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Pausas durante o trabalho são essenciais para evitar o burnout

por Clarissa Liguori
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Em uma sociedade onde acredita-se que tempo é dinheiro, e que a regra é sempre estar produtivo, fazer pausas ou mesmo descansar têm sido um grande tabu. A gestão do tempo ou a busca incessante de ter melhores resultados com o menor período, já está mais do que enraizado na cultura das organizações com o advento do modo de trabalho proposto por Taylor (Padronização, tempo e controle) no início do processo de industrialização. Por mais que tenhamos evoluído através de novos métodos e culturas de trabalho, como o modelo ágil (adaptação, colaboração e autonomia) – focada em entrega de valor e aprendizado, nós ainda vemos a necessidade de estarmos sempre obstinados por resultados.

Nesse contexto, ferramentas que tentam auxiliar o colaborador a otimizar suas tarefas sempre fizeram muito sucesso. O Kanban, que auxilia no ordenamento do fluxo de tarefas que precisam ser executadas. A matriz de Eisenhower defende a priorização de tarefas por grau de urgência e importância. O método pomodoro recomenda foco total em alguma tarefa específica seguida por uma pausa breve para recarregar sua capacidade de concentração. – Ele divide o tempo em intervalos chamados “pomodoros”, geralmente com duração de 25 minutos, seguidos por pausas de 5 minutos. E a mais recente chamada de Timeboxing – Divide o dia em blocos de tempo para foco, colaboração, conexão social e Pausas. Ideal para manter um equilíbrio saudável.

Independentemente do método ou da ferramenta utilizada para a gestão do tempo, incorporar pausas em nossa rotina de trabalho, se faz necessário, em prol não somente da produtividade, mas também da qualidade de vida das pessoas. De acordo com uma nova pesquisa da Slack, subsidiária da Salesforce, e da empresa de pesquisa Qualtrics, realizada com mais de 10.000 funcionários administrativos e executivos, que avalia a relação entre o excesso de trabalho e a produtividade, concluiu que agendar proativamente blocos de tempo em sua agenda para se concentrar – e incluir algumas pausas ao longo do dia para restaurar sua capacidade de foco – é essencial para a produtividade.

A ideia de que pausas podem melhorar a produtividade pode parecer contraditória à primeira vista. Afinal, quando estamos sob pressão para entregar resultados, a tendência é trabalhar sem parar, ignorando qualquer sinal de fadiga ou esgotamento. No entanto, pesquisas e estudos recentes têm demonstrado que a falta de pausas regulares pode ter um impacto negativo não apenas na saúde mental e física dos indivíduos, mas também na eficiência e na criatividade.

Em primeiro lugar, é importante entender que o cérebro humano não é projetado para funcionar em modo de “trabalho constante”. Nossa capacidade de concentração e desempenho cognitivo tem limites, e tentar ultrapassá-los apenas leva a um declínio na qualidade do trabalho realizado. Estudos mostram que a fadiga mental acumulada ao longo do dia pode levar a erros, falta de criatividade e dificuldade em resolver problemas complexos. Por outro lado, fazer pausas regulares permite que o cérebro descanse e se recupere, melhorando a clareza mental e a capacidade de encontrar soluções inovadoras.

Além disso, as pausas também desempenham um papel fundamental na prevenção do burnout, um fenômeno cada vez mais comum no mundo corporativo. O burnout é caracterizado por exaustão física e mental, despersonalização e baixa realização profissional, e pode ter consequências graves para a saúde e o bem-estar dos indivíduos. Ao permitir que os funcionários descansem e se desconectem do trabalho por curtos períodos, as empresas podem ajudar a reduzir o risco de burnout e promover um ambiente de trabalho mais saudável e sustentável.

No entanto, é importante ressaltar que nem todas as pausas são criadas iguais. A qualidade das pausas é tão importante quanto a sua frequência. Ficar navegando nas redes sociais ou assistir a vídeos no YouTube pode até parecer uma forma de descanso, mas, na realidade, essas atividades podem ser ainda mais exaustivas para o cérebro. Pausas eficazes devem envolver atividades que promovam relaxamento, como caminhar ao ar livre, meditar, praticar exercícios de respiração ou simplesmente conversar com colegas de trabalho sobre assuntos não relacionados ao trabalho. Essas atividades permitem que o cérebro descanse e se recupere verdadeiramente, preparando-o para um desempenho ótimo quando voltar à tarefa em questão.

Em resumo, a gestão do tempo é uma habilidade essencial para o sucesso profissional, mas não devemos cair na armadilha de acreditar que a produtividade é medida apenas pela quantidade de trabalho realizado em um determinado período. Incorporar pausas regulares em nossa rotina de trabalho não é um sinal de preguiça ou falta de comprometimento, mas sim uma estratégia inteligente para maximizar a eficiência, a criatividade e o bem-estar. As empresas e os líderes devem encorajar e apoiar essa prática, reconhecendo que a saúde e o equilíbrio dos funcionários são fundamentais para o sucesso a longo prazo.

Clarissa Liguori, co-fundadora da Pausa Ativa Ocupacional.

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