Por mais amplas e diversificadas que sejam hoje as opções de certificações e de aperfeiçoamento profissional, muitas vezes a educação médica continuada acaba sendo negligenciada quando se pensa em como alcançar a efetividade clínica. No entanto, ao contrário do que muitos imaginam, a prática não elimina a necessidade de renovar o aprendizado.
Em geral, a efetividade clínica está atrelada a aproveitar o conhecimento nativo, já absorvido e disponível, e colocá-lo em prática da melhor forma. É preciso aproximar e preencher as lacunas existentes entre o que acontece nas triagens e a experiência clínica do profissional da saúde, trazendo isso para um contexto real, ou seja, aplicando diretamente ao atendimento.
É fato que o cenário da saúde mudou significativamente nos últimos anos. Reflexo não só da necessidade de acompanhar todos os avanços científicos e tecnológicos, que têm ocorrido em ritmo acelerado, como também de preparar os prestadores de cuidados médicos para atender às novas exigências, no que diz respeito à qualidade, segurança e eficiência do atendimento aos pacientes. Outro ponto importante é que cerca de 50% do conhecimento médico, especialmente aquele relacionado diretamente a tratamentos, torna-se obsoleto apenas quatro anos após a graduação do profissional de saúde.
Um estudo realizado por pesquisadores de Harvard (Physician age and outcomes in elderly patients in hospital in the US: observational study) e publicado no British Medical Journal, em maio de 2017, reforça esse fato. Segundo eles, pacientes de médicos com mais tempo de formação, que atuam especialmente com base no conhecimento adquirido na época em que estudaram, morrem mais do que os de profissionais graduados mais recentemente. Eles argumentam que os doutores jovens, ainda que mais crus, saem da faculdade a par do que há de mais recente na medicina e também bem mais condicionados a usarem tratamentos e tecnologias de ponta que apoiem sua atuação clínica. Em contrapartida, médicos que não frequentarem congressos e grupos de discussão ou que não fizerem uso de recursos de apoio à decisão clínica, correm mais riscos de aplicarem técnicas datadas.
E por mais que atualizar-se seja imperativo, a exaustiva rotina do dia a dia e a indisponibilidade de tempo, associadas aos custos elevados e até mesmo à dificuldade de mobilidade, acabam inibindo e até inviabilizando a participação dos profissionais da saúde em eventos científicos, congressos e outros tipos de situações em que estar presente fisicamente é primordial.
Por isso, investir em novas abordagens de capacitação para aproximar o médico do conhecimento é mandatório. Além da educação à distância, neste cenário, o uso constante dos recursos de apoio à decisão clínica são uma excelente alternativa não só para o profissional da saúde que opta por uma determinada conduta ou tratamento, como para ampliar o seu conhecimento. Esse tipo de ferramenta deve ser incorporada no fluxo de trabalho e pode ser utilizada tanto no momento do atendimento, como no período que antecede ou precede a consulta, proporcionando decisões mais certeiras e evitando reincidências, o que corrobora para salvar vidas e equilibrar custos.
Eleonora Sertorio, gerente de Marketing da Wolters Kluwer Health.