Sua empresa está preparada para gerir riscos psicossociais? 5 pontos sobre a norma obrigatória de saúde mental para empresas

Imagem gerada por IA - adobe firefly

Sua empresa está preparada para implementar a gestão dos riscos psicossociais relacionados ao trabalho? Os casos de transtornos mentais seguem aumentando, e, segundo dados do INSS, o número de trabalhadores afastados por ansiedade e episódios depressivos cresceu 67% em 2024 em relação a 2023, totalizando 472,3 mil brasileiros. E para as empresas, esse número passa a ser ainda mais relevante pela atualização da Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1). De acordo com ela, a partir de maio de 2025, a saúde mental passará a ser tratada com a mesma relevância de outros riscos ocupacionais, e os aspectos psicossociais serão oficialmente incluídos no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), tornando obrigatória sua identificação e gestão.

“A atualização da NR-1 representa um avanço fundamental na forma como a saúde mental é tratada dentro das organizações. A partir de maio, as empresas deverão identificar e gerenciar riscos psicossociais dentro do PGR, garantindo que fatores como sobrecarga, assédio e condições adversas de trabalho sejam mapeados e mitigados com a mesma seriedade que outros riscos ocupacionais. Essa mudança estabelece um novo padrão de responsabilidade para as empresas e reforça a necessidade de ações concretas para a prevenção do adoecimento mental”, explica Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude, referência no desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental corporativos.

Mas como implementar essa gestão de forma estratégica e eficaz? Para ajudar as companhias de diversos tamanhos a se preparar, as especialistas listam 5 passos para simplificar o assunto.

1. Definição mais clara de perigo

Para fazer o gerenciamento de riscos ocupacionais, um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deve ser implementado, contemplando ou estando integrado com documentos previstos na legislação de segurança e saúde no trabalho. Com a atualização da NR-1, o conceito de risco ocupacional é ampliado, incluindo fatores psicossociais que podem impactar a saúde mental. Isso significa que as empresas precisarão mapear e documentar situações como carga excessiva, pressão extrema por resultados e ambientes hostis. “Se anteriormente havia elementos ou situações que poderiam causar lesões ou agravos à saúde do trabalhador, agora com a NR-1 teremos um respaldo em relação à mental, as colocando no mesmo patamar que as físicas”, pontua Carine Roos, CEO da Newa e especialista na criação de ambientes corporativos humanizados.

2. Participação ativa dos trabalhadores

Segundo a norma, a organização deve adotar mecanismos para garantir a participação de colaboradores no processo de gerenciamento de riscos ocupacionais. Eles precisam ser comunicados em relação aos riscos consolidados no inventário e as medidas de prevenção do plano de ação do PGR. “Para uma gestão eficaz dos riscos psicossociais, as empresas precisarão escolher metodologias corretas e utilizar instrumentos validados que capturem dados sobre os perigos relacionados à organização do trabalho. Além disso, é essencial conduzir entrevistas e grupos focais para aprofundar o entendimento sobre a severidade e a probabilidade desses riscos, garantindo que as medidas de controle sejam assertivas e capazes de prevenir o adoecimento dos trabalhadores” alerta Tatiana.

3. Conexão com a realidade contemporânea

A implementação da NR-1 exige ainda que as companhias repensem  práticas de gestão de pessoas, adotando soluções alinhadas às demandas atuais do mercado de trabalho. Carine ressalta que isso inclui “políticas de flexibilidade, incentivo ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional e suporte psicológico aos colaboradores. Organizações que revisam suas diretrizes para evitar sobrecarga, como semanas reduzidas ou regras de ‘desconexão digital’, tendem a combater melhor o burnout, prevenindo o esgotamento e aumentando a produtividade a longo prazo”.

4. Abordagem ampliada sobre riscos psicossociais e ergonômicos

Ao longo de 2024, mais de 3,5 milhões de trabalhadores tiveram acesso ao benefício de incapacidade temporária, concedido pelo INSS a profissionais que necessitam se afastar do trabalho por problemas de saúde por um período superior a 15 dias. Segundo o Ministério da Previdência Social, as principais causas de afastamento são dores na coluna, hérnia de disco e os transtornos mentais e comportamentais, no qual foram mais de 140 mil pessoas ausentadas por ansiedade e quase 114 mil com episódios depressivos.

“A gestão dos riscos psicossociais é fundamental para reduzir os afastamentos por transtornos mentais, que crescem ano após ano. A sobrecarga de trabalho, a falta de equilíbrio entre vida profissional e pessoal e a pressão excessiva são fatores que impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores. A inclusão da saúde mental na NR-1 é um avanço essencial, pois exige que as empresas identifiquem e mitiguem esses riscos de forma estruturada, prevenindo adoecimentos e promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis”, reforça Tatiana.

5. O impacto na reputação

Para além da obrigação legal, investir na saúde mental traz benefícios significativos para a reputação empresarial. Segundo Carine, “ajudar os gestores a identificar sinais de adoecimento mental e agir de forma adequada gera impacto positivo na empresa. Com treinamento apropriado, podem não apenas reduzir afastamentos, mas também construir uma imagem de empregadora que valoriza a saúde mental de seus times”.

Para Tatiana, “o não cumprimento das exigências da NR-1 pode resultar em autos de infração, ações civis públicas e termos de ajustamento de conduta, trazendo riscos financeiros e reputacionais significativos. Mais do que um diferencial competitivo, a gestão da saúde mental é uma obrigação regulatória e uma responsabilidade civil do empregador. Empresas que estruturam programas eficazes de prevenção e gestão dos riscos psicossociais protegem não apenas seus colaboradores, mas também a sustentabilidade do próprio negócio”.

Related posts

Startup brasileira projeta faturamento de R$3 milhões em 2025 impulsionada pelo crescimento do mercado brasileiro de cannabis medicinal

Transparência, uma esperança para o resgate da confiança na administração pública e no terceiro setor gestor da saúde

Interplayers anuncia novo CEO