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Projeto Inspire permite mais acesso a ventiladores pulmonares aos pacientes da Covid-19

por Claudiney Santos
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Com o surgimento da pandemia, vários setores de sociedade se mobilizaram para minimizar a falta de recursos dos hospitais em todo o país. Um grupo formado por instituições de pesquisa, universidades, professores, faculdades de Medicina e Engenharia, empresas nacionais e a Marinha brasileira, entre outros, se uniram para criar o Projeto Inspire, que desenvolve respiradores pulmonares e ventiladores pulmonares.

Liderado pelos especialistas Raul Gonzalez Lima, chefe do Departamento de Engenharia Mecânica e Marcelo Knorich Zuffo, do LSI, professores da Escola Politécnica da USP e membros do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), o projeto, durante a segunda onda da Covid, enviou unidades para 9 estados da Federação, alcançando a distribuição de 300 aparelhos para 60 hospitais. O grupo de pesquisadores ainda pretende entregar mais 500 equipamentos até o final deste mês para todo o Brasil. A meta é chegar a mil unidades até o final do ano.

O projeto Inspire é mais do que um equipamento de ventilação pulmonar. Ele é uma plataforma quad core, sistema operacional Linux, com 2 portas USB, WiFi, Bluetooth, HDMI, GPS, entre outros recursos, desenvolvida com placas criadas pela Caninos Loucos, entidade que constrói Single Board Computers (SBCs) com estrutura aberta, para aplicações em cidades, automação residencial, agronegócio e saúde.  O Programa integra um dos planos prioritários do Governo Federal em Internet da Coisas (IoT), e é uma iniciativa do Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico (LSI-TEC) com o apoio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

O intuito foi desenvolver dispositivos mais acessíveis a partir de recursos disponíveis no mercado brasileiro, o que trouxe mais autonomia e independência para sua fabricação, pois usa, por exemplo, chips fornecidos pela empresa Smart Modular Technologies, de Atibaia (SP) e módulos de mercado, como os usados pela indústria automobilística com algumas modificações. A montagem e logística do Inspire ficou por conta da área de Engenharia da Marinha brasileira, com custo é 15 vezes menor que os ventiladores mais em conta do mercado. “E situações emergenciais é possível recorrer a soluções mais práticas e tecnológicas, fazendo o mesmo produto com custo mais baixo”, ressalta o prof. Raul.

“Por usar suprimentos nacionais não fomos afetados pela falta de componentes importados, devido ao desabastecimento que atingiu inúmeros setores na pandemia”, ressalta o professor Zuffo, acrescentado, “que a iniciativa vai além da fabricação do ventilador, mas é uma comprovação da importância de se desenvolver tecnologia no país e do papel das instituições de ensino e pesquisa para a sociedade”.

Histórico

Apesar de o projeto ter sido encaminhado em março do ano passado, sua aprovação para produção foi realizada somente em agosto devido às exigências técnicas da Anvisa. A fabricação foi a todo vapor já que o tempo estimado de produção é de até 2 horas, incluindo voluntários e com mão de obra durante os feriados.

“O compromisso do projeto Inspire desde o começo foi salvar vidas. Como que a gente pode, por exemplo, tirar vantagem da tecnologia de Telemedicina, de Inteligência Artificial, da Internet das Coisas para aumentar a quantidade dos pacientes salvos por ventilação mecânica? Isso é inovação de verdade”, diz Zuffo.

O Inspire é um ventilador 4.0, com capacidade de evoluir com novos desenvolvimentos e terá demanda mesmo depois do fim da pandemia. Através de convênio com a Universidade ele poderá ser fabricado pela inciativa privada, pois sua documentação é aberta aos interessados. A Marinha, por exemplo, vai enviar o ventilador para bases militares, unidades de saúde pública, embarcar em navios da instituição.

Zuffo explica que estão desenvolvendo aplicações de Inteligência Artificial, para coletar dados para diferentes usos, detectar falhas, aperfeiçoar facilidade de uso. A ideia é que a IA oriente os usuários com um tutorial para facilitar o uso da pessoa que está operando, principalmente em locais distantes e com menos recursos. Além disso, com uso de Big Dara e Analytics, poderá se coletar dados em tempo real sobre a ventilação e como afeta a cura dos pacientes.

Veja o vídeo do Projeto:

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