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Embrapii investe em novas tecnologias para diagnóstico de doenças graves

por Redação
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Neste ano, o Dia Mundial da Saúde, celebrado todos os anos em 7 de abril, marca o aniversário de 75 anos da Organização Mundial da Saúde (OMS), que, para comemorar a data, destacou entre as suas mensagens que a atenção primária à saúde é a maneira mais eficaz de levar saúde às pessoas. Com esse objetivo, a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) vem investindo em projetos para o desenvolvimento de soluções inovadoras para o diagnóstico rápido de doenças graves e raras. São tecnologias que agilizam e tornam financeiramente mais acessíveis os diagnósticos de patologias, o que é essencial para o tratamento dos doentes.

Entre as iniciativas, está um teste instantâneo que reduz em três meses a detecção de câncer de colo do útero, ou cervical, provocado pelas cepas mais agressivas do HPV; uma tecnologia que identifica de forma mil vezes mais rápida as porfirias, doenças raras que causam sintomas neurológicos graves e podem levar à morte; e o desenvolvimento de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) 100% nacional para diagnóstico da Dengue, Chikungunya e Zika .

Ao ingressarem no mercado, essas soluções terão impacto direto na vida da população, significando acesso rápido e adequado dos pacientes aos respectivos tratamentos.

A solução para diagnóstico instantâneo de câncer de colo do útero conta com um biossensor que pode permitir a identificação do papiloma vírus humano (HPV), em estágio de câncer, o que significa um diagnóstico muito rápido e encaminhamento ao tratamento de forma imediata. A tecnologia foi desenvolvida, e segue em teste, por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), unidade credenciada pela Embrapii, especializada na área de biotecnologia, em um projeto liderado pela startup Reddot Bio.

Na prática, os médicos farão a coleta de uma amostra ginecológica das pacientes e colocarão o material na solução química com o biossensor para detecção de material genético do HPV, dentro de um chip de tamanho aproximado a um cartão de crédito.

O chip é introduzido em uma máquina de pequeno porte que faz a análise da reação química e apresenta o diagnóstico em cerca de 5 minutos. Desta forma, nos casos positivos, os médicos terão condições de orientar as pacientes sobre a gravidade de cada quadro e já fazer os devidos encaminhamentos para tratamento rápido da doença, reduzindo significativamente as chances de evolução para óbito a partir de um diagnóstico precoce. Além de entregar os resultados em questão de minutos, a expectativa é de que o custo do teste chegue a ser cerca de cinco vezes menor do que todo o processo atual, que inclui consultas, exames laboratoriais e biópsia.

Rafael M. Bottos, sócio fundador da Reddot Bio, explica que atualmente a detecção do câncer cervical pode demorar cerca de três meses no Brasil, entre a primeira consulta médica, exames, biópsia e diagnóstico final. Na rede pública ou em localidades de menor infraestrutura, esse tempo pode ser bem maior.

De acordo com Instituto Nacional do Câncer (Inca), em todo o Brasil foram feitos mais de 17 mil diagnósticos de câncer cervical apenas no ano de 2022. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), estima-se que nos próximos oito anos, até 400 mil mulheres venham a óbito devido à doença.  “Apesar de existirem formas de prevenção, a falta de acesso a diagnósticos acessíveis e de boa qualidade estão entre os principais fatores do aumento de casos. Essa é uma demanda urgente que nos levou a desenvolver uma solução, com apoio da Embrapii”, aponta Bottos.

Diagnóstico rápido para doenças raras poderá salvar vidas

As porfirias são doenças raras causadas por um defeito genético que provoca deficiência na produção do heme (precursor da hemoglobina e mioglobina), com acúmulo de moléculas tóxicas no organismo. Os tipos graves desencadeiam crises agudas com sintomas neurológicos e podem ser fatais ou causar sequelas neurológicas graves, caso o paciente não seja diagnosticado e receba tratamento específico com rapidez. E é justamente sobre essa questão que os pesquisadores do Cimatec (Instituto de Tecnologias da Saúde do Senai) estão debruçados, neste momento.

