A inteligência artificial (IA) já faz parte do dia a dia das empresas de saúde, mas seu potencial pleno depende de dados estruturados e interoperabilidade entre sistemas. Essa foi a mensagem de Douglas Penha, gerente de desenvolvimento de negócios digitais da Roche Diagnóstica, durante o 16º Fórum Saúde Digital.
Com mais de 15 anos de experiência em tecnologia e saúde, Douglas destacou que 94% das empresas do setor já utilizam IA de alguma forma, mas a maioria ainda não consegue extrair todo o valor gerado. “Quase 80% dos dados em saúde hoje não estão estruturados. É muita informação que não conseguimos aproveitar para treinar algoritmos e gerar insights clínicos”, afirmou.
Segundo o executivo, o mercado global de IA em saúde cresce 25% ao ano desde 2018 e deve movimentar US$ 190 bilhões até 2030, mas enfrenta barreiras práticas, especialmente no Brasil:
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Fragmentação tecnológica, com múltiplos sistemas em hospitais e laboratórios que não se comunicam entre si;
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Baixa interoperabilidade, que dificulta integrar dados de exames, consultas e históricos médicos;
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Complexidade de implementação, com alto custo para digitalizar e padronizar processos.
A Roche aposta na patologia digital como um dos campos de maior transformação, permitindo que lâminas de exames sejam digitalizadas, analisadas à distância e enriquecidas com algoritmos de IA. “Com isso, patologistas conseguem laudar remotamente, com acesso 24/7 e apoio de modelos preditivos”, explicou. Ele citou cases em que o tempo de diagnóstico de câncer de mama caiu de uma hora para 30 segundos com o uso de IA, aumentando a escala e a precisão.
Douglas ressaltou que a IA na saúde vai além do diagnóstico, trazendo impacto também em redução de custos, eficiência operacional e acesso à medicina de qualidade em regiões remotas. Mas alertou: sem organização de dados, o potencial fica limitado.
“A consciência sobre a importância de gerenciar dados já existe. O desafio agora é transformar essa consciência em prática de sucesso”, concluiu.
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