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Hospitais privados apresentam sinais de recuperação, segundo Anahp

por Redação
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Apesar da reabertura das atividades econômicas no Brasil, a recuperação dos setores tem se mostrado lenta. No setor hospitalar, segundo o que mostra a 3ª edição da Nota Técnica Observatório Anahp, embora os indicadores demonstrem melhora nos números de junho e agosto de 2020, as instituições ainda lutam para se recuperar e alcançar os resultados que apresentavam antes da pandemia. Mesmo com o crescimento gradativo ao longo desses dois meses, entre os 121 hospitais membros da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), a taxa de ocupação do primeiro semestre deste ano foi de 13% abaixo da média registrada no mesmo período do ano passado – de 78% caiu para 65,5%. O menor índice, registrado em abril, foi de 53%.

Mesmo com a alta demanda relacionada à pandemia – em 2020 houve aumento de 4,1% na participação das internações relacionadas a doenças infecciosas (categoria na qual se enquadra a Covid-19) – o número total de internações caiu 22,3% entre os meses de janeiro e agosto, em relação a 2019. Somente em relação às doenças do aparelho circulatório, nas quais se enquadram quadros como infarto, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca, a queda na participação foi de 0,7%.

“Acredito que ainda há uma demanda reprimida por causa do isolamento e que poderá causar um grande impacto negativo não apenas no setor de saúde, mas na vida das pessoas que postergaram os cuidados”, comenta Ary Ribeiro, editor do Observatório Anahp e CEO do Sabará Hospital Infantil.

Considerando que a maior parte das despesas dos hospitais é fixa, a redução na receita hospitalar com o adiamento dos procedimentos eletivos somada ao aumento de custos variáveis (insumos, medicamentos e equipamentos de proteção individual, por exemplo), o resultado financeiro dos associados Anahp no primeiro semestre foi cerca de metade do registrado no mesmo período de 2019. Mas apesar da queda, segundo André Medici, editor da Nota Técnica – Observatório Anahp, economista de saúde e consultor internacional, é possível enxergar uma recuperação a partir de junho, quando o número de casos de Covid-19 começou a cair. “Essa crise é diferente da de 2008, por exemplo, porque ela acompanha a pandemia. No segundo trimestre deste ano, tanto a economia do Brasil quanto os hospitais tiveram os resultados mais baixos do ano. A margem EBITDA dos hospitais-membros da Anahp que ficou em -1,9% em abril, chegou a junho com 6% e fechou agosto com 11,8%”, disse.

No que tange à gestão de pessoas, nos oito primeiros meses do ano, a taxa de absenteísmo (ausência no trabalho) aumentou para 3,3%, percentual superior ao registrado no mesmo período de anos anteriores (cerca de 2%, na média de 2017 a 2019). Com o aumento desse índice e a abertura de mais de 43.500 leitos entre janeiro e agosto de 2020, o setor hospitalar gerou 55,4 mil vagas, o que representa um aumento de 41,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Este número representa 76,9% das vagas criadas no setor de saúde brasileiro como um todo, de acordo com dados registrados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Redução dos casos de Covid-19

O número de pacientes atendidos na urgência e emergência com suspeita de Covid-19 em relação aos atendimentos totais subiu progressivamente de março a junho, quando atingiu 19,5%, seguindo a crescente da pandemia. Porém, é possível notar uma queda já nos meses de julho e agosto, que apresentaram percentual de 18% e 15,4%, respectivamente.

A taxa de pacientes com suspeita de Covid-19 atendidos no pronto-socorro (PS), que após exame tiveram o diagnóstico positivo confirmado, também teve seu pico no mês de junho, quando atingiu 41,5%. No mês seguinte, essa taxa caiu para 35% e, em agosto, ficou em 36%, demonstrando certa estabilidade nesses dois meses.

Os atendimentos na urgência e emergência de pacientes com o diagnóstico confirmado de Covid-19 convertidos em internação também seguiram tendência de queda entre maio e agosto, quando representaram 2,7% dos atendimentos totais do setor.

Investimento em telemedicina

Na 3ª edição da Nota Técnica – Observatório Anahp, a entidade realizou uma pesquisa de opinião inédita com dirigentes de hospitais associados para saber como os executivos adaptaram os negócios para enfrentar a pandemia de Covid-19 e as perspectivas para o fechamento de 2020.

Segundo o levantamento, 55,6% dos participantes consideram que, em função da pandemia, houve algum impacto no aumento das ferramentas de tecnologia da informação, especialmente de analytics, inteligência artificial e electronic medical records. Para 77,8% dos respondentes, o uso das ferramentas tem alterado de forma positiva a performance do hospital durante a pandemia, sendo citados como exemplos a otimização na tomada de decisões e no uso da telemedicina.

Segundo o resultado da pesquisa, o hospital da maioria dos entrevistados (75%) faz uso de práticas da telemedicina ou telessaúde e 58,3% disseram possuir serviços próprios de telemedicina.A distribuição dos pacientes atendidos por este método se dá da seguinte forma, segundo constatado na pesquisa: 58% dos pacientes que passaram a ser atendidos por telemedicina já eram cadastrados no hospital; 24,2% são pacientes novos que procuraram os serviços por conta própria, e 17,1% são referenciados por planos ou outros serviços de saúde.

Já sobre a importância da telemedicina na receita dos hospitais, mais de 69% dos dirigentes afirmaram que a tecnologia tem ajudado a instituição a sair da crise causada pela pandemia. Os executivos indicaram ainda que, no último trimestre (abril-junho/2020), os serviços de telemedicina já representaram, em média, 5,8% das receitas ambulatoriais do hospital, e preveem que esse número deve subir para 8,8%, no segundo semestre do ano. Para 90% dos dirigentes, entre os meses de julho a dezembro, as consultas à distância deverão representar até 25% do total de consultas ambulatoriais.

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