O projeto desenvolvido em parceria com a empresa Recordati Rare Diseases tem apoio da Embrapii. O objetivo é o desenvolvimento e validação laboratorial de teste rápido para o diagnóstico das crises de porfirias agudas. Os pesquisadores criaram um protótipo de teste rápido de detecção de uma substância (porfobilinogênio) que se encontra em altas concentrações na urina durante uma crise aguda.

Quando validada, a nova tecnologia vai permitir o diagnóstico do paciente à beira do leito, em minutos, de maneira mais rápida do que os métodos existentes atualmente, que exigem dias para fornecer os resultados. A ferramenta permitirá adoção de medidas terapêuticas efetivas e imediatas que podem salvar vidas.

“O desenvolvimento deste kit é necessário, pois as porfirias agudas são doenças genéticas caracterizadas por apresentarem crises agudas e graves com sintomas neurológicos inespecíficos, mas, com diagnóstico frequentemente tardio, podendo levar o paciente a lesões neurológicas graves e até mesmo a óbito”, destaca o gestor de novos negócios do Cimatec, Valdir Gomes.

Diagnóstico para doenças tropicais pode ser rápido e eficiente

De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o Brasil teve em 2021 544,4 mil casos prováveis de dengue, 96,2 mil de Chikungunya e 6,4 mil de Zika. Apesar da alta prevalência, o diagnóstico de doenças tropicais ainda é muito impreciso, não havendo soluções tecnológicas que entreguem resultados com a qualidade e rapidez necessárias. Para solucionar essa demanda, a Embrapii apoia um projeto desenvolvido pelo Centro de Química Medicinal (CQMED) da Unicamp e a empresa Hilab.

O projeto busca o desenvolvimento tecnológico dos reagentes a serem utilizados em testagens remotas, com uso de inteligência artificial (IA) para entrega rápida dos diagnósticos. Para isso, o CQMED está contribuindo com sua ampla expertise no desenvolvimento de enzimas específicas para o diagnóstico em testes do tipo RT-LAMP.

A Hilab usará os reagentes em suas tecnologias point-of-care, que possibilitam a realização de exames diretamente no local de atendimento como centros de saúde, ambulâncias, consultórios médicos, farmácias, aeroportos entre outros. O resultado é enviado para a sede da empresa, onde é duplamente verificado, por inteligência artificial e laudado por um especialista. O paciente recebe o diagnóstico em um celular cadastrado em até 30 minutos.

O aparelho Hilab cabe na palma da mão e funciona com o uso de kits individuais e transmissão dos resultados via internet das coisas (IoT). A expectativa é que os exames laboratoriais remotos possam ampliar a cobertura da disponibilidade de exames confiáveis e com resultados rápidos no país. A pesquisa em andamento deverá ser finalizada neste ano e o investimento total será de cerca de R$ 1 milhão.

Investimento

A saúde, juntamente com a agroindústria, está entre as áreas que lideram as pesquisas apoiadas pela Embrapii.  Os projetos são classificados em um total de 19 áreas de aplicação, sendo a saúde responsável por 12,6% do total, com pesquisas para os mais diversos fins, incluindo o desenvolvimento de testes de diagnósticos de doenças.

A atuação na área da saúde se intensificou a partir da adesão do Ministério da Saúde ao contrato de gestão da Embrapii, o que ocorreu a partir de 2018. Desde 2020, a Embrapii credenciou cinco novas unidades de pesquisa para as áreas de fármacos, biofármacos e equipamentos e dispositivos médicos, além da publicação de uma chamada pública do modelo basic funding alliance (BFA) com foco em dispositivos médicos em cardiologia e oncologia.

A Embrapii também lançou uma chamada pública para criação de um Centro de Competência e Terapias Avançadas. O objetivo é o desenvolvimento de projetos de inovação em engenharia tecidural, terapia celular avançada e terapia gênica.

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