No meu papel de médico oncologista gostaria de falar sobre o câncer de cólon e reto, especialmente neste mês de março, que é dedicado à conscientização e prevenção dessa doença tão importante. O câncer de cólon e reto é uma doença que afeta o intestino grosso e o reto, sendo um dos tipos mais comuns de câncer no mundo. É uma doença que pode se desenvolver lentamente ao longo de vários anos, começando com pólipos que se formam na parede do intestino e, com o tempo, podem se tornar cancerosos.
A importância da conscientização sobre o câncer de cólon e reto — também chamado de câncer colorretal ou câncer do intestino grosso — é crucial, uma vez que essa doença é altamente curável quando detectada precocemente. No entanto, quando não diagnosticado e tratado a tempo, pode ser fatal.
No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer colorretal é o terceiro mais frequente em homens e o segundo em mulheres, com cerca de 40.990 novos casos em 2021. No mundo, estima-se que 1,8 milhão de novos casos foram diagnosticados em 2018.
Os principais fatores de risco para o câncer colorretal incluem a idade avançada, história familiar da doença, dieta pobre em fibras e rica em gorduras, obesidade, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool.
Os sinais e sintomas do câncer colorretal podem incluir mudanças nos hábitos intestinais, dor abdominal persistente, sangramento retal, perda de peso não intencional e fadiga. É importante estar atento a esses sinais e sintomas e procurar um médico se eles persistirem por mais de duas semanas.
O estadiamento e prognóstico do câncer de cólon e reto dependem do estágio da doença no momento do diagnóstico.
O diagnóstico pode ser feito por exame de sangue oculto nas fezes, colonoscopia ou retossigmoidoscopia. Cada um desses exames tem suas peculiaridades, mas o de colonoscopia é o mais assertivo por analisar toda a extensão do intestino grosso e já retirar os pólipos quando encontrados, sem necessidade de agendar outro procedimento ou tratamento posterior quando o resultado da biópsia é negativo.
Além da colonoscopia, o estadiamento também é realizado pelos exames de tomografia e ressonância magnética. O prognóstico varia de acordo com o estágio da doença, mas é importante destacar que, quando detectado precocemente, o câncer do intestino grosso tem 90% de chance de cura.
Os tratamentos disponíveis para o câncer de cólon e reto incluem cirurgia, radioterapia e quimioterapia. O tratamento escolhido dependerá do estágio da doença, da saúde geral do paciente e de outros fatores individuais.
Dependendo do tamanho da área tomada pelos tumores, pode ser necessário extrair na cirurgia um segmento do intestino grosso e a não ligação entre uma extremidade e a outra pode resultar na dependência do uso de uma bolsa excretora (colostomia) para coleta das fezes.
No estágio mais avançado da doença, quando o câncer está disseminado pelo organismo, o tratamento visa o controle e o paciente pode ganhar muitos anos de sobrevida com quimioterapia, imunoterapia e terapia-alvo.
Em conclusão, é fundamental aumentar a conscientização sobre o câncer de cólon e reto neste mês de março azul-marinho e durante todo o ano. A prevenção e a detecção precoce são fundamentais para salvar vidas e reduzir o impacto desta doença. Portanto, fale com seu médico e faça exames de rotina para prevenir e tratar o câncer de cólon e reto.
*Paulo Pizão é médico oncologista.