As deep techs, startups baseadas em ciência complexa e tecnologias de fronteira, têm grande importância na superação de desafios como: meio ambiente, educação, segurança, mobilidade, entre outras questões que podem afetar a sociedade como um todo. No setor da saúde, não é diferente. A fusão entre tecnologia avançada e medicina conta com grandes feitos e tem potencial para alterar toda a dinâmica de assistência à saúde.
De acordo com dados do Global Market Insights, o setor de saúde é uma das vertentes mais promissoras do mundo e a expectativa é que esse mercado alcance um tamanho de US$500 bilhões em 2025. Quando falamos sobre pesquisas e produção científica, o Brasil é considerado uma das referências em todo mundo. O Relatório da Global Innovation Index (GII) de 2019, mostrou que 45,3% das publicações brasileiras são relacionadas à saúde.
Um grande e marcante exemplo que não posso deixar de citar, foi o desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19, que em um curto período de tempo, veio para atender a uma necessidade urgente. A eficiência e aceleração na produção de novas vacinas graças a tecnologias avançadas são apenas algumas das formas em que a saúde pode se beneficiar.
Falando em eficiência, essas tecnologias podem também otimizar e agilizar processos. Por meio da integração à Inteligência Artificial e outras ferramentas, é possível chegar a diagnósticos mais precisos e rápidos, além de, claro, realizar uma gestão integrada dos dados, facilitando o acompanhamento de tratamentos e até mesmo possíveis diagnósticos futuros. Isso tudo, além de otimizar a atuação médica, melhora a experiência do paciente e, claro, sua qualidade de vida.
Vale ressaltar que, especialmente no Brasil, onde há uma desigualdade no acesso à saúde, as deep techs empregam o importante papel de aplicar seus avanços tecnológicos. O relatório da Global Innovation Index (GII), ressalta o aumento da inovação em tecnologia médica em todo o mundo, com a convergência de tecnologias digitais e biológicas, apontando o impacto destes fatores para países em desenvolvimento. A evolução das TICs (como a telemedicina, a inteligência artificial, o big data e os wearables) permitiu diagnósticos à distância, maior grau de precisão dos pareceres, o monitoramento de batimentos cardíacos e dos níveis de substâncias no corpo dos pacientes, além da gestão integrada dos dados, gerando inteligência para o sistema e histórico de tratamento dos pacientes.
Essa descentralização dos pontos de cuidado com a saúde é uma demanda antiga das populações menos favorecidas e distantes dos grandes centros, que cria valor em países em desenvolvimento como o nosso. Temos populações que carecem de recursos básicos para a realização de exames e consultas, seja pela distância geográfica como pelo custo da infraestrutura, que passariam a ter acesso a especialistas, medicamentos e ferramentas de diagnóstico e monitoramento. Essa população se beneficiaria destas tecnologias com mais acesso ao sistema de saúde fora dos hospitais, o que aumentaria sua qualidade de vida.
Fica claro como as deep techs oferecem soluções eficientes, transformando a medicina e democratizando o acesso à saúde. No Brasil, país referência em ciência e pesquisa, o desenvolvimento dessas tecnologias acaba esbarrando no baixo investimento por parte do setor público, além da falta de infraestrutura para recebê-las. Entendo que é necessário mais investimentos e parcerias público-privadas que fomentem a existências das deep techs para que elas continuem transformando o conhecimento científico em soluções para a saúde, especialmente para alcançar aqueles que mais precisam.
Ana Calçado, CEO e presidente da Wylinka.