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O futuro dos hospitais está na integração entre IoT, IA e 5G

por Bruno Lauterjung
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A transformação digital no setor de saúde avança com força nos hospitais brasileiros, e a Internet das Coisas (IoT) tem ocupado papel central nesse processo. De sensores que monitoram remotamente pacientes até sistemas automatizados de controle de estoque e leitos, a conectividade entre dispositivos tem ampliado a eficiência operacional, a segurança clínica e a experiência do paciente em instituições públicas e privadas.

Em entrevista ao Saúde Digital News, Fábio Martins de Oliveira, líder do Comitê de Saúde da ABINC (Associação Brasileira de Internet das Coisas), analisa como o uso de IoT está revolucionando a gestão hospitalar. Ele aponta os principais benefícios da tecnologia, os desafios de infraestrutura enfrentados por instituições de médio e pequeno porte, e as expectativas para os próximos anos, que incluem integração com inteligência artificial, redes 5G e políticas públicas voltadas à saúde digital.

De que forma a Internet das Coisas (IoT) está transformando a gestão hospitalar em termos de eficiência e controle de processos?

Resposta: A Internet das Coisas está trazendo avanços significativos para o setor em relação a eficiência e controle de processos através da conectividade de dispositivos e coleta de dados em tempo real. As instituições estão implementando monitoramento remoto e contínuo de pacientes, gestão inteligente de ativos e insumos, otimização da infraestrutura hospitalar, aprimoramento da segurança do paciente, melhoria na tomada de decisão, maior controle na utilização de insumos em centro cirúrgico, enfim, são inúmeras as frentes de utilização de IoT para ganho de eficiência, controle de processos, redução de custos e o mais importante, um cuidado mais seguro e eficaz para os pacientes. 

Como o uso de dispositivos conectados pode otimizar o gerenciamento de leitos em hospitais inteligentes?

Resposta: O uso de dispositivos conectados possibilita o melhor gerenciamento de leitos em hospitais inteligentes de diversas formas. Por exemplo, entender em tempo real a disponibilidade de leitos utilizando sensores para detectar se estão vazios ou ocupados, e até mesmo se um paciente está presente no leito ou se ausentou. As equipes administrativas e médicas podem visualizar em tempo real a disponibilidade de leitos em cada setor do hospital otimizando a alocação de pacientes reduzindo o tempo de espera. Estes sensores e dados gerados conectados ao prontuário eletrônico dos pacientes, com Inteligência Artificial (IA), permite um planejamento antecipado da desocupação e limpeza do leito.

A aplicação de IoT para o monitoramento remoto de pacientes já é uma realidade no Brasil? Quais são os principais desafios para sua expansão?

Resposta:     Sim, IoT no Brasil já é um tema muito discutido, e vem ganhando atenção dos gestores do setor, muito impulsionado pela necessidade de eficiência operacional, redução de custos e da desospitalização. Este último tem o objetivo de liberar determinados pacientes do hospital para sua residência ou em clínicas especializadas continuando seu tratamento em um ambiente mais familiar. Continuar o tratamento remotamente existe pessoas bem treinadas, processos e ferramentas. Os principais desafios para a utilização de IoT no monitoramento remoto de pacientes no Brasil são: Infraestrutura e Conectividade, Segurança e Privacidade de Dados, Regulamentação e Padronização, Custo e Acessibilidade. Mesmo com todos estes desafios, o potencial de IoT no monitoramento remoto de pacientes é enorme podendo ser feito de diversas formas.

Quais são os benefícios de integrar sensores e dispositivos conectados para o controle de medicamento e estoque hospitalares?

Resposta: Os benefícios são diversos, como, rastreabilidade e visibilidade em tempo real de profissionais, pacientes, medicamentos, insumos desde a chegada ao hospital até sua administração ou descarte, eliminando perda de itens e o tempo gasto na busca por produtos. Controle de temperatura e condições ambientais que monitoram continuamente refrigeradores, câmaras frias e áreas de armazenamento de medicamentos (vacinas, soros, insulina, alguns antibióticos). Redução de erros e melhoria da segurança do paciente monitorando datas de validade, controle de dosagens corretas administrados aos pacientes reduzindo erros de medicação.

Em termos de segurança da informação, como os hospitais estão protegendo os dados coletados por dispositivos IoT?

