Vivemos a era dos algoritmos e são eles que moldam o que lemos, assistimos e, em grande parte, o que acreditamos. No setor da saúde, essa realidade ganha contornos ainda mais delicados, já que estamos falando de informações que impactam diretamente o bem-estar, a tomada de decisão clínica e a segurança dos pacientes.
Ao mesmo tempo, nunca se produziu tanto conteúdo sobre saúde. Profissionais, instituições e influenciadores digitais compartilham orientações, dicas e opiniões em uma velocidade que desafia a checagem e o senso crítico. Em muitos casos, sem considerar o compromisso ético com a veracidade e o contexto científico. Nesse cenário, surge uma pergunta essencial: como comunicar com responsabilidade em um ambiente digital movido por cliques, curtidas e compartilhamentos?
Comunicação em saúde não é sobre viralizar
A comunicação na área da saúde deve ser regida pelos mesmos princípios que orientam a prática clínica: ética, responsabilidade e foco no paciente. E isso vale tanto para um profissional de saúde ao divulgar um conteúdo em suas redes quanto para instituições que se posicionam como autoridades no tema.
Quando um médico ou uma clínica compartilha um vídeo nas redes sociais, por exemplo, esse conteúdo tem o potencial de atingir milhares de pessoas que talvez estejam em busca de orientação ou que estejam em situação de vulnerabilidade. Uma informação equivocada, fora de contexto ou sensacionalista pode gerar medo, “autocuidados” perigosos ou até atrasar diagnósticos importantes.
É preciso lembrar que comunicar saúde é também exercer influência — e toda influência deve vir acompanhada de compromisso ético.
O papel das instituições: posicionamento e transparência
As instituições de saúde e as organizações que trabalham com qualidade, segurança do paciente e Acreditação também têm papel fundamental na construção de uma comunicação mais ética e transparente. É responsabilidade de todos nós combater a desinformação, valorizar as evidências científicas e promover uma linguagem acessível sem perder o rigor técnico.
Influência com propósito: um caminho possível
É possível influenciar com propósito, mesmo em tempos de algoritmo. Além disso: é desejável que as vozes responsáveis tenham alcance. Para isso, é fundamental que os profissionais e instituições estejam preparados para atuar nesse novo ambiente, com clareza de princípios, domínio da linguagem digital e consciência sobre o impacto do que é publicado.
A ética da influência na saúde não é um luxo — é uma necessidade. Comunicar com responsabilidade é, também, cuidar. E, nesse cuidado, está o verdadeiro valor da influência.
Camilla Covello.