que apresentei em minha palestra no evento da ABIIS.

Um aspecto que muitas vezes se confunde nessa discussão de Custos da Saúde é o próprio conceito do que é custo. Olhando alguns dicionários encontramos definições de custo como sendo o esforço ou trabalho empregado na produção de bens e serviços. Em outras palavras, Custo é tudo aquilo que incide e afeta diretamente no preço de aquisição e/ou produção de um produto ou serviço.

Por isso, quando ampliamos a discussão de custo para a Inovação, aí mudamos de patamar. É possível quantificar o custo da inovação?

Bem, primeiro precisamos lembrar que Invenção é diferente de Inovação. Temos muitos inventores no mundo, criando novos produtos a partir de ideias. Mas a Inovação é a criação que gera Valor como resultadoInventar sem Inovar custa caríssimo.

A invenção é a criação de algo novo. A inovação é a criação de algo novo que gera valor.

Muitos hoje afirmam que inovar custa caro. Convenhamos, há certa lógica e fundamento nessa afirmação, especialmente na Saúde aonde o ciclo da inovação em remédios, produtos médicos, etc, leva muitos anos ou até décadas. Há relatos de novos medicamentos que já ultrapassam o bilhão de dólares de investimento antes de poderem ser lançados comercialmente no mercado. Como então recuperar este custo enorme se não puder transferir isso ao cliente final, muitos argumentam?

Mas pense também em QUANTO CUSTA NÃO INOVAR? O custo da não inovação é o valor estimado (monetário) ganho pelo seu concorrente quando você deixa de ganhar por não ter lançado um produto ou serviço a partir de um esforço seu e de sua empresa. Este custo não realizado pode significar a falência de seu negócio, e não faltam exemplos no mercado.

“Não Inovar” hoje sai bem mais caro que investir na Inovação, pode acreditar! Assemelha-se ao mesmo paradigma social de se custear uma boa educação, conforme avalia o pensador Derek Bok.

 “Quem acha caro Inovar desconhece o custo da Obsolescência!” – Guilherme Rabello

A inovação na saúde é uma atividade de risco, com certeza, mas que pode e deve ser mitigada. Não é um salto no escuro sem paraquedas. Antes, inovar a saúde como um todo – nos produtos, processos, serviços, educação e engajamento dos pacientes – é essencial para que possamos reverter o quadro atual de desequilíbrio no modelo econômico vigente da Saúde, quer seja no Brasil ou em qualquer outro país.

Veja no diagrama abaixo como inovar na saúde precisa de uma visão ampla de todos os atores que participam desse ecossistema. Se tentarmos inovar sem focar principalmente o Paciente, nossos custos aumentarão e a probabilidade de insucesso também. Não dá mais para inovar em Saúde sem ter o paciente no centro do processo!

As inovações que estão sendo realizadas hoje na saúde, em especial com a introdução de novas ferramentas digitais como a Inteligência Artificial e Cognitiva, Machine Learning, wearables e aplicativos para smartphones, a telemedicina e o próprio engajamento ativo dos pacientes, irão criar uma onda disruptiva completa no setor – a tal Saúde Digital.

Os atuais modelos de financiamento da Saúde, como o de pagamento por procedimentos e serviços, desaparecerão rapidamente e darão lugar a novos como o Diagnosis Related Group (DRG), o Value-Based Health Care (também conhecido como Pay per Performance – P4P) e o Outcomes-based Healthcare (que usa os desfechos de tratamento como parâmetro de pagamento dos serviços e bonificação). A inovação também tem de mudar o modelo de negócio da Saúde.

Como sabemos, este tema é muito amplo, e não dá para esgotarmos em apenas um artigo todos os dilemas e desafios da Inovação na Saúde e seus custos associados. Voltarei a falar deste assunto com novos pontos relevantes em um futuro artigo.

Abraço a todos!

Guilherme Rabello responde pela Gerencia Comercial e Inteligência de Mercado do InovaInCor – InCor / Fundação Zerbini (grabello.inovaincor@zerbini.org.br).Atua como consultor, palestrante e escreve artigos sobre inovação, tecnologia e negócios.

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