Resposta: Vimos casos recentes de sequestro de dados em importantes instituições de Saúde no Brasil. Estes casos sugerem uma baixa maturidade dos hospitais com relação a segurança da informação. É fundamental que seja definida a governança de dados da instituição, e que implemente criptografia entre os dados em trânsito e em repouso. Também inclua um processo rigoroso de autenticação e controle de acesso como MFA Autenticação Multifator, controle de acesso por função e uma política de senha forte. Não deixe de implementar monitoração e detecção de ameaças, e gerencie com disciplina vulnerabilidades e patches. É mandatória a discussão e tratativa de como será a segurança da informação no processo de implementação de IoT em uma instituição de saúde. Lembrando que este tema é cíclico e não termina no processo de implantação.

O uso de IoT pode reduzir custos operacionais em ambientes hospitalares? Quais exemplos práticos demonstram essa eficiência?

Resposta: Sim, como afirmei anteriormente, IoT pode reduzir drasticamente os custos operacionais em ambientes hospitalares em diversas frentes. Otimizando a gestão de ativos utilizando RFID (Identificação por Radiofrequência) ou Bluetooth Low Energy; Gerenciamento inteligente de estoques e medicamentos. Monitorando além da rastreabilidade a temperatura e umidade; Otimização do consumo de energia e utilidades; Melhor fluxo de pacientes e gestão de leitos; Manutenção preditiva de equipamentos críticos; IoT atua como uma ferramenta poderosa para a redução de custos operacionais, tornando os hospitais mais eficientes e sustentáveis.

Como o IoT contribui para melhorar a experiência do paciente durante o atendimento?

Resposta: IoT e Inteligência Artificial são ferramentas poderosas para impactar positivamente a experiência do paciente durante o atendimento hospitalar e em outras frentes da jornada de saúde. É possível reduzir o tempo de espera do paciente otimizando o fluxo de atendimento; Aumentar o conforto e bem-estar automatizando a temperatura e luminosidade do ambiente; Utilizar tablets conectados fornecem acesso à internet, TV, filmes e jogos, ajudando pacientes a se distrair e sentir-se melhor; Melhor comunicação utilizando telas nos quartos podem exibir informações sobre o plano de tratamento do paciente aumentando o engajamento; Cuidados pós-alta utilizando dispositivos IoT permitindo que o paciente seja monitorado em casa após a alta, acompanhando sua recuperação e detectando precocemente sinais de complicação. São muitas as opções de utilização de IoT para melhorar a experiência do paciente.

Quais tecnologias emergentes estão impulsionando o desenvolvimento de hospitais inteligentes conectados?

Resposta: Hospitais inteligentes conectados são impulsionados pela convergência de diversas tecnologias emergentes. A IoT atua como a espinha dorsal destas instituições, coletando dados de dispositivos e sensores, enquanto outras tecnologias processam, analisam e utilizam esses dados. As principais tecnologias emergentes que estão impulsionando esse desenvolvimento são: Cloud e Dados; Inteligência Artificial (IA) e Marchine Learning (ML); 5G; Edge Computing onde processam dados perto da fonte; Robótica e Automação; A integração dessas tecnologias formam o ecossistema de um hospital inteligente transformando a prestação de serviços de saúde e a experiência de todos os envolvidos.

A falta de infraestrutura tecnológica ainda é um obstáculo para a adoção do IoT em hospitais de médio e pequeno porte?  

Resposta: A falta de infraestrutura, na minha opinião, é o maior obstáculo. Muitos hospitais estão com os seus equipamentos de TI obsoletos e não suportam estabelecer a conectividade necessária para utilização de soluções de IoT. Mas evoluir tecnologicamente não é uma opção e sim um caminho mandatório. Desta forma, e preciso entender o problema real do hospital e estudar muito bem as soluções disponíveis de IoT. Com estas informações em mãos, a instituição deve avaliar o retorno do investimento (ROI) e buscar alternativas financeiras.  Busquem parcerias, financiamento, incentivos, soluções modulares, tecnologias com custos e consumo baixos, não desistam em buscar alternativas. IoT oferece um potencial transformador enorme para os hospitais no Brasil, a superação dos desafios de infraestrutura tecnológica é um passo crítico, mas que pode ser vencido! 

O que podemos esperar em termos de inovação e adoção de IoT em hospitais para os próximos cinco anos?

Resposta: Podemos esperar uma aceleração significativa na transformação e adoção de IoT. Muito impulsionada pela convergência de tecnologias, necessidade de redução de custos, mudança do modelo de atendimento para prevenção, e pela telemedicina. Veremos uma expansão massiva do monitoramento remoto de pacientes; Tratamento personalizado utilizando IA e Machine Learning com IoT; Busca pela personalização da Experiência do Paciente, entre outros. No Brasil, avançamos com o 5G e esperamos evoluir nas políticas públicas de saúde digital para uma maior adoção do IoT. A colaboração entre setores público e privado é fundamental para uma explosão do uso de IoT no setor da Saúde no Brasil!

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