quinta-feira, novembro 21, 2024
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Médica indica os principais exames para o check-up cardiológico

por Redação
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As doenças cardiovasculares são as principais causas de mortes no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 300 mil pessoas sofrem infarto agudo do miocárdio (IAM), por ano e, em 30% dos casos, ocorrem mortes. Apesar das campanhas de conscientização, o descuido com a saúde do coração é uma realidade preocupante. A estimativa, segundo o órgão federal, é que até 2040 a incidência de infartos pode aumentar até 250%.

Para a médica Thais Pinheiro Lima, cardiologista e especialista em tomografia e ressonância cardiovascular pelo Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e sócia fundadora da CardioScan Telerradiologia Cardiovascular, o diagnóstico precoce é essencial e pode evitar que doenças coronárias evoluam para quadros mais graves. De acordo com ela, infelizmente, nem sempre o check-up cardiológico é realizado com a frequência adequada. “O check-up pode ser semestral ou anual, por exemplo, e o médico indicará os exames de acordo com a necessidade do paciente”, recomenda.

Segundo a cardiologista, hoje existem alternativas não invasivas para o diagnóstico e a detecção de doenças graves, possibilitando o tratamento de urgência, como é o caso da angiotomografia de coronárias, exame que usa a tomografia computadorizada para que possam ser visualizados os vasos sanguíneos que suprem os músculos cardíacos. Com esse recurso, é possível checar o desenvolvimento de placas de gordura que reduzem a chegada do sangue ao coração e aumentam o risco de um futuro infarto do miocárdio.

“Mesmo no caso de pacientes jovens, se existe risco cardiovascular moderado a alto, a angiotomografia de coração pode ser indicada. É o exame de primeira escolha, de extrema importância para realizar um diagnóstico mais preciso e indicar o tratamento de acordo com a necessidade do paciente”, completa a cardiologista.

Para esclarecer algumas das principais dúvidas sobre diagnóstico de doenças cardiovasculares, a cardiologista fala sobre a importância do check-up cardiológico, destacando a importância dos exames de imagem.

P: Todos precisam realizar exames cardiológicos? Se sim, a partir de qual idade seria indicado realizar um check-up?

Thais Pinheiro Lima: Sim. Todos precisam realizar exames cardiológicos em algum momento da vida. De forma geral, recomenda-se que pessoas assintomáticas passem a consultar um cardiologista, periodicamente, a partir dos 40 anos. No entanto, o paciente sempre deve procurar um cardiologista imediatamente, caso identifique algum sintoma. É preocupante quando o paciente apresenta palpitação (coração acelerado), dor no peito ou desmaios frequentes. Nestes casos, a procura do especialista é de extrema importância. A cardiologia dispõe de uma gama ampla de exames, que são recomendados a partir dos sintomas do paciente, como eletrocardiograma, ecocardiograma, mapa, holter, teste de esforço, angiotomografia de coronárias, ressonância cardíaca, cintilografias e cateterismo. Checar regularmente as condições cardíacas vale também para crianças e adultos jovens, principalmente com comorbidades, como obesidade, diabetes, tabagismo, colesterol alto e hipertensão arterial.

P: Como as doenças do coração se manifestam e quais as mais comuns?

Thais: As doenças cardíacas mais comuns são diagnosticadas, inicialmente, com base em sintomas, como: palpitação, dor no peito, desmaios, batimento acelerado e cansaço extremo ao caminhar. Na lista, as mais comuns são as doenças coronarianas e as arritmias cardíacas. Baseado no que for descoberto, existe uma recomendação de acompanhamento a cada caso.

P: Quando o paciente chega na emergência com suspeita de infarto, como a equipe médica deve proceder? Quais são os principais exames e procedimentos realizados?

Thais: Quando o paciente chega ao pronto-socorro, existe uma classificação de risco. Na suspeita de infarto, o caso é declarado como emergência imediatamente e este paciente entra no fluxo de atendimento do protocolo dor torácica. É fundamental que a pessoa seja rapidamente atendida e passe por um eletrocardiograma em até 10 minutos. A partir daí, o médico visualiza o eletro, conversa e examina o paciente, identificando assim se existe alguma alteração aguda, como um infarto grave ou uma arritmia aguda (como fibrilação atrial, por exemplo). Nos casos de o paciente continuar no protocolo dor torácica, ele é encaminhado para tratamento imediato, que pode variar de acordo com a necessidade.

Serão realizadas coletas de exames de sangue, e estratificação de risco conforme os escores preconizados mundialmente. Entre as possibilidades além do tratamento medicamentoso, estão a realização de angiotomografia de coronárias no atendimento dos pacientes de risco baixo e intermediário e até mesmo a realização de cateterismo em caráter de emergência, com realização em até 60 minutos da chegada no hospital, nos casos de infarto mais graves. Costumo dizer que uma equipe multidisciplinar em um cenário de emergência é fundamental para fornecer um tratamento ágil e eficaz garantindo um melhor desfecho clínico para o paciente.

P: Se uma doença do coração for diagnosticada cedo, é possível evitar problemas mais graves?

Thais: Sem dúvida. Quanto mais cedo identificamos o problema, maior a chance de controlá-la por meio de um tratamento clínico otimizado, ajustando a medicação da forma correta, orientando e garantindo o acompanhamento com regularidade. A atenção aos fatores de risco (como consumo excessivo de álcool, tabagismo e diabetes, por exemplo) é essencial no primeiro momento. Temos diversas pesquisas reforçando que, quando bem orientado, o paciente tem chances de viver muito melhor e com a saúde sob controle. A chance de um desfecho grave, com infarto ou óbito, diminui significativamente.

P: O cateterismo é um procedimento muito comum. Quando e por quem ele deve ser realizado?

Thais: O cateterismo é um procedimento comum sendo cada vez mais utilizado no tratamento da doença coronária, que é a realização de angioplastia (colocação de stent na coronária). Para estudar a anatomia das artérias do coração, temos a angiotomografia de coronárias. Este exame tem elevada precisão, ou seja, já descobre entupimentos e obstruções das artérias mesmo nos casos mais iniciais e veio para substituir ou praticamente substituir o cateterismo no cenário de diagnóstico de doença coronariana. Comumente, ele é realizado por um cardiologista com sub especialização em hemodinâmica, preferencialmente certificado pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica Cardiologia Intervencionista.

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