Liderança feminina avança, mas desafios ainda limitam equidade corporativa

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebramos as conquistas e experiências inspiradoras de mulheres líderes que estão transformando o cenário corporativo. A liderança feminina tem sido fundamental para a inovação e a diversidade no ecossistema empresarial.

Segundo o relatório “Woman in Business 2024”, da consultoria Grant Thornton International, hoje 33,5% das posições de alta gestão no mercado global de médio porte são ocupadas por mulheres. “As executivas trazem perspectivas únicas e fundamentais que enriquecem a tomada de decisão e impulsionam a criatividade nas empresas. A inclusão de mais mulheres em posições de liderança transforma positivamente o ambiente de negócios e promove um futuro mais equilibrado e justo”, aponta o relatório.

Pesquisas recentes demonstram que empresas com maior diversidade de gênero e pensamento em suas lideranças obtêm desempenho financeiro superior e maior capacidade de inovação. Segundo dados da McKinsey, empresas com maior diversidade de gênero têm até 39% mais chances de superar financeiramente seus concorrentes. Além disso, equipes diversas são 87% mais eficazes na tomada de decisões.

Na avaliação Daniele de Mari, CEO e cofundadora da Neurogram, líder em IA para diagnósticos neurológicos de precisão, mulheres trazem experiências e perspectivas diferentes, o que enriquece o processo de tomada de decisão. “A diversidade cognitiva resultante leva a soluções mais criativas e inovadoras, pois problemas complexos são abordados sob múltiplos ângulos. em um ambiente mais inclusivo tende a ser mais acolhedor e motivador para todos os funcionários, independentemente de gênero. Isso resulta em maior engajamento, satisfação no trabalho e retenção de talentos”, ressalta.

“Um verdadeiro líder é aquele que serve”. Segundo Daniele, o líder deve garantir que as pessoas tenham tudo o que precisam para trabalhar bem. Ela promove um ambiente onde as pessoas têm muita liberdade para serem criativas e para questioná-la, pois reconhece que pode estar errada em algumas ocasiões e confia nas habilidades e no julgamento de sua equipe.

De acordo com a publicação da MIT Technology Review, a diversidade de gênero traz perspectivas complementares, melhora a gestão de riscos e promove um ambiente inclusivo, resultando em maior engajamento e criatividade. Empresas com lideranças femininas, por exemplo, têm 21% mais chances de obter rentabilidade acima da média, além de impulsionarem a inovação, sinaliza o estudo.

Na visão da executiva Karina Amaral, CMO e fundadora da Blubem, uma assistente digital que otimiza a gestão e o marketing de profissionais autônomas da saúde, embora alguns acreditem que já tenhamos alcançado grandes avanços, ainda enfrentamos barreiras significativas para a equidade nas empresas. “Em 2024, apenas 10,4% das empresas da Fortune 500 – lista das maiores companhias dos EUA por receita – são lideradas por mulheres, um progresso modesto. Muitas mulheres continuam em cargos de suporte com baixa remuneração, limitando seu potencial de ascensão”, reforça.

Para Karina, “devemos criar um ambiente que ofereça oportunidades reais de crescimento e desenvolvimento, promovendo a inclusão e igualdade de gênero. Assim, construiremos um futuro mais justo e próspero para todos”.

O relatório “Woman in Business 2024 destaca a influência poderosa das mulheres na governança corporativa. Para a executiva Fabiana Guerra, que fundou a Astra Global Advisors para oferecer consultoria em imigração de negócios, tributação global e investimentos internacionais, as diretoras mulheres trazem perspectivas diferentes para a tomada de decisão, o que pode levar a uma avaliação mais abrangente. “Essa diversidade de pontos de vista ajuda a evitar o pensamento de grupo e promove uma análise mais completa dos problemas”

A pesquisa mostra que conselhos com maior diversidade de gênero adotam estratégias financeiras mais conservadoras, como a redução da dívida de longo prazo. Isso sugere uma abordagem mais cautelosa na gestão de riscos financeiros.”Esse aspecto está diretamente relacionado ao fato de que conselhos compostos por mulheres e homens possuem uma maior habilidade para identificar riscos e oportunidades de maneira mais abrangente”, observa Fabiana.

A pesquisa da Leadership Circle, que analisou mais de 84 mil líderes e contou com a avaliação de 1,5 milhão de pessoas (incluindo chefes, superiores, colegas, subordinados diretos e outros), indica que as lideranças femininas demonstram maior eficácia do que seus colegas homens em todos os níveis gerenciais e faixas etárias.

A análise da da executiva Helena Fragomeni, CEO e Fundadora da Hands-on, edtech pioneira na criação de cursos online personalizados e automatizados por IA, ressalta que as mulheres conectam e se relacionam com outras pessoas, além de habilidades em autenticidade e conscientização de sistemas. “Isso indica que mulheres líderes não apenas são melhores em construir relacionamentos, mas também que os relacionamentos que constroem são mais autênticos”.

Helena acredita ainda que as mulheres tendem a liderar com uma mentalidade criativa e a adotar a estratégia de “jogar para que todos ganhem”, focando no que é mais importante para o futuro que estão criando e fazendo parcerias para avançar nessa direção.

Ao implementar diversas ações para promover a equidade de gênero no ambiente de trabalho, as empresas estão não apenas reconhecendo o valor do desempenho feminino como líder no mundo corporativo, mas também criando um espaço onde todas as formas de diversidade são celebradas. É fundamental ampliar essa discussão para incluir outras dimensões da diversidade, como a racial e a socioeconômica, garantindo que todos tenham as mesmas oportunidades para prosperar.

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